Uma nova modalidade midiática que vem crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo é o podcast. Para quem não conhece, o podcast é um conteúdo disponibilizado através de plataformas de streaming (Spotify, SoundCloud, Deezer, Apple Music, etc.), que mescla elementos da rádio, como a predominância do áudio, e elementos da televisão, como formatos de entrevista, e em alguns casos até a imagem, como acontece no “espaçocast” de Clancy, protagonista de “The Midnight Gospel“, mas sem necessariamente ser ao vivo, como é visto em suas edições e remixes de falas feitos nos créditos da série animada e até mesmo em podcasts comuns que são lançados geralmente apenas após da gravação.
A origem do podcast pode ser facilmente compreendida simplesmente pela análise da própria nomenclatura, que vem da junção de “iPod”, dispositivo da Apple reprodutor de áudio, e “broadcast”, que é uma palavra em inglês que significa “transmissão” ou “radiodifusão”. No início dos anos 2000, criaram um programa chamado “iPodder”, que permitia baixar automaticamente transmissões da internet para iPods. O desenrolar e o resultado da história já sabemos com a atual ascensão do podcast na internet.
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O podcast, a animação e The Midnight Gospel
Convenhamos que animação e o podcast são produtos de mídia com tipos de produção e propostas completamente diferentes. A animação explora o mágico, o ilusório e o imaginário, enquanto o podcast entretém com o exato oposto, o cotidiano caótico e a forma que pessoas reais lidam com ele. Então como podemos juntá-los? Separando-os!
Separando no sentido de expor com bastante nitidez suas divergências, porém ainda deixando acontecer simultaneamente. Essa é a aposta tão certeira que tirou a animação da Netflix, The Midnight Gospel – que conta com o Pendleton Ward, que marcou uma geração inteira com seu cartoon “Adventure Time” e inspirações no podcast de comédia do norte-americano Duncan Trussell (que inclusive é o dublador do Clancy) -, de um conceito pacato e entediante e o tornou algo tão único e inovador.
Os tão infames, porém requeridos “estímulos visuais”, que supostamente “impulsionam” a série, são muito utilizados em praticamente todos os episódios (exceto o oitavo e último episódio), com o objetivo de ‘atrair com o máximo de eficácia a atenção dos espectadores para o que é dito’, assim como é feito na escola para que o conhecimento absorvido seja bem sedimentado e sem riscos de esquecimentos, já que os assuntos compartilhados em sua grande maioria envolvem questões filosóficas existenciais, religiosas e principalmente budistas. A estética tem sim grande relação com os temas abordados utilizando cores e vários outros recursos visuais na construção da identidade do personagem principal e da atmosfera viva e psicodélica da série, mas o resto “realmente é para dar um ar de urgência e despertar para partes em que as conversas se aprofundam mais” na leitura de grandes críticos sobre a série, mas particularmente não acredito que seja apenas isso e recomendo que escutem uma vez apenas o áudio e outra assistam também a animação para finalmente compreender de fato o que o todo significa.
Concluímos que The Midnight Gospel é um marco tanto da história do podcast quanto da animação por ter entregue um formato que não imaginávamos ver, ou pelo menos não tão cedo. A junção síncrona e a discordância entre animação e podcast é um conflito proposital e genial. Enfim, a série veio ao catálogo da Netflix no mês de abril deste ano, então o que devemos esperar da segunda temporada caso seja confirmada?
Consulte o site ScreenRant que selecionou diversas informações sobre suas expectativas sobre os novos episódios se forem renovados no serviço de streaming, o que é bem pouco provável de acontecer antes de julho de 2021 por conta da pandemia global que infelizmente ainda não cessou e afeta todos os polos de produção.
Se você realmente quer novas temporadas das suas séries favoritas, siga as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) cumprindo o distanciamento. Se cuide e cuide dos outros a sua volta com esse simples, porém poderoso gesto, mesmo se não puder ficar em casa, e se puder, fique.