Nada, em nenhum lugar, hora nenhuma

Todos temos um universo particular, criado pelas nossas experiencias de vida, nossa criação, nossa forma de sentir e de entender, estamos cheios de verdades que nada mais são do que apenas nossas próprias opiniões e visões do que é o mundo que nos rodeia.

O que consideramos certo ou errado, bonito ou feio, justo ou injusto, é apenas baseado em nossas próprias experiências, valores e crenças. É por isso que a vida é subjetiva e não há uma verdade absoluta sobre absolutamente nada.

Aliás, tive essa discussão em um grupo de terapeutas que trabalham com Hipnose há algum tempo. Um desses terapeutas disse que eu estava errado sobre isso, que algumas coisas são objetivas e imutáveis, não importa o que eu pense sobre elas. Ele deu exemplo do chão, sempre será chão, nunca será água.

De fato, o chão, sempre será chão, mas se eu fosse acometido de alguma doença ou insanidade temporária e acreditasse que o chão é um rio, eu poderia subir em algum lugar e mergulhar nele. Ele seria água por eu acreditar? Não. Eu me quebraria todo, no entanto, minha experiência seria toda interpretada de outra forma, que não sou capaz de explicar, porque de fato pra mim o chão é chão.

A grande questão desse debate é que não estou falando da experiencia de vida do chão, que é imutável, mas de mim, que vivo, penso, aprendo, sinto e tudo mais que um cérebro é capaz. Se você perguntar pra um romântico o que é um buque de rosas, ele pode dizer que é um presente para a pessoa amada, se perguntar para alguém que perdeu um ente querido, ele pode te dizer que é um arranjo para se colocar na sepultura no dia de finados.

Nada é o que é, tudo é o que a gente acredita. E nós nem sempre vamos acreditar nas mesmas coisas.

E é aí que vem o problema, muitas vezes, tentamos impor nossas opiniões aos outros, acreditando que a nossa é a única verdadeira. Mas isso é um erro, pois cada um tem sua própria perspectiva e visão das coisas.

Você pode estar pensando nesse momento “Beleza Júlio, problema é que a opinião de alguns é perigosa e não dá pra só deixar ela sair falando o que quiser.”

E eu concordo. O lance é que mais do que atacar e entrar em conflito não resolve, coisa que eu já fiz muito, admito. Eu era jovem e impetuoso, ingênuo, idealista e tinha mais tempo também pra gastar.

Se passássemos algum tempo tentando entender o que leva a pessoa a pensar o que pensa, quais experiencias construíram esses circuitos neurais e formas de enxergar o mundo, gastaríamos menos tempo brigando e teríamos argumentos mais eficazes e que poderiam levar a algum lugar e resolver os empasses.

Talvez eu ainda seja ingênuo e idealista.

A busca pela verdade absoluta é uma ilusão. Na verdade, não há uma verdade universal que se aplique a todas as pessoas e situações. O que é verdade para mim pode nunca vir a ser verdade para você.

Quando digo “você tem de entender” estou negando o fato que você talvez já tenha entendido, com outros filtros morais, outras bases de experiencia e outras perspectivas que eu não entendo.

Somos diferentes, isso é fato.

Possivelmente nunca haverá uma forma de vivermos em paz, porque a opinião de alguns, como dito antes, é perigosa para muitos. E pra esses alguns, a nossa opinião é perigosa para eles.

Respeito, no fim, também é subjetivo. Algumas pessoas tem tanta raiva nelas que o fato de você olhar pra elas é uma afronta.

Esse universo particular em que elas vivem me parece assustador, mas não sei se elas estão satisfeitas lá.

A subjetividade da vida e da forma como construímos tudo, seja nossa opinião ou nossa fé, é algo que nos faz crescer e evoluir como indivíduos e como sociedade. Às vezes nos faz cair e retroceder também, eu sei, mas ao compartilhar nossas opiniões e debater ideias, podemos aprender com as diferentes visões do mundo e ampliar nossa compreensão sobre as questões que nos cercam.

Nossas opiniões podem mudar ao longo do tempo com base em nossas experiências e conhecimentos adquiridos, você, caso pare e pense sobre como era há 5 anos perceberá que muitas coisas mudaram.

Portanto, devemos estar abertos a reavaliar nossas crenças e opiniões, sempre buscando a evolução pessoal e coletiva. Não digo pra aceitar aquilo que te faz mal, nem pra se omitir ou evitar confrontos quando necessários, mas aprender a enxergar além de você numa conversa.

Se eu vejo o outro e como o mundo dele foi construído, é mais fácil argumentar com base no que o fará repensar e não ficar martelando o que eu penso até que ambos nos desgastemos ou algo pior aconteça.

No fim, esse texto não tem proposito nenhum, além de ser uma opinião sobre opiniões. Ele não está certo e nem está errado, ele apenas existe, mas só existe para quem teve a experiencia de ler, para o resto da humanidade, há outros textos, outras coisas em outros lugares, assim como pra você agora que chegou ao fim da leitura.