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Sobre Ditadura, cerveja e democracia

17/01/2018 às 14:05
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4 min

Há alguns meses, uma amiga reuniu algumas pessoas em sua casa. Sabe como é, tira-gosto, cerveja, música, conversa “fiada”. Em um dado momento começamos a conversar sobre políticas. Algumas pessoas foram fazer outras coisas e a conversa seguiu com um casal. Já percebeu como as discussões ficam acaloradas depois de algumas cervejas? Falávamos sobre PT, Lula, Bolsonaro, esquerda, direita e sobre a Ditadura Militar e foi aí que o papo rendeu. O homem um pouco exaltado com a discussão e com as cervejas, afirmou o seguinte: “ O problema do Brasil é a democracia.” Não sei se foi a cachaça, mas a frase soou com um eco enorme na minha cabeça. Somente consegui responder com um alto e sonoro: “Você ta doido?”

Depois dessa fala, argumentei mais algumas coisas com ele e naturalmente mudamos de assunto. Vida que segue. No entanto, aquela fala não saiu da minha cabeça. Fiquei um bom tempo tentando entender aquela frase. Depois de algumas pesquisas, reflexões, hoje consigo compreender aquele ponto de vista em dois pontos: Primeiro, a dificuldade de viver uma democracia. E o segundo, o aparelho repressor da Ditadura.

É difícil fazer uma democracia. O sistema democrático exige troca de ideias. E ouvir e entender o outro é uma tarefa dificílima. Imagine leitor, quantas vezes dentro da sua casa você e sua família não conseguiram chegar a um consenso sobre um determinado assunto? E quantas vezes você discutiu no seu lar, justamente porque não conseguiu chegar a um consenso? E se a sua família é das grandes, o leitor sabe bem do que estou falando. O direito de todos os membros da família, de opinar, sugerir, concordar, discordar, isso é democracia, obviamente em menor escala. Percebi que a fala do homem que conversava comigo era baseada exatamente na dificuldade de se fazer e viver uma democracia. É difícil, é complicado, e as respostas para os problemas nunca são fáceis.

O outro ponto da minha interpretação da fala do sujeito, é que percebi como o aparelho repressor da Ditadura foi eficiente. Pessoas morreram, foram torturadas, os jornais e revistas, censurados e fechados. Só restaram aqueles que não criticaram o regime. Censura. Os militares foram tão eficientes em calar as pessoas que até hoje gente que vivenciou os anos de chumbo acreditam que o país era melhor do que é hoje. Se você que está lendo este texto e acredita que não houve ditadura, que não houve censura, que o militares salvaram o Brasil, é melhor repensar. Faça uma pesquisa, leia, estude. Não se engane pelo milagre econômico. Fique atento ao que não foi falado.

A democracia garante direitos e liberdades que os regimes ditatoriais excluem da população, direitos como liberdade de formar e fazer parte de organizações, liberdade de expressão, entre outros.

Em 2010 teve início na Tunísia a chamada “Primavera Árabe”. Vários países  foram às ruas contra regimes ditatoriais e opressores, as pessoas lutaram por essas liberdades que eu e você podemos usufruir no Brasil. Nós podemos falar mal de qualquer governo, seja federal, estadual ou municipal. Posso me reunir com pessoas e discutir sobre política , cultura , arte, posso fazer uma música, da forma que achar melhor, posso ler jornais de diferentes posições e que não mostram apenas aquilo que o governo deseja, eu sou livre e tenho direitos e você também. Sim, a democracia possui muitos problemas, e aqui nas terras tupiniquins ainda precisa melhorar em muita coisa para temos uma democracia plena, mas com certeza é bem melhor do que os governos militares .

E esse ano vamos exercer um direito assegurado pela democracia, o direito ao voto. Por sufrágio universal, ou seja, todo mundo pode escolher. Nós vamos poder escolher nosso representantes,  se não gostarmos das opções que serão ofertadas, podemos nos abster e até colocar nosso nome na disputa, e mesmo depois que esses representantes estejam eleitos podemos reclamar, questionar, denunciá-los, dar “pitaco” na administração deles que na verdade é nossa. O povo é o patrão, não o contrário.

Em 2018, desejo um país mais democrático.

Coluna EU POLÍTICO

Patrick de Araújo é ouro-pretano, estudante de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto. Adora fotografia e acredita que é possível ver o mundo de uma forma mais leve através das lentes. Desde que se lembra tem interesse nas questões politicas que rodeiam nosso dia a dia.

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Última atualização em 19/08/2022 às 11:56