Que DJ Pátrida já é patrimônio de Ouro Preto, ninguém pode negar! Pátrida é destaque nesta 19ª edição da CineOP. Ele realizará diversas apresentações em parceria com outros artistas. Mas o que está por trás de um dos artistas mais prestigiados da Região Inconfidentes? Como foi sua trajetória de vida e em que momento houve o despertar para a música? Essas e outras questões, ele mesmo respondeu em entrevista ao portal Mais Minas.
Com uma agenda cheia de shows, Pátrida se divide entre sua arte e produções alheias. Além de suas discotecagens, que têm como tônica a difusão e mescla de elementos sonoros afro-indígenas, o artista também é produtor musical, o que o tornou proprietário do selo musical Ladeira Records, onde descobre, produz e incentiva outros artistas da região.
Aos 30 anos de idade, Henrique Soares (Pátrida) faz da música seu instrumento de comunicação e respeito à sua ancestralidade. Quer saber mais sobre essa personalidade? Veja detalhes abaixo.
Entrevista com DJ Pátrida
Elis Bohrer (Mais Minas): Como surgiu o interesse pela música?
DJ Pátrida: Olá, é um prazer estar aqui. Minha vida foi bastante conturbada em alguns momentos, mas foi justamente a música que me mostrou outros caminhos e me salvou. Desde pequeno, sempre fui apaixonado por música. Cresci em Ouro Preto, cercado por uma rica herança cultural, mas foi a música que realmente me ajudou a encontrar meu lugar e propósito.
Elis Bohrer (Mais Minas): Quais foram suas primeiras referências, que lhe trazem memória afetiva?
DJ Pátrida: Minha maior referência até hoje é, sem dúvida, minha mãe. Ela sempre foi uma grande inspiração para mim. Além de ser apaixonada por música, ela é dançarina e até hoje participa dos eventos que organizo. Ver sua alegria e energia na pista de dança me motiva a continuar fazendo o que faço.
Elis Bohrer (Mais Minas): Em que momento você decidiu fazer discotecagem?
Sempre fui muito ligado à música, mas durante minha adolescência, enfrentei muitos desafios. Foi nesse período que a música se tornou minha válvula de escape e uma forma de expressão. Encontrei na discotecagem e na produção musical o meu lugar. A partir de muitas pesquisas por sonoridades, criando um acervo de vinil e digital e até algumas fitas K7, percebi o poder que a música tem de conectar as pessoas e transformar ambientes. Isso me fascinou. Aos poucos, comecei a brincar com equipamentos de DJ, fazendo mixagens simples e percebendo a alegria que isso trazia para mim e para os outros, afirmando a ancestralidade musical que impulsiona essa cultura moderna contemporânea, que me faz sentir vivo.
Elis Bohrer (Mais Minas): Sabemos que você tem um selo. Conte um pouco sobre esse trabalho de produção musical que você desenvolve. Quais artistas estão no seu rol atualmente? Muitos talentos no radar?
DJ Pátrida: Claro, é um prazer falar sobre o Ladeira Records. Fundamos o selo em 2017 com a ideia de apoiar e promover a música local de Ouro Preto e região. Desde o início, nosso trabalho tem sido focado em parcerias colaborativas, onde não cobramos nada dos artistas. Acreditamos firmemente no estudo e no potencial da nossa cultura local e queremos criar um ambiente onde os artistas possam se desenvolver e alcançar novos públicos.
Atualmente, estou produzindo vários artistas talentosos. Um deles é DILLY, de Itabirito, que está trazendo um som autêntico e vibrante. Também temos parcerias com a talentosa cantora MAJU, e estamos produzindo um EP do cantor Renatin. Esse projeto com Renatin é especial porque explora várias referências da música afro-brasileira e traz mensagens poderosas nos instrumentais que eu criei. Uma das músicas, “Alodê,” está programada para sair com um clipe em agosto ou setembro, contando com a participação de vários artistas locais.
Além disso, estou produzindo um álbum com a cantora, pesquisadora e professora MO Maie. A primeira música desse projeto, intitulada “Xikomba,” já foi lançada e tem recebido uma ótima resposta. Este ano, ainda temos muitas surpresas planejadas, incluindo um álbum instrumental eletrônico e um cypher com vários artistas de Ouro Preto e região.
Infelizmente, a falta de editais e apoio para fomentar a arte local atrasa um pouco o nosso processo. No entanto, seguimos com muita determinação e paixão pelo que fazemos. Acreditamos no poder transformador da música e estamos comprometidos em continuar apoiando e promovendo nossos artistas locais.
Elis Bohrer (Mais Minas): Constantemente você está na programação dos principais eventos de Ouro Preto. Como é ser um dos principais nomes artísticos de uma cidade tão importante?
DJ Pátrida: É uma honra imensa ser reconhecido como um dos principais nomes artísticos de Ouro Preto. A cidade tem uma rica herança cultural e histórica, e fazer parte dessa tradição é algo muito especial para mim. Cada evento é uma oportunidade de celebrar nossa cultura, conectar com as pessoas e compartilhar a energia única que a música traz.
