Nesta terça-feira (7), completam-se 30 anos da morte do cantor e compositor, ex-frontman da banda Barão Vermelho, Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza. Nesta data de lembrança do artista, diversos artigos sobre seu símbolo dentro do rock n’ roll brasileiro foram publicados, porém, aqui será falado sobre sua obra e personalidade que ultrapassa o gênero.
Devido a década de 1980, Cazuza ficou conhecido como um símbolo do rock, lançando seus três discos com o Barão Vermelho e fazendo apresentações icônicas com a banda, como a do Rock in Rio de 1985, que abriu para Gilberto Gil e Yes.
Nessa época, Cazuza já havia marcado a história da música brasileira, com os discos “Barão Vermelho” de 1982, “Barão Vermelho 2” de 1983 e “Maior Abandonado” de 1984, o cantor, com a parceria de Frejat, já havia composto músicas como “Down em Mim”, “Bete Balanço” e “Pro Dia Nascer Feliz”. Entretanto, mesmo com toda essa desenvoltura e aptidão do artista, Agenor não conseguir se ater apenas rock, como o guitarrista da banda preferia.
Daí então nasce um artista completo, desenvolto em diversos estilos, personalidades e performances. Talvez um cantor “pós-Ney Matogrosso” (curiosamente a citação não é em decorrência ao relacionamento do cantor e Cazuza), mas que com sua essência se tornou único e trouxe poesia. Clássicos da história da música brasileira vieram então na carreira solo de Cazuza, “Exagerado” de 1985, “Ideologia” de 1985, “O Tempo Não Para” de 1989. Que baitas discos. Falar de drogas, crítica política, existencialismo, sexualidade naquela época, que parece não tão distante, mas é, lembra o que Secos e Molhados fez, o que os Mutantes fizeram e outros mais que estavam à frente de seu tempo.
Vamos pedir piedade, “senhor, piedade!”, isso que vem do “Blues da Piedade”, também vem do coração, da poesia, da bossa nova e do MPB. Mais uma vez, que artista brasileiro era Cazuza. Essa música foi escolhida para ser citada neste artigo não é à toa, mas porque nos tempos em que o munido, e principalmente o Brasil está passando, é preciso pedir, orar, cantar e recitar.
Além disso tudo, Cazuza prestou um importante papel como um símbolo de uma geração que também teve a presença terrível do vírus HIV. Ele, após ser diagnosticado em 1987, foi o primeiro ídolo brasileiro a trazer à tona que contraiu o vírus, o que deu visibilidade a necessidade de informação e conscientização da doença.
Infelizmente, em 7 de julho de 1990, aos 32 anos, por causa de um choque séptico causado pela Aids, Cazuza faleceu e foi enterrado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Em sua lápide está escrito seu nome artístico e sua frase mais emblemática: “o tempo não para”. E não para mesmo, mesmo que passem eras difíceis de serem vividas, como esta, mas que a arte e poesia continue assolando e enchendo os corações de esperança. Assim como a mãe do cantor, Lucinha, conduz a Sociedade Viva Cazuza, que trabalha com a comunidade de pessoas soropositivas e fazem com que o mundo seja um lugar melhor.
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