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Alta Cidadezinha

O desejo de me retratar diante de Deus, existência: na busca da cura das neuroses e da perca do medo da decadência.

Fumo e bebo com elegância do elefante drummondiano, para decair com sua firmeza. Da infância não temia que ela acabasse e secou. Uma flor ferida é meu peito quase inerte, “num mundo enfastiado que já não crê nos bichos e duvida das coisas”. A família hoje, já díspar do seu ser, a avó já fraca e solitária, ambas. Não possuem forte tradição e mesmo que somente eu queira, sinto que todos se entristecem e para pesar maior, sobretudo, não inventam o cais. Deixar passar, e acabar, assim como os cômodos da casa velha, hoje desocupados em prol de um apartamento para dois. Já não querem fazer mais o almoço de domingo. Assolado, pela friagem dos corações alheios encontro o desencanto, um mundo doente. Fumo de novo e o cigarro só faz esconder a merda. Ele apaga e ninguém viu, ninguém me ouviu.  O Suplemento Literário sobre a mesa, quatro exemplares transbordam poesia, para um só, esse infeliz que quer compartilhar com o outro todo o absurdo emotivo que é viver. Um avô morreu, outro avô morreu, com eles a força da tradição esvaindo e a família dissipando ao passo disso. As palmeiras que bailam no alto da montanha são as mesmas e bailam ainda levemente. A alegria simples já não tange a visita do vento. Acho que o problema todo é que cresci e já não enxergo como dantes quando infante, e o mundo transfigurou por fora, ficou o amor, mandaram ele pra lua e no interior o interesse brotou: “somos todos máquina.

É sexta-feira Da Paixão e estou completamente apaixonado, pelo outono e esse azul marinho no céu, nenhum carro passa, nem gente, a tarde está sólida e só estou dentro dela, está plenitude tão forte que quis voar para acompanhar o gavião que só como eu participa dessa plena tarde de paixão. Hoje a tarde não dói “como dói um soco no olho”. Ou estudo ou escuto música ou olho esse insuportável paradeiro, nessa pequena e velha melancolia na vidacidadezinha. Resultado disso, meu leitor, é que digo para tu que podes me xingar, que ele escreve à torto e à direito, tudo quebrado, um caco, corta, dói. É verdade, leitor, purgo tudo no papel, ou melhor, rebusco tudo no papel, porque o mais puro está nas coisas e no fato.

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Fugindo de mim mesmo vou para a casa alta na cidadezinha pequena, lá há silêncio necessário e cercamento verde nas proximidades. Como de Da Vinci, o vitruviano, ergo as pontas de meus vinte dedos até as nuvens, ora da terra ao etéreo, ora do etéreo à terra. A casa é pequena, bela, nova e erguida numa pequena colina. Lá fujo de qualquer desastre por causa da proximidade do céu, cidadezinha alta.

Para estar seguro da existência, deixo uma xícara com resto de café por meses só num canto da penteadeira, os cristais de açúcar meio ao resto de café seco dá dinamismo à própria natureza-morta.

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