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Audiência sobre expansão de mina da Vale termina em pancadaria, em Catas Altas

17/12/2019 às 15:48
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Uma audiência sobre expensão do complexo de Fazendão, que compreende as minas São Luiz, Tamanduá e Almas, terminou em pancadaria, em Catas Altas. O evento aconteceu na noite de ontem (16), na Escola Estadual João XXIII, no distrito de Morro D’água Quente. A confusão aconteceu após um morador, identificado apenas como “Renato”, tentar agredir Warly Delgado, funcionário terceirizado da Vale, que falaria sobre o licenciamento ambiental, e Heloísa Oliveira, gerente executiva do complexo de Mariana.

Segundo informações do Diário de Barão, a audiência foi bem tensa desde o início, com os moradores indignados com o projeto de expansão do complexo. Gritos de “Vale assassina” e interrupções em todas as falas de autoridades municipais e representantes da Vale eram ouvidos.

O primeiro a falar foi o secretário municipal de Cultura e Turismo, Rodolfo Sanches. Os presentes criticaram muito o secretário e o acusaram de estar “fazendo o jogo da Vale”. Percebendo a tensão do momento, Warly Delgado interrompeu a tentativa de fala de Rodolfo Sanches e disse que a Vale não iria, naquele momento, explicar o empreendimento.

A partir daí, a audiência passou a ser comandada por Bernardo Borba presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental (Codema), que abriu o microfone aos moradores. A partir daí os protestos e gritos de “Vale assassina” aumentaram ainda mais.

Audiência sobre expansão de mina da Vale termina em pancadaria, em Catas Altas

Moradores levaram cartazes de protesto – Crédito da foto: Diário de Barão

Agressão

A confusão começou após “Renato”, que havia pedido a palavra, se pronunciar. Após falar, o jovem subiu na mesa tentando agredir os representantes da empresa. O jovem foi contido por por Bernardo Borba, que acabou cortando sua mão numa jarra que se quebrou durante a pancadaria.

Com o salão lotado, a confusão aumentou e os funcionários da Vale conseguiram sair rapidamente do local. A Polícia Militar também foi rápida ao adentrar o local da audiência, mas o agressor conseguiu fugir, pulando uma janela de cerca de 3m de altura.

Opiniões fortes da população

O Diário de Barão reproduziu algumas falas dos moradores, que foram muito críticos em relação à empresa. Flávio Aparecido Gonçalves, 35 anos, disse que os moradores não podem nem mais tirar fotos das belezas da comunidade que ainda restam. “Você entra numa área que é da Vale, já vem chamar a polícia. Agora, a empresa pode entrar nas nossas terras. Eu quando falo da Vale com a minha avó, que mora na comunidade de Valéria, que fica a 8km de Catas Altas, ela faz até o nome do Pai”, denunciou.

Outro morador Cláudio Barroso dos Santos, 40, também criticou o projeto de expansão do Complexo de Fazendão. “A Vale arruma emprego por três meses e manda a pessoa embora. Eu nunca precisei da Vale para comer. Vamos pensar nos nossos filhos, que estão indo para escola sem banho, porque já não está tendo água. Vamos arrumar melhoria para a nossa comunidade sem precisar da Vale, porque caso contrário, vamos morrer de sede”, afirmou.

Quem também criticou muito a Vale foi a ambientalista Maria Tereza Corujo. Além da empresa, Maria Tereza também falou contra o prefeito de Catas Altas, José Alves Parreira (PSDB). “Catas Altas com um potencial cultural e histórico belíssimo e é lamentável que o poder público não venha cumprindo seu dever de proteger esta comunidade. Prefeito, você disse que a Vale iria apresentar as ações. É viável? Isso que a Prefeitura tem que perguntar à comunidade. Não há nada que justifique destruir mais território onde já tem tantos problemas com a mineração. Se não se tem certeza absoluta que não vai causar impacto não se faça”, criticou.

Catas Altas

Público compareceu em grande número – Crédito da foto: Diário de Barão

Fala do prefeito

José Alves Parreira respondeu a mulher e disse que faltou equilíbrio durante a audiência. “O que fizemos foi chamar a população para conversar e que a Vale fizesse as colocações, mas infelizmente o desfecho foi ruim. Queria que as pessoas pudessem ser ouvidas e ouvirem o posicionamento da empresa”, afirmou o prefeito de Catas Altas.

O chefe do executivo ainda comentou a confusão “A coisa tomou uma conotação terrível. Tem pessoas que não têm equilíbrio. O jovem que agrediu o pessoal da Vale não poderia ter feito isso. Qual imagem que as pessoas vão levar do distrito e de Catas Altas? Não tinha necessidade para isso”, avaliou o prefeito. José Alves Parreira prometeu ainda que continuará “trabalhando para dar a maior transparência possível” ao processo de licenciamento da Vale.

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