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Brigas de casal: Recomendações de terapeutas para evitar o desgaste no relacionamento

A convivência tem o poder de potencializar, sobretudo, as diferenças e durante o isolamento social muitos casais têm enfrentado o desgaste causado por pequenas brigas, que, quando não resolvidas, podem até levar ao fim do relacionamento. 
01/02/2022 às 23:07
Tempo de leitura
8 min

Um relacionamento amoroso não é feito apenas de bons momentos. Quando nos envolvemos emocionalmente, estamos abertos a conhecer e expor as qualidades e defeitos de cada indivíduo.  

A convivência tem o poder de potencializar, sobretudo, as diferenças e durante o isolamento social muitos casais têm enfrentado o desgaste causado por pequenas brigas, que, quando não resolvidas, podem até levar ao fim do relacionamento. 

As brigas entre casais jamais devem ser evitadas, pois elas podem ser uma oportunidade de crescimento na relação, mas o segredo está na forma com que resolvem os problemas.

*Não é uma receita pronta. Procure sempre um terapeuta. Cada casal tem sua singularidade. 

Em linhas gerais, como um casal pode evitar ou resolver seus conflitos? 

Conflitos fazem parte do casamento.

Os casais evoluem quando superam conflitos. Para isso, faz-se necessário melhorar a comunicação, lembrar-se de manter o tom de voz baixo, não descontar no parceiro reclamações. Como diz Rosemeri, terapeuta de casais, “O amor e a comunicação irão superar os desgastes. O tempo passa e o casal começa a só notar o defeito um do outro. Então, como evitar? Dar valor um ao outro

Segundo Rosemeri, as pessoas se iludem em optar por um recomeço, daí se separam e partem para outro relacionamento achando que se livrarão dos conflitos. Ledo engano, novos relacionamentos significam novos conflitos pois muda-se a pessoa, mas encontram-se outras diferenças. Nenhum casal é igual ao outro, todos têm as suas singularidades que devem ser harmonizadas.

Não perca a oportunidade de fazer um elogio, de apreciar momentos juntos. Uma postura de gratidão, apesar do desgaste no relacionamento, ajudará a recuperar os laços.

Como sexo de qualidade pode afetar um relacionamento? 

A terapeuta nos conta que o consumo de pornografia e o abuso do álcool por parte dos homens têm deteriorado as relações tanto espiritualmente quanto sexualmente. “tem se tornado cada vez mais comum esposas entrarem em terapia de casal reclamando do vício do marido em sites pornográficos. A prática cria um desinteresse entre as partes. O homem opta pelo caminho mais fácil para a realização de desejos sexuais reprimidos e esquece de manter uma relação saudável com sua esposa

Segundo a psicanalista, a fala antiga de que amor com sexo é o melhor sexo do mundo é muito válida nos dias de hoje. Não facilita o fato de as pessoas mais jovens darem mais valor à sexo mais viril e selvagem, quase mecânico, sem carinho, preliminares ou uma conversa envolvente. A prática anestesia a libido da mulher como a do homem e obviamente vai fomentar o interesse em realizar desejos sexuais fora do relacionamento.

Como se lida com o ciúme?

Ciúme é normal, mas uma briga séria por ciúme não é normal

O tal ciúme patológico é hoje a maior causa de feminicídios, por isso, preste muita atenção se o seu relacionamento está indo para esse lado.

O Brasil contabilizou 1.350 casos de feminicídio em 2020 – um a cada seis horas e meia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número é 0,7% maior comparado ao total de 2019. … Três a cada quatro vítimas de feminicídio tinham entre 19 e 44 anos. (fonte: Correio Braziliense) 

Mas também é comum a terapeuta receber casos em que um parceiro provoca ciúme no outro justamente para saciar a sua carência. O homem ou mulher que parte para tal tática acaba cometendo um erro feio. 

Uma saída para uma balada não pode balançar os alicerces de uma relação”.  O casal tem que ficar atento a não cair em depreciação mútua. Com isso, uma conversa franca e honesta vai ajudar, mas, para os casos mais extremados de ciúme patológico, o casal deve procurar apoio.

Rosemeri completa, “se você é fiel e o seu par também é fiel, pode desabar o mundo, mas não vai abalar a estrutura do namoro ou casamento”.

Como evitar que status e níveis socioeconômicos diferentes comprometam o casal?

