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80 anos de Caetano Veloso: relembre falas do artista que fizeram história

Nem todas as entrevistas de Caetano foram "lindas". Em algumas delas ele até lavou roupas sujas
16/08/2022 às 11:21
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6 min
Caetano Veloso durante show. Foto: redes sociais/divulgação
Caetano Veloso durante show. Foto: redes sociais/divulgação

Além de um nome importante na construção da identidade cultural do Brasil, Caetano Veloso é também uma personalidade, e como toda boa celebridade ele tem suas falas mais marcantes. Chegando em seus 80 anos neste mês de agosto, Caetano esbanja um olhar positivo, afinal “tudo é lindo”, mas também um olhar apurado sobre questões relevantes. 

Com o crescimento no número de brasileiros nas plataformas digitais, surgiram uma série de trechos de vídeos com Caetano esboçando suas opiniões pra lá de polêmicas. Além dos vídeos o cantor e compositor baiano também virou meme, o mais antigo, “Você é burro cara, que loucura, como você é burro”. 

Outro estilo muito conhecido de Caetano é falar um monte de coisas, explicar e no final dizer “ou não”. Sempre abrindo espaço para outras interpretações, e tentando dizer que ele não é dono de uma verdade absoluta sobre o tema em questão. 

Recentemente em sua participação no programa “Roda Viva”, ao ser indagado por usar o tempo “mulato” em uma de suas canções, o artista respondeu “qual é o problema das mulas?” Além disso, disse que há pessoas no Brasil que querem obrigar os outros a usarem determinadas terminologias para se referir a questões raciais “eu não sou obrigado a concordar”. Sim leitores e leitores, o histórico de respostas mal ou bem dadas (depende da perspectiva de cada um) de Caetano à jornalistas é longo.

Nem todas as entrevistas de Caetano foram “lindas”. Em algumas delas ele até lavou roupas sujas. Além de desentendimentos com brasileiros, o ídolo da Tropicália também trocou farpas com jornalistas internacionais. Conheça algumas de suas falas emblemáticas. 

Falas marcantes de Caetano Veloso

New York Times

Para refutar um comentário infeliz de um jornalista do jornal americano The New York Times, que divulgou que Caetano juntamente com Gilberto Gil “alardeavam a bissexualidade” por usarem um terno com um sarongue paquistanês amarrado na cintura durante a cerimônia do Prêmio Sharp (nome antigo do prêmio da Música Brasileira).

Com os nervos alterados Caetano Veloso soltou frases e mais frases durante entrevista em um programa do Jô Soares, algumas delas foram: “Não tenho medo de New York Times banana nenhuma, não devo nada, não pedi nada a você canalha! Não devo nada, não pedi nada a ninguém, não pedi nem pra sair de Santo Amaro”

Ego

Em um dos programas Ensaio Brasil ao lado de Gilberto Gil, Gal Costa e sua irmã Maria Betânia, a produção perguntou se eles brigavam muito nos bastidores e se havia disputa de egos. A pergunta realmente pode ter sido mal colocada e Caetano Veloso não deixou barato

Em resposta disse ” esse negócio de ego é um negócio muito cafona que você falou aí. É uma moda cafona, parece que as pessoas tem ego num sentido assim… é intelectualmente mal definido isso aí, eu não gosto disso. É uma conversa fiada. Essa palavra ego é uma palavra latina que o Freud nunca usou na vida dele, foram os tradutores ingleses que meteram esse negocio, ele fala ‘o eu’. Eu não tô nessa porcaria”.

A Folha de São Paulo e o “invejoso”

Que Caetano Veloso tem uma autoestima invejável ninguém duvida. Talvez isso seja a fonte de tanta saúde, beleza e lucidez em plenos 80 anos. Em uma de suas entrevistas polêmicas o cantor respondeu a uma crítica escrita por um jornalista da Folha de São Paulo.

Na ocasião o baiano definiu Caio Túlio como “intolerável” e “invejoso doentio”. E disse mais, que o crítico tinha problema com a música popular brasileira pois além de criticar negativamente o seu filme, criticou também um livro escrito por Chico Buarque.

“Tem muita gente que tem problema com a gente de música popular porque a gente é P8O4D#A. Não tem outras explicação. É diagnostico definitivo entendeu? É problema porque a gente é P8O4D#A”.

“Caetano, pajé doce e maltrapilho”

Este foi o título de um artigo de Paulo Francis publicado pela Folha de São Paulo em 1983. Mas antes de entrar na “treta” oficial precisamos rebobinar a fita. Caetano foi levado para uma conversa com Mick Jagger pelo programa “Conexão Internacional”. Durante a conversa entre o astro tropical e o astro do rock, Mick Jagger parece incomodada todas as vezes que Caetano pergunta sobre outros artistas. Ele fez perguntas como “Você viu o disco do Bob Dylan?” e perguntou o que o vocalista dos Rollings Stones achava das críticas de Jonh Lennon em relação ao seu comportamento no palco, segundo Caetano, para Lennon, Jagger deveria ter um comportamento compatível com sua idade durante os shows.

O polemista Paulo Francis aproveitou a oportunidade para desfilar um texto repleto de ofensas à Caetano Veloso. Em resposta, obviamente, Caetano detonou! ” Ele deve ter vontade há muitos anos de me desvalorizar, de desbaratinar tudo o que eu falo e o que eu faço, entendeu. Ele deve ter inveja de mim. Teve ter tido inveja de eu estar com Mick Jagger porque ele fica vislumbrado diante de Mick Jagger, do primeiro mundo. Ele mora em Nova Iorque e não escreve em um jornal de Nova Iorque, escreve pra Folha e aparece na Globo”.

Defendendo João Gilberto

Durante um show de João Gilberto em São Paulo a plateia vaiou o ídolo da bossa nova. Depois do evento, uma jornalista da Globo foi entrevistar Caetano Veloso que prontamente defendeu o colega de carreira:

“Essas pessoas que estavam vaiando são pessoas inaceitavelmente imbecis. Eu tô ali do lado da pessoa mais importante de toda a história da música popular brasileira, não vou ouvir 50, 70 ou 80 imbecis da burguesia paulista vaiando, essa não”.

“Sou narcisista”

Na semana de seu aniversário, que foi dia 7 de agosto, Caetano Veloso publicou um vídeo um tanto curioso em suas redes sociais. Ele ironiza um de seus críticos, “‘Caetano só vive olhando para o seu próprio umbigo, olhando para o próprio umbigo, para o próprio umbigo, esse cara só fala em umbigo. Que eu o via narcisistas, porque Leãozinho’, Leãozinho é uma coisa linda, entendeu. Não entendo o sujeito fala, ‘ah porque é narcisista’. Sou narcisista, mas porque eu sou bonito, e daí?”

Conclusão

É fato que muitos tentaram apagar o brilho de Caetano Veloso, afinal ninguém tenta pagar uma lâmpada que já está apagada, não é mesmo? A persistência e resistência de um brasileiro que hoje é considerado um dos maiores compositores da nossa música serve de inspiração para não desistirmos dos nossos sonhos, sobretudo, não permitir que “os caretas’ nos tire a vontade de vencer e ser aquilo que queremos ser. Afinal, “quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo”, está sujeito a nunca compreender os porquês de tanta “Luz de Tieta”.

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Última atualização em 16/08/2022 às 14:02