Iates mais caros do mundo, empresas bilionárias, clubes de futebol, mansões, carros de luxo, entre outros bens. Esse é o nível do poder aquisitivo dos bilionários aliados de Vladimir Putin que sofrem sanções de alguns de seus bens e que estão com contas e empresas bloqueadas em países da União Europeia, Reino Unido e nos Estados Unidos.
Os sete oligarcas com grande influência sobre a Rússia são muito próximos do presidente. A relação íntima entre Putin com cada um desses poderosos teve início, a maioria deles, em 1990.
As alianças de poder permanecem intactas até os dias atuais, pois eles compartilham do mesmo sonho russo: o retorno da União Soviética.
Putin, que foi eleito pela primeira vez presidente da Rússia em 31 de dezembro de 1999, já contabiliza 22 anos de mandato presidencial. Mas antes disso ele já era muito influente no país. Putin se formou no curso de Direito e passou a fazer parte do Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti, que em português significa Comité de Segurança do Estado (KGB), que foi o serviço secreto da União Soviética, e que teve suas atividades suspensas em 1991.
Foi durante esse período e um pouco depois que Putin se tornou conselheiro do presidente no Conselho da Cidade de Leningrado e também representante do conselho da cidade em Relações Externas. Dessa forma, o atual presidente russo começou a fazer alianças com os poderosos do seu país e conhecer personalidades e empresários estrangeiros.
Os recentes ataques à Ucrânia já eram previstos. Em razão disso, o chefe de estado e governo russo alertou seus associados sobre os riscos de serem punidos em decorrência da tentativa de tomar o país vizinho.
Alguns deles, que mantinham negócios no exterior, ouviram Putin e passaram a investir mais na Rússia, já outros, talvez por acreditarem ser um blefe presidencial, continuaram capitalizando em bolsas de valores europeias, americanas e do Reino Unido, resultando agora em severas sanções, com restrições de bens e patrimônios faraônicos.
Para compreender a relevância financeira destes sete homens, separamos uma lista com os nomes, história e patrimônios. Conheça!
Os dez bilionários parceiros de Vladimir Putin
Oleg Deripaska
Oleg Deripaska é CEO da indústria de alumínio russa United Company Rusal. Quando Putin foi eleito presidente, ele possuía um patrimônio estimado em US$ 28 bilhões. Entretanto, teve suas empresas profundamente acometidas pela crise econômica de 2008 e seu nome envolvido, ou pelo menos é o que indica os Estados Unidos, em corrupção e lavagem de dinheiro. Na ocasião, ele foi acusado de ter ordenado o assassinato de um empresário e tinha ligações com um grupo do crime organizado russo. Ele nega todas as acusações americanas.
Mesmo perdendo parte de seu patrimônio, atualmente estimado em US$ 3 bilhões, ele permanece sendo rico e poderoso.
Além de atuar com alumínio, Oleg Deripaska também possui a empresa En+ Group, também voltada para metais, porém verdes. Ela faz parte da bolsa de valores de Londres. Em 2018, a empresa foi submetida a sanções dos EUA e desde então o empresário passou a ter apenas 50% de participação sendo o proprietário e fundador da empresa.
Deripaska também é dono do iate denominado Clio, que estava em Maldivas na última semana.
Ele tenta vender, desesperadamente, por 18 milhões de libras a empresa de arte, a Hamstone House em Weybridge, em Surrey, na Inglaterra.
Dada vez teve um impasse com o presidente Putin, e agora fala abertamente sobre a necessidade de negociações entre Rússia e Ucrânia.
Alisher Usmanov
Alisher Usmanov é um dos empresários mais próximos de Putin. Acredita-se ser um dos homens mais ricos da Rússia, com um patrimônio avaliado pela Forbes em US$ 17,6 bilhões. Sua presença algumas vezes é confundida com a de um oficial do estado. A União Europeia o define como “empresário-oficial”, justamente pelo alto nível de influência que ele exerce sobre o presidente.