Esse tipo de conflito também tem se tornado uma constante nas sessões da Dra Rosemeri. “com a crise econômica acentuada pela pandemia da COVID e o aumento do desemprego, há mudanças na dinâmica dos casais e as diferenças de renda se tornam mais evidentes. É cada vez menos raro um dos parceiros acabar se tornando dependente financeiramente do outro”.

Quando falta dinheiro em casa, ou, principalmente, se a esposa ganha mais, é comum o marido se sentir rebaixado e ter a sua autoestima abalada. Essas diferenças são resolvidas com compreensão e voluntarismo.

O parceiro que teve a sua renda mais abalada pode compensar a perda de receita responsabilizando-se mais pelos afazeres da casa e tornando mais fácil a vida do parceiro que ainda conseguiu manter o seu emprego. O empoderamento das mulheres não dá mais espaço para machismo ou sexismo.

Novamente, diz a terapeuta, a conversa franca e honesta para um melhor arranjo nas atividades do dia, quem cuida das crianças, quem prepara as refeições enquanto o outro trabalha ou procura emprego.

O mais importante” diz Rosemeri, “não é a diferença de nível econômico, mas sim o acordo de como serão endereçadas as despesas e receitas do casal, respeitando a capacidade e proporcionalidade de cada um, mas sem abuso, pois o abuso acaba de vez com aquilo que é mais essencial, a espontaneidade de um casal”. 

Quando é a hora de procurar uma terapia de casal?

Os casais não precisam esperar as coisas piorarem para pedir ajuda, mas devem ficar mais atentos quando perceberem falhas na comunicação, sinais de tentativas de abuso e assédio moral ou brigas constantes.

Há muitos fatores que fazem que um casal procure ajuda na terapia, por exemplo, uma traição. Aliás traição não é um problema tão intransponível quanto a maioria das pessoas pa. Nosso conceito de amor romântico interfere muito nessa hora. Do lado da pessoa traída, a principal dificuldade que surge após um casal voltar a se entender é o ego ferido e o rancor. Por outro lado, a pessoa que traiu precisa ter muita consciência e sobriedade para admitir os erros e voltar a funcionar como casal”

Como conservar a individualidade em um relacionamento?

O uso escondido do celular tem abalado muitas relações”, diz a psicóloga. “As pessoas não precisam chegar ao ponto de revelar suas senhas de celular um ao outro só para se sentirem mais confiantes. Mas também não ajuda em nada, ir ao banheiro para usar o celular escondido”

Todo casal de namorados ou casados podem e devem estabelecer os seus limites de privacidade para manter o relacionamento sadio, mas em um casamento é diferente. Morar junto já é uma pré-condição de menos privacidade. Não é viável achar que se pode levar uma vida de casado com a mesma privacidade de quando se era solteiro. E essa regra vale para os dois parceiros.

Quando um relacionamento deixa de ser saudável?

Um relacionamento deixa de ser saudável quando existem agressões verbais e não verbais e todo tipo de violência psicológica. Deixando esses casos extremos de lado, o que é saudável para um pode não ser exatamente para o outro.

Em um relacionamento tóxico, perde-se a “escutativa” que é a capacidade de ouvir o outro, considerando as suas emoções. Em um relacionamento abusivo, o abusador menospreza o parceiro pois a relação não se trata mais de afeto e sim de poder.

Os conflitos vão surgindo e sendo deixados para lá. Aos poucos, os parceiros passam a menosprezar as dores e dificuldades do outro”. Nesse ponto, diz a psicanalista, é muito importante parar, refletir, procurar resolver todos os conflitos de forma construtiva e procurar ajuda. Caso contrário, o rompimento é a melhor saída antes da relação se tornar violenta.

Homem em pé na frente de uma ponteDescrição gerada automaticamente com confiança média

O artigo foi revisado pela Dra. Rosemeri Alcântara Ribeiro Marcondes, psicóloga formada pela FMU há 30 anos (CRP 06/39085), atuando com abordagem psicanalítica em terapias individuais ou de casal, adolescentes.

Pós-graduada em Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bôscoli, Neuropsicologia pela Unyleya, Neuro Psicopedagogia Institucional e Clínica pela Ello Psicologia e Aconselhamento pela Faculdade Teológica Batista.

Responsável técnica pela clínica Aroma Psicologia.

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Última atualização em 13/12/2023 às 23:02