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1° de maio: muito por lutar, pouco para se comemorar

01/05/2020 às 11:49
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3 min

Em tempos de pandemia, muitas vezes o calendário segue e nem vemos, isso acontece pois muitos de nós estamos ilhados em casa, trabalhando remotamente e, de certa forma, até se habituando ao novo ciclo de vida e exploração.

Entretanto, dia 1° de maio, dia do trabalhador, é uma data de grande importância no calendário mundial, afinal, sem esses sujeitos, não existiria nada que funcionasse, nem mesmo o trabalho, que nada mais é que o fruto da exploração dos que nada tem a oferecer a não ser a sua própria mão de obra.

Entender a importância desse dia no contexto que vivemos é um grande desafio, afinal de contas a luta pela vida contra o inimigo invisível chamado coronavírus hoje é a prioridade de todos nós, entretanto, vale pensar naquela máxima: quem somos nós sem nosso ofício?

Eis um grande debate, pois todos aqueles que não detém os meios de produção, ou seja, aqueles que vivem do suor do seu esforço, são considerados trabalhadores, isso nos faz entender, por exemplo, que quem ganha um salário alto, não pode ser considerado rico, mas apenas um trabalhador melhor remunerado, afinal ele não possui esses meios de produção em questão, portanto vende sua força de trabalho como qualquer outro.

Cabe ainda uma reflexão: se todos trabalham, por que alguns ganham tão pouco? Isso se dá graças ao que chamamos de exército de reserva, que é uma gama de pessoas desempregadas, ou seja, se você não aceita vender seu esforço ganhando um baixo salário, lá fora tem vários que aceitariam facilmente, portanto, os baixos salários são explicados pelo desemprego, que nada mais é que uma categoria pensada propositadamente para existir.

No sistema que vivemos, denominado capitalismo, a categoria dos desempregados é de extrema importância, pois é ela quem ajuda a controlar esse fluxo salarial, portanto é uma utopia pensar que superaremos as crises sucessivas de desemprego que nosso país vive, sem superar também esse meio de produção excludente.

Precisamos refletir, afinal se somos em vasta maioria trabalhadores, por que não temos uma bandeira comum contra os donos dos meios de produção, portanto do capital? Será que não é hora de buscarmos o que nos une ao invés de enxergar o que nos divide?

1° de maio é uma data a ser comemorada, mas também precisa ser um dia para refletirmos: será que estamos centrando nossas críticas nos inimigos certos? Ou estamos apenas atirando nos nossos próprios pés?

Sigamos…

Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe) é Biólogo e Professor, Dr. em Ciências Naturais e Docente do IFMG.

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