Onde existem grandes fortunas na Rússia, ali estará pelo menos um “dedo” de Alisher Usmanov, que também é conhecido por fazer parte de setores-chave do país.
Ele foi esgrimista profissional. Hoje é dono da USM Holdings, empresa que não tem um nicho específico, atuando nas áreas de telecomunicação, através da Megafon, maior rede de telefonia móvel da Rússia, e também na mineração.
Neste ano, após o início da tentativa de invasão russa sob a Ucrânia, sofreu a primeira sanção, vinda da UE. Em seguida o RU e os EUA fizeram o mesmo.
Agora, ele tem menos de 50% de participação na empresa USM Holdings. Há risco de seu enorme iate, o maior do mundo, que recebeu o nome de sua mãe, Dilbar, também ser confiscado. Uma informação extra para os curiosos é que o esse iate é avaliado em US$ 600 milhões (equivalente a R$ 3 bilhões). Ele se localiza em Hamburgo, Alemanha, onde passa por reforma.
Já no Reino Unido seu maior patrimônio está em imóveis. Em Londres, tem uma mansão estimada em 65 milhões de libras, a Beechwood House, localizada na região Noroeste, considerada a principal da capital britânica.
Ainda na cidade circunvizinha de Londres, Surrey possui a mansão Tudor, Sutton Place, construída em 1532 e considerada de nível 1, o máximo no quesito luxo.
Os dois imóveis citados acima foram congelados pelo Reino Unido como forma de punição pelos ataques de Putin.
Igor Sechin
Sancionado pelos Estados Unidos e União Europeia em 28 de fevereiro deste ano (2022), Igor Sechin é considerado conselheiro pessoal de Vladimir Putin, tendo conexões profundas com o presidente russo.
Ele é caracterizado pela imprensa americana como um homem que “aniquila” seus oponentes, inclusive foi apelidado de Darth Vader. Em 2008, um telegrama da Embaixada dos EUA vazou. Nele continham os seguintes dizeres sobre Sechin: “Tão sombrio que foi brincado que ele pode não existir, mas era uma espécie de mito urbano, um bicho-papão, inventado pelo Kremlin para incutir medo”.
Como agora, em 2014, durante a invasão da Rússia na Crimeia, o empresário também sofreu sanções estadunidenses. Na ocasião ele definiu as punições como “injustificadas e ilegais”.
A vida de Igor Sechin foi pautada em cargos públicos e privados, sempre de altíssimo escalão e às vezes exercia as duas funções simultaneamente, sempre de “mãos dadas” com Putin.
Quando Putin foi primeiro-ministro, Sachin foi segundo primeiro-ministro. Trabalhou com o atual presidente russo em 1990, quando atuaram juntos no gabinete do prefeito de São Petersburgo. Especula-se, inclusive, que fez parte da inteligência da KGB, mas ele nunca admitiu publicamente.
Nunca ninguém conseguiu definir seu patrimônio, entretanto, sabe-se que tem bastante dinheiro. Um iate de nome Amore Vero foi apreendido na França após sua esposa, Olga Sechina, tirar uma foto (self) estando nele. Fontes francesas acreditam que esse seja o principal motivo para o divórcio, que sucedeu a apreensão.
Diferentemente de outros bilionários russos, ele nunca deixou de viver em seu país de origem. O que levanta a ideia de que não possui patrimônio, ou são poucos, em território internacional.
Atualmente está à frente da estatal petrolífera Rosneft.
Pyotr Aven e MIkhail Fridman
Para se defender das recentes sanções sofridas, a dupla russa Pyotr Aven e MIkhail Fridman vai contestar o congelamento dos bens e proibição de poderem viajar para os países que fazem parte da UE, por acreditarem serem “infundadas” essas sanções.
Pyotr Aven é um oligarca, economista, político e empresário russo, diretor do maior banco privado do país, o Alfa-Bank, que por sua vez pertence ao parceiro MIkhail Fridman, oligarca russo, natural da Ucrânnia.
