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Rima em Prosa #13: Em entrevista, Fabin fala sobre dificuldades de gravar no interior, feat com MC Pedrinho e relação com personalidades do rap

09/07/2020 às 10:44
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9 min

“Fabin é uma das principais promessas do rap nacional para 2020. Extremamente independente, o jovem apresenta uma característica que é muito comum em jovens artistas: a polivalência. Além de rimar, ele também produz a maioria de seus sons, sendo responsável também pela arte e clipe das músicas. Isso é algo recorrente no trabalho de artistas que começam sem muitos recursos. Mas Fabin tem colhido os frutos de seu trabalho duro. Lançada de forma acústica, a faixa ‘Seus Segredos’ é seu principal sucesso até aqui e já tem 1 milhão de visualizações no YouTube. Além disso, recentemente gravou um feat com o produtor Ecologyk e o funkeiro MC Pedrinho”. Foi com esta descrição, que em janeiro deste ano nós apontamos, em matéria aqui na coluna, Fabin como uma das grandes promessas do rap nacional para 2020. Muito novo e com uma boa estrada até aqui, o rapper mesmo vindo interior consegue furar a bolha e se colocar em um lugar de destaque, atingindo até mesmo alguns públicos que muitas vezes o rap ignora. 

Para falar um pouco sobre o início de sua carreira, os perrengues que passou por começar do zero e seus projetos e feats, conversei com o Fabin para a 13ª edição da Rima em Prosa. Confira essa entrevista:

Feat com MC Pedrinho e Ecologyk

MM: Em fevereiro saiu uma das faixas que com certeza mais chamam atenção para o seu trabalho, que é a Se você quiser, feat com MC Pedrinho e Ecologyk. Como surgiu essa parceria? 

F: Então, mano, essa parceria surgiu quando eu colei em São Paulo e ia lá no Ecologyk pra gravar. Eu acho que era meu penúltimo dia na cidade, eu já tava indo embora, aí foi quando o Pedrinho me chamou na DM, disse que tava ouvindo meu som. Ele perguntou quando a gente ia fazer a nossa, que não sei o quê e eu disse que era era de Minas e tava em SP, mas que se ele quisesse a gente marcava uma sessão. Acabou que falei com o ‘Eco’, ele concordou com o dia e nós dois fomos lá no estúdio pra gravar. Assim saiu a Se você quiser.

MM: A repercussão dela foi dentro do que vocês esperavam?

F: Acho que sim, foi dentro do que eu esperava. No YouTube pegou 65 mil visualizações, mas na plataformas digitais já tá com 200 mil streams. Lá no Spotify saiu em várias playlists autorais de trap e inclusive na Novidades da Semana, que é uma das melhores playlists, onde só entra som brabo de verdade. Então eu tô super satisfeito. 

MM: Falando em Ecologyk, você tem uma relação bem próxima com ele. Como vocês se conheceram? Tem mais projetos da dupla vindo por aí? 

F: Sim, mano, eu sou amigo do Ecologyk. A gente conversa pra caramba, estamos sempre conversando. Ele sempre manda uns beats e a gente planeja uns sons aí. Então pode ter certeza que vão vir novos trabalhos aí. Eu não posso falar ainda mas acho que já tem um pronto pra sair.

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Dificuldades no início

MM: No começo, você iniciou a sua carreira com bem poucos recursos e produzindo todas as suas músicas sozinho. Conte-nos um pouco dessa época.

F: Eu comecei com pouca coisa. Eu não tinha nada, na verdade. A única que eu tinha pra gravar era um headset, desses pra conversar e jogar. Na época ele custou R$70,00 e era com ele que eu gravava. Apesar disso, eu estava sempre procurando conhecimento de mixagem e essas paradas, pra eu poder melhorar. Eu acho que cê tem que começar com o que você tem, tá ligado? Se você for esperar o momento certo você nunca começa. Eu simplesmente comecei e não reclamei do que eu tinha, eu simplesmente fiz com o que eu tinha.

MM: Mesmo fazendo sucesso, muitos rappers ainda preferem fazer várias partes do processo de produção por conta própria. Froid e Aka Rasta são exemplos de artistas que, ainda hoje, produzem a grande maioria de suas músicas. Você é assim também?

F: Mano, beat eu não sou muito apegado. Quando eu comecei, como eu não tinha beatmaker, eu fazia minhas próprias batidas, mas como eu fui crescendo eu fui abandonando essa parte da produção. Eu não curto muito fazer beats, tá ligado? Mas algo que eu gosto de me aprofundar e sempre fazer nas minhas músicas é a mixagem. Eu gosto muito da área de mixagem e masterização. Eu tô sempre tentando aprender alguma coisa, sempre mandando meu som para produtores maiores que eu conheço pra eles avaliarem se tá bom ou se tem alguma coisa pra melhorar. Quando eu comecei eu fazia meus beats, mas agora eu não faço mais, geralmente eu deixo pro meu beatmaker

MM: Por morar no interior, quais foram os principais desafios que você encontrou na sua carreira até aqui?