Ouro Preto é uma cidade vibrante, com uma cena cultural diversificada, e isso sempre me inspirou. Poder contribuir para essa cena e ver a resposta positiva do público é extremamente gratificante. Além disso, estar envolvido nos principais eventos da cidade me permite promover novos talentos e colaborar com outros artistas locais, o que é uma das minhas grandes paixões.
Ser reconhecido aqui é também uma responsabilidade. Quero sempre trazer o melhor da minha música e proporcionar experiências memoráveis para o público. E, claro, continuar apoiando e desenvolvendo a cultura local através do meu trabalho com o selo Ladeira Records e a Ladeira Produções. A música tem um poder transformador, e estou comprometido em usar essa força para enriquecer ainda mais a vida cultural de Ouro Preto.
Elis Bohrer (Mais Minas): Quais são suas expectativas para a 19ª edição da CineOP?
DJ Pátrida: Estou muito empolgado para a 19ª edição da CineOP. Este evento é um marco importante no calendário cultural de Ouro Preto e sempre traz uma programação rica e diversificada. Para mim, é uma oportunidade incrível de me conectar com outras formas de arte e contribuir com a minha música para esse ambiente criativo.
Minhas expectativas são altas, tanto em termos de troca cultural quanto de colaboração artística. Espero ver muitos talentos emergentes e estabelecidos apresentando seus trabalhos, e também estou ansioso para colaborar com outros artistas durante o evento. A CineOP é uma plataforma fantástica para mostrar o que temos de melhor na nossa cultura, e poder fazer parte disso é muito gratificante.
Elis Bohrer (Mais Minas): Quer deixar alguma mensagem aos leitores do Mais Minas?
DJ Pátrida: Gostaria de agradecer pela oportunidade de compartilhar um pouco da minha história e do meu trabalho. É sempre um prazer falar sobre a música e a cultura de Ouro Preto, que são tão importantes para mim.
Quero deixar uma mensagem de incentivo para todos os artistas e amantes da música: nunca subestimem o poder da arte de transformar vidas e conectar pessoas. Continuem explorando suas paixões, investindo no seu talento e colaborando com outros. Acreditem no potencial da nossa cultura local e na força que temos.
Também quero reforçar a importância de apoiar iniciativas culturais e artísticas, especialmente em tempos em que os recursos podem ser escassos. A falta de editais e apoio financeiro é um desafio, mas com criatividade e determinação, podemos continuar produzindo e promovendo arte de qualidade.
Espero ver todos vocês na 19ª edição da CineOP e nos eventos da Ladeira Produções e em outros eventos pela cidade. Vamos continuar celebrando a música, a arte e a cultura de Ouro Preto com muita energia e entusiasmo.
Muito obrigado a todos, e até a próxima!
A CENA É NOIX: Intervenção na 19ª edição da CineOP
Uma das apresentações do DJ Pátrida na CineOP será na intervenção “A Cena é Noix”, que neste ano conta com a participação de Maju, Alves AXV, Renatin, Mo Maie, Kinte, CIGVNX, Movimento TT1, entre outros convidados.
“Já estamos na nossa terceira edição levando essa intervenção para o festival, e é uma proposta que apresentei à produção da CineOP, que generosamente abriu espaço para que possamos mostrar um pouco da arte produzida em Ouro Preto e na região”, conta Pátrida.
“Quero agradecer à produção da CineOP por acreditar na nossa proposta e a todos os artistas que se juntam a nós nessa jornada. É emocionante ver a arte local ganhando visibilidade e espaço em um evento tão importante”, comunica o DJ.
O Sesc Cine Lounge Show se prepara para receber e celebrar o cinema, sendo o espaço dos grandes shows musicais da Mostra, entre eles o de Paulinho Moska. Um dos pontos altos será a noite mais que especial de 24 de junho, em que o Sesc receberá DJ Pátrida, que estará na intervenção “A Cena é Noix”, e o grupo Francisco El Hombre.
“Agradeço muito a equipe do jornal Mais Minas por essa oportunidade”, encerra Pátrida.
Agenda do mês de junho do DJ Pátrida
Se você é admirador das produções do DJ Pátrida, fique ligado, pois neste mês ele fará diversos shows. Veja!
22/06/2024: CineOP – a partir das 22h: DJ Pátrida, Orquestra Atípica de Lhamas convida Felipe Cordeiro
23/06/2024: CineOP – a partir das 21h: DJ Pátrida, Adriana Araújo convida Silvia Gomes cantando Alcione
24/06/2024: CineOP – a partir das 21h: DJ Pátrida, A Cena é Noix, Francisco El Hombre
29/06/2024: Ladeira Produções, Festa Arraiá Psicodélico convida Furmiga Dub (PB), entre outros artistas
Se você ainda não conhece o trabalho artístico de DJ Pátrida, não perca tempo: