Festa na terra e no céu: o Brasil é preto e branco novamente

O dia 2 de dezembro de 2021 será eternamente lembrado por uma legião de mineiros doentes, apaixonados, fissurados nas cores preto e branco. O atleticano já havia conhecido o paraíso em 2013, lavou a alma em 2014, mas neste ano não é apenas a celebração de um título. É uma revisão, uma justiça, ainda que tardia. É a pura e simples celebração do sentimento.

Em 1971, pais viram o primeiro título brasileiro do Atlético e desde então, eles foram amargurados com vices, erros de arbitragem e um azar inexplicável. Os pais se tornaram avôs, alguns se foram e o Galo não teve em mãos aquela taça que tanto o fez sofrer. O bicampeonato, que era para ser visto com os pais, hoje é visto na companhia dos filhos.

Como disse Mário Henrique Caixa, grande ídolo da Massa, é festa no céu e na terra. Hoje, os que se foram abraçaram seus amigos e familiares que sentiram tanta dor quando os viram partir. A conquista do Brasil após 50 anos é uma grande celebração da “atleticanidade”, é o sentimento e a naturalidade.

Quando se usa a frase “não é só futebol”, quando se fala de Atlético, é além, é uma religião, uma filosofia, um jeito de viver ou mesmo uma doença incurável.

A Massa sempre foi lembrada como a principal razão para não deixar a peteca do Atlético cair, mesmo quando se viu no fundo do poço, em 2006. Mas a grande realidade é que, afinal, o atleticano quer se mostrar para quem? Já reparou que mala é o fulano que chega com o seu carrão e os papos são só sobre suas grandes viagens, marcas caras de roupa que compra e a bebida cara que ele bebe? “Puts”, que cara chato.

Diferente disso, o atleticano só é ele mesmo. Ele é sincero e simples, como aquele canto super engraçado de um torcedor nos tempos antigos no Mineirão que diz: “Galo é Galo e o resto é bosta”. Sua alegria é de viver o Atlético, isso basta.

Um outro ídolo da Massa, o radialista Dudu Graffite, disse um dia antes do jogo diante do Bahia, que o atleticano nunca vestiu o seu Traje de Luta e foi cantar de Galo pra se gabar do que tem com alguém. Ele só é atleticano e ponto final. O título é para festejar, celebrar sua “atleticanidade”.

Apesar de amargurado com as injustiças, a rivalidade com o Flamengo e tudo o que cercou a vida desgraçada do Atlético em busca desse bicampeonato, hoje o atleticano só quer sorrir. O canto “vou festejar o teu sofrer” é para nunca esquecer do passado, mas também para permitir que o presente lhe abrace e que lhe faça feliz.

E para fazer só uma pequena constatação sobre o jogo contra o Bahia. Pelo amor de Deus, o que foi aquilo? A ida do inferno até o céu em cinco minutos?! É isso mesmo? Keno de Deus, o que você virou nessa reta final de Campeonato Brasileiro. Futebol de craque, que sorte tem o Galo!

Ah! Antes que eu me esqueça, e o Galo?

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Atlético, o time de reis

TEXTO: RÔMULO SOARE FOTOS: PEDRO SOUZAS ARTE: RODOLPHO BOHRER