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Após 4 anos do rompimento da barragem, atingidos protestam em Mariana e no Espírito Santo

05/11/2019 às 10:51
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Cerca de 200 atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão protestam nesta terça-feira, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. Os atingidos bloqueiam a via MG 129, na saída para Barão de Cocais, denunciando a Fundação Renova e questionando a volta da mineradora Samarco em Mariana. O rompimento da barragem de rejeitos de mineração, que ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015, no distrito de Bento Rodrigues, é um dos maiores desastres ambientais do Brasil.

Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a insatisfação dos atingidos é na reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão feito pela empresa publicitária das mineradoras, Fundação Renova, que cumpre o papel de “enrolar os atingidos”, negar direitos e criar conflitos nas comunidades na bacia do Rio Doce.

Além disso, os atingidos questionam a volta da operação da Samarco, no momento que não existe a reparação socioambiental na bacia do rio Doce e no litoral do Espírito Santo. Há quase uma semana, a empresa obteve a Licença de Operação Corretiva (LOC), para voltar a atuar em Mariana. Entretanto, apesar da licença aprovada, a retomada da Samarco está prevista somente para o final de 2020.

Ainda de acordo com o MAB, após quatro anos, os atingidos estão longe de ver seus problemas resolvidos. São 362 famílias que não tiveram reassentamento coletivo e milhares de trabalhadores, pescadores, agricultores e comerciantes sem fonte de renda.

O Movimento reforça que os atingidos permanecem unidos e organizados na luta por direitos humanos em Minas Gerais e contra os crimes da mineração.  A atividade faz parte da “Jornada de Lutas dos Atingidos – A Vale Destrói, o Povo Constrói”, que tem como eixo principal a construção solidária de uma casa para uma família atingida do distrito marianense de Barra Longa.

Protestos no Espírito Santo

Na cidade de Linhares, no ES, cerca de 500 atingidos também fazem paralisação da rodovia estadual ES-248, na altura da barragem do Rio Pequeno. Linhares foi o destino final da lama da Samarco, que deixou vários prejuízos na pesca e economia local. Nos protestos, os atingidos denunciam a injustiça e a ineficiência do processo de reparação que não resolveu sequer o problema que é o risco de contaminação da Lagoa Juparanã, a segunda maior em volume de água do Brasil.

Eles também exigem uma reunião com o Conselho Consultivo da Renova – formado por representantes das empresas VALE, BHP e Samarco, que tem o poder de voz na Fundação, além da contratação das Assessorias Técnicas em toda a bacia. Desse modo, as Assessorias Técnicas são um instrumento técnico para subsidiar e colaborar com a garantia dos direitos dos atingidos.

No Espírito Santo, a onda de lama de rejeitos da barragem seguiu pelo Rio Doce, e além de Linhares, atingiu diretamente outros dois municípios capixabas: Baixo Guandu e Colatina, onde fica a foz do rio. Com isso, o abastecimento de água ficou prejudicado nessas cidades.

O MAB também fez uma intervenção em frente a sede da Vale, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. 

Nas redes sociais, o Movimento dos Atingidos mostra como estão sendo as manifestações dos atingidos em Mariana (MG) e em Linhares (ES).

Sobre o Movimento dos Atingidos

A organização do MAB serve para reunir os afetados pelas tragédias socioambientais decorrentes dos rompimentos das barragens no Brasil, buscando esclarecer, alertar as pessoas e lutar por reparações. O Movimento popular tem caráter reivindicatório e político, em que participam grupos das famílias ameaçadas ou atingidas direta e indiretamente por barragens. Além disso, participam dos grupos também aqueles que dependem, de alguma forma, economicamente da comunidade atingida para viver ou do próprio Rio Doce.