Levantamento divulgado pelo G1 mostra que a descoberta de um depósito de terras raras na cratera de um vulcão extinto em Poços de Caldas (MG) provocou uma onda de interesse de empresas. Só entre 2023 e 2024, a ANM recebeu mais de cem pedidos de pesquisa na área, o que representa um terço das autorizações totais concedidas em Minas Gerais no período.
Conhecidas como “unicórnio” da mineração, essas jazidas são chamadas assim por oferecerem abundância em um local de fácil acesso. Estima-se que podem suprir até 20 % da demanda global por esses minerais. Empresas já mapeiam áreas vizinhas como Cabo Verde, Muzambinho e Caconde, em busca de vestígios similares.
Investimentos bilionários e testes bem-sucedidos
A australiana Meteoric Resources assinou um protocolo com o governo mineiro para investir R$ 1 bilhão na exploração da argila iônica em Poços de Caldas, com previsão de operação em 2026 e criação de cerca de 500 empregos.
Já a Viridis Minerals, em seu projeto Colossus, reportou taxas recordes de recuperação de elementos como neodímio e praseodímio em testes metalúrgicos. A empresa considera o local um dos projetos mais promissores para exploração de terras raras na superfície.
Especulação e consolidação de negócios
Segundo especialistas, parte dessa corrida inclui “especulação imobiliária”, com pedidos feitos sem intenção real de mineração, mas sim para negociação futura. A autorização de pesquisa é o primeiro passo, mas poucos projetos chegam à fase de extração.
Empresas regionais também estão atentas. A Anova, de Minas Gerais, pediu sete áreas de pesquisa e planeja instalar uma planta-piloto na zona, vislumbrando ser a primeira mineradora local de terras raras. Outra empresa, RCO Mineração, já negocia direitos em Turvolândia e trava parcerias com investidores estrangeiros.
O que são terras raras e por que importam
Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos essenciais em produtos modernos como ímãs superpotentes, veículos elétricos, telas e turbinas eólicas. Apesar do nome, não são raras, mas exigem concentração econômica para ser viáveis.
A China domina cerca de 70 % da produção e mais de 85 % do refino global dessas matérias-primas, conferindo vantagem econômica e política ao país. O Brasil, por sua vez, detém cerca de 23 % das reservas mundiais, mas sua produção atual representa menos de 1 % do total.