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Primeira diretora transexual dirige escola em São Paulo com apoio da comunidade

A educadora Paula Beatriz de Souza Cruz, de 42 anos, é a primeira mulher transexual a se tornar diretora de uma escola na rede estadual de ensino. Desde 2005, Paula dirige a Escola Estadual Santa Rosa de Lima, no Jardim Vale das Virtudes, em São Paulo. É o reconhecimento e respeito pelo trabalho que há 30 anos ela desenvolve como professora, além do direito de viver na condição que escolheu.

Antes de chegar ao cargo, ela trilhou um caminho de mais de 18 anos até assumir sua verdadeira identidade. Mas explica que tudo aconteceu de forma muito natural e respeitosa – também por parte da comunidade escolar. Cerca de 980 alunos estudam nos anos iniciais do ensino fundamental.

Para a educadora, a comunidade escolar não leva em conta o fato de ela ser trans. “Tanto os pais como os alunos reconheceram e assumiram (a mudança) e acho que foi muito além da questão da minha identidade. Foi, realmente, o trabalho que eu venho desenvolvendo na escola e na comunidade em prol de uma educação de qualidade, de uma escola que seja aconchegante, acolhedora”, avalia.

Mas a professora reconhece que esse ainda é um caminho que está sendo trilhado e que o debate de gênero e orientação sexual não pode ficar de fora das escolas – que precisam dar atenção ao tema. Pois, apesar dos avanços, o caminho ainda é longo para que se alcancem novas políticas e a aplicação de leis. Como exemplo, ela cita “a criminalização da homofobia e da transfobia, que está parada e que não é aprovada no Congresso”.

Um levantamento feito pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo revela que 358 estudantes travestis ou transexuais solicitaram o uso do nome social em escolas em todo o estado, entre janeiro e setembro de 2016. Um crescimento de 51% em relação ao mesmo período de 2015.

O artigo primeiro da Constituição brasileira prevê entre seus princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana. O artigo terceiro determina que construir uma sociedade livre, justa e solidária está entre os objetivos fundamentais da Nação. E o quinto afirma que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.

Paula é atuante em diversos movimentos sociais, que ela defende como uma forma de levar informação e auxiliar quem ainda se depara com uma realidade de violência e discriminação.

“Em todos os movimentos que abordem essa temática eu estou presente, para poder falar: olha, é possível. Vamos atrás, contribuir e vamos conseguir.” E reforça que “não se trata de doença, mas realmente da pessoa, que nasce de um sexo biológico, mas pertence a outro”.

Em 2016, a rede estadual de ensino de São Paulo recebeu 15 solicitações de profissionais masculinos para mudança do nome social, por se reconhecerem no gênero feminino.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social  – Ministério da Educação