F: Por morar no interior é aquela coisa, a cena está muito distante daqui. A maior dificuldade é você pensar nisso. Se for pra você fazer alguma coisa você tem que viajar. Por exemplo, a cena está em São Paulo e Rio de Janeiro e eu moro a 12 horas de São Paulo e também moro longe do Rio. Você fica meio mal vendo isso mas você tem que manter em mente que você pode conseguir. Depois que você começa podem surgir oportunidades e isso aí deixa de ser uma barreira, tá ligado? Outra dificuldade é a falta de estúdios. Aqui é difícil encontrar alguém que tem um. Às vezes a pessoa até tem estúdio mas não sabe mixar daquela forma, porque ela está acostumada a trabalhar com outros gêneros. Esse estilo tá chegando nessas cidades agora e a maioria dos produtores que já estavam nelas antes – que são poucos – não sabem mexer com esse tipo de música. O mais viável então é você fazer por você mesmo.

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Apoio da família e relação com a escola

MM: Você é bem jovem e já está construindo sua carreira tem pelos menos dois anos. Como seus pais ou as pessoas que vivem com você reagiram quando você começou, Fabin? Você teve o apoio deles?

F: Mano, eu tive apoio, sim. Tanto que a cabine que eu montei pra eu gravar foi meu pai que me ajudou. Mas o que valeu de verdade foi meu esforço, porque não adianta você ter um apoio se você não se esforçar. Mas eu tive apoio, sim. No que eles puderam me ajudar, eles ajudaram.

MM: E na escola, Fabin? Como seus colegas e professores reagiram?

F: Na época de escola os professores reagiram bem. Tem muito professor que já me ouviu, que já chegou e me elogiou. Na escola o pessoal já ouviu, mas nem todo mundo. A maioria dos professores, na real, são aqueles que não gostam muito desse tipo de música, mas os que estão mais ligados nos novos gêneros que estão surgindo no Brasil já me conhecem. O pessoal ficou bem animado, até porque eu procuro não colocar palavrão nas minhas músicas e isso ajuda eles a gostar. 

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YouTube e parcerias

MM: Grande parte das suas músicas de maior sucesso estão em canais do YouTube que não são o seu. Postar nesses canais de divulgação te trouxe algum retorno financeiro ou apenas visibilidade? 

F: Sim, essas músicas me deram visibilidade. Inclusive na comunidade do Free Fire, o pessoal me conhece muito lá. Algumas dessas faixa, como a Jogou Virou e a Acelero, se popularizaram entre os jogadores de Free Fire. Pessoal faz muitos vídeos de jogadas com elas. Eu acho que elas me deram sim uma grande visibilidade e como eu tenho os direitos autorais das músicas tudo que está conseguindo ou recebendo lá tá vindo pra mim. Acho tranquilo de deixar lá, é suave.

MM: Continuando no assunto YouTube, um dos primeiros canais que divulgou e reagiu às suas músicas foi o do Marco dos Anjos. Depois vocês fizeram até um feat juntos, na música FaceTime. Ele é uma figura bem controversa no meio do rap e sofre bastante hate nas redes sociais. Alguém já te criticou por ter gravado com ele? O que você pensa dessas polêmicas?

F: Não, mano, nunca recebi críticas, não. Eu acho que as controvérsias que ele tem dele são uma parada dele, isso não prejudica nossa amizade. Nós somos amigos até hoje, conversamos até hoje e eu sempre mando as minhas músicas pra ele ouvir. Independente se ele tem algumas controvérsias na cena eu não tenho muito a ver. Ele é meu amigo, me ajudou e eu considero ele pra caramba.  

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Planos para o futuro

MM: Fazer shows é uma meta próxima ou é algo que você só quer pensar mais pra frente?

F: Fazer shows é uma meta que eu viso sim, mas não é “a meta”. Minha meta principal agora é fazer um som que eu consiga ainda mais visibilidade. Eu acho que ainda não estou no topo do topo e minha meta é chegar nesse topo, conquistar essa visibilidade. Mas nada que falem que eu não vou fazer show, tá ligado? Se alguém me chamar, a gente vai (risos)!

MM: Por fim, está nos planos do Fabin um EP, mixtape ou álbum? O que podemos esperar de lançamentos nesse segundo semestre?

F: Eu só vou falar uma coisa: Fabin e PTK! Vai vir um EP aí. Não sei se vocês conhecem PTK mas vai vir um EP aí. Não posso falar sobre que tema é e essas coisas, mas anotem aí que vai vir pesado!

Rima em Prosa é a coluna especializada em rap do Mais Minas. Nela, são publicadas notícias, matérias e entrevistas relacionadas à tudo de principal que tem ocorrido no rap nacional. Caso tenha gostado da entrevista com Loc Dog, recomendados as nossas matérias com Duzz, Aka Rasta e Ecologyk

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