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Projeto da Escola de Belas Artes descobre as memórias dos moradores de Tiradentes

28/11/2018 às 23:43
Tempo de leitura
7 min

Entre agosto e dezembro de 2018 percorremos as ruas de Tiradentes, movidos por uma pergunta: como as narrativas dos moradores da cidade podem criar lugares de memória em Tiradentes? A pergunta nos levou a conhecer a cidade que habita entre os fazeres e lembranças de suas pessoas, colhendo falas e silêncios, ouvindo histórias, encontrando os lugares imaginários de memória de cada uma das moradoras e moradores.
De 07 a 14 de dezembro vamos mostrar um pouco dos nossos encontros, por meio de pequenas intervenções nos bairros Pacu, Mococa, Alto da Torre, Cascalho e Várzea de Baixo. Nesses locais, caixas de som temáticas e postais criados pela equipe do projeto contam um pouco das memórias dos habitantes de Tiradentes. Instaladas em ruas específicas dos bairros, as caixas trazem a vida da cidade na voz de seus moradores; os postais são uma forma de doarmos à cidade as imagens que produzimos desse encontro. Junto com os postais, uma caixa de memórias convida os demais moradores e visitantes a escrever e compartilhar suas lembranças com o projeto.
No Sobrado Quatro Cantos, no centro histórico, as caixas de som acompanham uma exposição de fotos feita pela equipe do projeto, que ficará aberta à visitação entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019. A abertura da exposição será no dia 07 de dezembro, às 20h, com uma exibição das imagens fotográficas na frente do Museu Casa do Padre Toledo, em Tiradentes. Convidamos você a passear pelos lugares imaginários e realizar o seu encontro com as memórias das moradoras e moradores de Tiradentes.

Sobre o projeto e o processo de criação

O projeto Lugares Imaginários em Tiradentes partiu do desejo de investigar de que forma as memórias dos moradores da cidade mostram como a comunidade se relaciona atualmente com o seu espaço urbano, o qual se modificou de maneira muito intensa nas últimas décadas do século XX e, mais acentuadamente, no começo do século XXI, em função de questões como a exploração do turismo, gentrificação, questões relacionadas ao patrimônio histórico, entre outras. Pretendemos gerar, em conjunto com a comunidade, um olhar sobre Tiradentes a partir dos lugares de memória construídos pela pesquisa. Estes, por sua vez, são derivados de entrevistas feitas com habitantes dos bairros que se situam fora do centro histórico, mais especificamente: Pacu, Mococa, Alto da Torre, Cuiabá, Várzea de Baixo e Cascalho. Enquanto alguns são relativamente novos, como o Alto da Torre e a Mococa, outros espaços já existiam na década de 60, quando a cidade ainda não havia experimentado uma mudança mais radical na configuração do centro histórico. Interessou-nos, desde o princípio, compreender como as pessoas que estão fora do centro vivem dentro dos seus bairros e convivem com a parte histórica da cidade, a partir das suas lembranças, sejam elas mais atuais ou mais antigas.
A cidade de Tiradentes experimentou, a partir da década de 80 do século XX, um crescimento intenso da sua atividade turística, inclusive como forma de sustentação econômica do próprio município, com modificações profundas na estrutura de ocupação de seus espaços, principalmente no que diz respeito à área central da cidade, com reflexões nas regiões mais afastadas do centro, como consequência. A valorização do patrimônio histórico, se por um lado trouxe um fluxo intenso de turistas à cidade, com evidente impacto econômico, por outro produziu mudanças na ocupação do centro histórico. Os moradores mais antigos, em função da especulação e de processos de gentrificação já identificados em estudos realizados sobre a cidade migraram para a periferia da cidade, em que há menos equipamentos públicos e uma atenção menor em termos de serviços públicos, e o centro histórico se tornou local de exploração comercial e turística apenas. Entendemos ser fundamental discutirmos e construir juntamente com a comunidade os lugares imaginários dessa Tiradentes que passou por mudanças significativas e profundas, e que possui espaços de ocupação que vão para muito além do centro histórico e da relação com o turismo. Obviamente, esse é um aspecto que não deve ser negado, mas combinado a vários olhares, várias camadas de construção do espaço urbano da cidade.
Uma primeira camada diria respeito aos depoimentos orais coletados, que já se constituem em percursos, em feituras de espaço. Constituem um primeiro acesso aos locais que se mostram, assim, não só físicos, mas também espaços de memória, que não são localizáveis. A memória aparece, então, como invenção de espaços, mas não como engano e sim como experiência viva e concreta.
A memória é o conceito que permite agregar tanto as noções do imaginário quanto as noções do documental, uma vez que o próprio termo se define pela sua capacidade de reconstrução permanente, fazendo a ponte entre passado, presente e futuro. A opção por agrupar memória e imaginação tem como perspectiva a abertura de espaços de discussão para imaginar não um passado nostálgico, mas sim de que maneira produzir uma memória para o futuro, uma memória da Tiradentes que ainda está por vir.
Lugares Imaginários de Memória – Tiradentes é um projeto de pesquisa coordenado pelo professor Carlos Henrique Falci, da Escola de Belas Artes da UFMG, desenvolvido dentro da Residência Docente da Diretoria de Ação Cultural (DAC-UFMG), realizado no Campus Cultural UFMG em Tiradentes. O projeto teve a participação de duas alunas do PPG-Artes como bolsistas, Cristina Horta e Lila Gaudêncio, responsáveis pela criação de imagens, textos e ilustrações que integram o material exibido. Contamos ainda com a parceria do Barracão UFMG na criação da expografia do projeto, por meio da professora Tereza Bruzzi e do professor Cristiano Cesarino. Houve também a colaboração do professor Rogério Lopes, do Teatro Universitário, outro residente do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, e cujo projeto é responsável por fazer as histórias dos moradores “caminharem” pela cidade dentro da intervenção teatral “Dona Juta”.

Sobre o Campus Cultural UFMG em Tiradentes

O Campus Cultural UFMG em Tiradentes tem como objetivo desenvolver atividades na esfera de todas as manifestações da arte e da cultura, por meio de projetos de ensino, de pesquisa, de extensão e de cooperação com instituições públicas e privadas de Tiradentes e de outras cidades da região. Criado em 2011, a partir de um Termo de Cooperação entre a Universidade e a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, o projeto é vinculado à Dire-
toria de Ação Cultural da UFMG. Integram o Campus Cultural: o Museu Casa Padre Toledo, a Casa de Cultura e o Sobrado Quatro Cantos. Atualmente sob a coordenação do professor Fernando Mencarelli da Escola de Belas Artes.
Ficha Técnica
Promoção: Universidade Federal de Minas Gerais, Diretoria de Ação Cultural e Campus Cultural UFMG em Tiradentes
Realização: Figuras da Memória – Grupo de Pesquisa da Escola de Belas Artes/UFMG
Coordenação, Pesquisa e Textos: Carlos Henrique Falci
Produção: Lila Gaudêncio e Tina Horta
Expografia: Barracão UFMG
Projeto Gráfico e Ilustrações: Lila Gaudêncio
Fotografia, Edição Audiovisual e Comunicação: Tina Horta
Vinheta: Virgílio Vasconcelos
Mais informações e a programação completa
fb.com/lugaresimaginarios
[email protected] – Tel: (31) 9 9282 2998

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Última atualização em 19/08/2022 às 09:58