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Atlético: conflito entre Kalil e Sette Câmara chega à política do estado

22/04/2020 às 17:29
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Em pleno ano eleitoral no Atlético, o atual presidente Sérgio Sette Câmara e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, estão se distanciando e chegando até a se tornar uma pauta no campo da política do estado de Minas Gerais.
Desde o final de 2019, a ruptura entre Kalil e Sette Câmara foi estabelecida e até comentada pelo ex-presidente do Atlético e atual prefeito de Belo Horizonte. “Eu tenho 2,7 milhões de pessoas para cuidar, ele tem que cuidar do Atlético. Cuida do Atlético para lá e eu cuido da prefeitura para cá. Não converso com ele há um ano e tanto e ele não conversa comigo também, e não tenho problema nenhum. É um distanciamento natural que me faz bem, porque o Atlético é muito sofrimento, ganhar aquela Libertadores foi muito sofrimento, então quer dizer que torcer para o Atlético é um mal”, declarou o prefeito ao blog “Fala Galo”, em novembro do ano passado.
Após isso, em março deste ano aconteceu algo que simboliza uma quebra na parceria entre Kalil e Sette Câmara, que foi a saída de Felipe Kalil do Atlético. Filho do prefeito de Belo Horizonte, o médico que estava no clube desde 2016 pediu demissão do Galo em março deste ano, o que ficou nítido o distanciamento entre o ex e o atual presidente do alvinegro.
E nesta quarta-feira (22), o atual presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, deu mais uma aparição sobre uma suposta “oposição” ao Kalil, ao elogiar o governador Romeu Zema (Novo) em sua conta no Twitter, dizendo: “Exemplo de humildade e honestidade, dirigindo um estado cujo legado histórico de dívidas é absurdo. Nosso governador não faz política com a desgraça alheia e nem decide o destino do povo ao sabor dos votos! É assim que se separa o joio do trigo. Parabéns, Romeu Zema!”.


Para explicar melhor o que esse comentário tem a ver com a ruptura entre Kalil e Sette Câmara, recentemente, durante os tempos de pandemia do novo coronavírus, o atual prefeito de Belo Horizonte tem adotado a prevenção como principal recurso de enfrentamento à doença, sendo um dos primeiros a decretar o isolamento social, fechamento de comércios e obrigatoriedade de máscaras em vias públicas. Além disso, Alexandre também criticou atos do presidente Jair Bolsonaro de comparecer em aglomerações nas ruas em protestos e, também, o governador Romeu Zema, por afrouxar as rédeas no fechamento dos estabelecimentos e cumprir o distanciamento social. Com isso, uma polarização foi criada entre os apoiadores do isolamento e os da reabertura do comércio.

Histórico

Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético e atual prefeito de Belo Horizonte, apoiou a eleição de Sérgio Sette Câmara, que chegou ao clube ainda na gestão de Ricardo Guimarães, chegando a ser vice-presidente administrativo do banqueiro e também, posteriormente, trabalhou com Kalil por muitos anos.

Entretanto, no mandato atual, Kalil, já na prefeitura de Belo Horizonte, se afastou completamente do grupo composto por Rubens Menin, conselheiro do Atlético e proprietário da MRV, Ricardo Guimarães, proprietário do Banco BMG e também conselheiro do clube, e Sérgio Sette Câmara, atual presidente do Galo.

Um dos atos que simbolizou esse afastamento foi a ausência de Kalil na eleição do presidente do Conselho Deliberativo do Atlético em outubro de 2019.

Inclusive, a saída de Felipe Kalil do Atlético teria relação com o ex-presidente do Atlético Ricardo Guimarães. O proprietário do banco BMG teria pedido a demissão do médico por atritos com Alexandre Kalil. Sérgio Sette Câmara teria rejeitado o pedido, porém o assunto chegou até os ouvidos de Felipe, que pediu demissão do cargo.

Cenário eleitoral

Alexandre Kalil, então, está distante do atual grupo que comanda o Atlético e ainda pensa se vai tomar algum partido nas eleições presidenciais do clube, pois o atual prefeito de Belo Horizonte já disse que não pretende nem indicar um candidato. Porém, esse cenário pode mudar até novembro, já que Kalil não está satisfeito com a gestão de Sette Câmara.

Nos bastidores, surgiram alguns nomes que poderiam ser os candidatos da “ala Kalil” nas eleições: Rodolfo Gropen, Luiz César Villamarim e Castellar Guimarães Filho, todos ex-participantes da era Alexandre Kalil (2009-2014).

Já para o outro lado, na “ala Sette Câmara/Ricardo Guimarães” é pensado a possibilidade de reeleição do atual presidente do Atlético, porém, isso irá depender muito dos resultados do Atlético no ano. Em um campo de suposição, para que haja uma possível re-candidatura de Sérgio, seria preciso que o Galo, no mínimo, se classifique para a Copa Libertadores de 2021, já que na atual gestão, o time alvinegro não conquistou nem o título estadual e atualmente foi eliminado precocemente da Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. Por isso, se justifica o “all in” de Sette Câmara ao contratar Jorge Sampaoli para treinador da equipe e Alexandre Mattos para a diretoria de futebol. Além disso, outro fator que pode pesar a favor do atual presidente atleticano é a abertura das obras da Arena MRV que ocorreu na última segunda-feira (20).