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O que explica a freguesia do Brasil para seleções europeias na Copa do Mundo?

A última vez que o Brasil superou um time europeu em mata-matas de Copa do Mundo foi em 2002, quando a equipe bateu Bélgica, nas oitavas, Inglaterra, nas quartas, Turquia, na semifinal, e Alemanha, na grande final.
28/03/2023 às 14:51
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Brasil perdeu nos pênaltis para a Croácia - Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Brasil perdeu nos pênaltis para a Croácia - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Terça-feira, 13 de dezembro de 2022. Enquanto Croácia e Argentina se enfrentam pela semifinal da Copa do Mundo do Catar, milhões de brasileiros se perguntam, confusos, como o Brasil deixou escapar das mãos a vaga para o duelo contra os hermanos. Mais uma derrota contra uma seleção europeia foi a barreira para o sonho do hexa, e alguns motivos podem explicar a situação.

A última vez que o Brasil superou um time europeu em mata-matas de Copa do Mundo foi em 2002, quando a equipe bateu Bélgica, nas oitavas, Inglaterra, nas quartas, Turquia, na semifinal, e Alemanha, na grande final. Daí em diante, a Canarinho caiu de joelho para todos os países europeus que enfrentou nos Mundiais.

Bola aérea frágil

Gols sofridos em bolas aéreas foram constantes nas eliminações brasileiras desde 2002. Com exceção da recente queda para a Croácia, em todas as outras o Brasil sofreu com lances na sua área. Em 2006, Zidane cobrou falta e Henry, livre no segundo pau, marcou para a vitória francesa. Depois, contra a Holanda, os dois gols foram feitos em jogadas aéreas, com Felipe Melo marcando contra e Sneijder empurrando para as redes após desvio na primeira trave.

Contra a Alemanha, no balaio de sete gols, o primeiro foi proveniente de um escanteio, com Thomas Muller completando para as redes. A tensão voltou a se repetir na Rússia, com Fernandinho marcando gol contra diante da Bélgica, após tiro de canto.

Fernandinho mandou contra o patrimônio
Fernandinho mandou contra o patrimônio – Foto: Reprodução

A defesa, historicamente, sempre esteve em segundo plano no futebol brasileiro, por conta da ofensividade presente no DNA do estilo de jogo do país. Aliado a isso, o crescimento do número de jogadas ensaiadas em lances pelo alto nos últimos anos equipara, de certa forma, equipes, e pode decidir jogos.

Psicológico abalado

A cada nova derrota, a pressão sobre os jogadores brasileiros aumenta. Afinal, é inadmissível aos olhos do torcedor que uma seleção pentacampeã fique 24 anos sem vencer a Copa do Mundo tendo, nesse meio-tempo, passado por humilhações como a goleada sofrida de 7 a 1 e eliminações para seleções sem tanta tradição, como Bélgica e Croácia.

O psicológico cobrou seu preço contra a Holanda, em 2010. Após belo primeiro tempo, o Brasil tomou a virada e não teve cabeça para reverter. A expulsão de Felipe Melo, após lance desleal em Robben, foi um retrato do desespero sul-americano. 

Felipe Melo foi tido como o vilão de 2010
Felipe Melo foi tido como o vilão de 2010 – Foto: Reprodução

Quatro anos depois, a situação aumentou durante toda a Copa do Mundo. Episódios como o choro de Thiago Silva, a supervalorização da lesão de Neymar e o descontrole contra a Alemanha mostraram um Brasil sem a menor força mental.

Agora, no Catar, o desespero reapareceu. O time sofreu o inesperado empate faltando cinco minutos para o fim, e não conseguiu se manter forte para as penalidades. Vale lembrar que a comissão técnica foi duramente criticada por não levar um psicólogo para o Mundial.

Mesmo com o histórico de eliminações para seleções europeias nos últimos quatro Mundiais, as principais casas de apostas esportivas davam como pequena a probabilidade do Brasil ser eliminado em 2022 para um seleção sem tanta tradição no futebol.  

Falta de projeto

O último motivo é o mais batido por todos. A cada nova derrota brasileira, a história do projeto e o amadorismo da CBF reaparecem. O poder de um bom planejamento é justamente colocar países com possibilidades diferentes em pé de igualdade dentro de um mesmo esporte. Foi dessa maneira que Bélgica e Croácia trabalharam, na base, para formar jogadores. Anos depois, o resultado de ambos foi eliminar a Seleção Brasileira.

Para os próximos anos, o Brasil terá de repensar seu modo de fazer futebol, caso queira voltar a bater de frente contra europeus e, claro, vencer uma Copa do Mundo.