Os dois trabalham em conjunto, enquanto Aven é amigo próximo de Putin, Fridman facilita que empresários mais bem sucedidos do país se aproximem do presidente.
Na semana passada, ambos foram desligados do grupo londrino LetterOne como consequência das sanções. O grupo foi formado há 10 anos.
Aven, que também gerenciava a Royal Academy of Arts, academia de artes em Londres, deixou o cargo.
Fridman, que vive em Londres, tem um patrimônio avaliado em US$ 12 bilhões. Ele mora ao lado do estádio Lord’s, também tem uma casa avaliada em US$ 65 milhões no norte de Londres, a Athlone House.
Ele definiu a guerra na Ucrânia como uma “enorme tragédia”, em coletiva de imprensa concedida na última terça-feira, 1.
Aleksej Miller
O presidente do conselho de administração da companhia de energia Gazprom e vice-ministro de energia, Aleksej Miller, é conhecido por, todavia, ser leal e fiel a Putin. A amizade é datada a partir de 1990, quando no Comitê de Relações Exteriores do gabinete do prefeito de São Petersburgo, Miller foi vice de Putin.
Desde 2021 ele é diretor da Gazprom, empresa de energia e maior exportadora de gás natural do mundo, ocupando a décima quinta colocação no ranking de maiores empresas globais.
O embaixador dos EUA em Moscou definiu a estatal como “ineficiente, politicamente motivada e corrupta”, em 2009. Há quem diga que seu cargo na companhia tem um único propósito: atender às ordens de Putin.
Sua devoção a Putin chegou ao extremo quando em 2018 ele foi sancionado, ainda pela anexação da Crimeia (2014). Na ocasião, ele se sentiu orgulhoso em ter o nome adicionado a lista de punidos, dizendo “Não estar incluído na primeira lista. Eu até tive algumas dúvidas – talvez algo esteja errado? Mas finalmente estou incluído. Isso significa que estamos fazendo tudo certo”.
Embora esteja em nossa lista de bilionários, que é o que a imprensa mundial acredita que seja, não possui ativos facilmente rastreáveis e nem patrimônios líquidos fora da Rússia. Por isso é difícil calcular sua fortuna, tendo em vista que seu país não admite tais divulgações para estrangeiros e nem a divulgação interna das mesmas.
Roman Abramovich
O magnata Roman Abramovich, dono do Chelsea Football Club, resolveu vender o clube na última quarta-feira (3), por medo de que o mesmo sofra sanções.
O nível de aproximação de Abramovich e Putin ainda é desconhecido. Enquanto alguns defendem que o presidente apenas o tolera por causa da sua riqueza, outros acreditam que a relação é mais estreita do que se imagina. O fato é que ele não foi sancionado ainda, porém teme sofrer penalidades econômicas por causa da guerra iniciada pelo presidente russo.
Do grupo citado neste artigo talvez ele seja o que tem a fortuna mais vulnerável para o caso de sanções, pois mesmo com o aviso de Putin, continuou investido em negócios e bens fora da Rússia.
Dono de um patrimônio avaliado em 12,4 bilhões de libras, Abramovich, que tem uma casa de 150 milhões de libras, localizada no Kensington Palace Gardens, em Londres, tenta obstinadamente vender seus bens no Reino Unido.
Quem se interessar em comprar o Chelsea precisará desembolsar três bilhões de libras, valor pedido pelo bilionário, que começou a construir seu império em 1990, época em que o presidente da Rússia era Boris Yeltsin.
Ele é visto como um oligarca original. Teve a oportunidade de adquirir a petrolífera Sibneft por um bom preço, e não deixou a chance passar.
Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, outros bens também correm risco de serem apreendidos, como o segundo maior iate privado do mundo, o Eclipse, que ao que tudo indica está nas Ilhas Virgens, Alemanha, e o Solaris, que fica em Barcelona, na Espanha.