Apresento como sugestão de leitura para a compreensão da conjuntura atual, o trabalho da jornalista Patrícia Campos Mello em seu livro “A Máquina do Ódio” (Companhia das Letras, 2020). Dividido em seis capítulos, o conteúdo de fácil e agradável leitura desvenda como a internet e as redes sociais influenciaram e influenciam a política do Brasil e do Mundo.

Na introdução do livro, a jornalista relata os ataques de que foi vítima e que servem de moldura para um quadro mais amplo sobre a liberdade de imprensa. No primeiro capítulo “Eleição do Whatsapp no Brasil”, a Autora relembra a série de reportagens de 2018 sobre o financiamento de disparos em massa no WhatsApp e em redes de disseminação de notícias falsas, na maior parte das vezes em benefício do então candidato Jair Bolsonaro.
A partir deste trabalho investigativo, a repórter tornou-se alvo de uma violenta campanha de difamação e intimidação estimulada pelo chamado gabinete do ódio e por suas milícias digitais. A Autora do livro foi a jornalista agredida por Bolsonaro e seu filho no episódio do “furo”. Recentemente, Eduardo foi condenado a indenizá-la por falas sexistas.
Analisando a investida de ódio sofrida, Patrícia descreve como as campanhas de difamação funcionam como uma espécie de censura, agora terceirizada para exércitos de robôs no Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp ― investidas que têm nas jornalistas mulheres suas vítimas preferenciais.
No capítulo “Fatos Alternativos e a Ascenção de Populistas no Mundo”, Patrícia Campos Mello discute de que forma as redes sociais vêm sendo manipuladas por líderes populistas ao redor do globo, com destaque para Estados Unidos, Índia, Hungria e Turquia, de maneira a criar uma realidade paralela e de longo e instantâneo alcance.
No quarto capítulo, a jornalista mostra como Bolsonaro utiliza o manual para acabar com a mídia crítica, idealizado por Viktor Orbán, Primeiro-ministro da Hungria, estrangulando financeiramente jornais e estimulando empresas a não anunciarem nos veículos críticos ao Governo.
Em sua conclusão, a Autora traz um fio de esperança em tempos de pandemia: o Covid-19 está salvando o jornalismo profissional uma vez que a sociedade está se informando por fontes confiáveis e abandonando notícias e informações com conteúdo duvidoso e fontes ocultas. Há luz no fim do túnel.