Estação de Engenheiro Corrêa

O dilema da esquerda nas eleições ouro-pretanas

Pedro Luiz Teixeira de Camargo

Já a algum tempo tenho abordado sobre essa questão nas minhas colunas e hoje volto a essa temática: o difícil dilema da esquerda ouro-pretana.

Historicamente a esquerda da cidade se divide entre PT, PCdoB e alguns militantes independentes, só recentemente se registrou o PSOL no município.

As demais legendas, apesar de ter um ou outro filiado, não existem do ponto de vista prático, que é diretório constituído e reconhecido pela direção estadual.

Ah, cabe destacar que o PSB e o PDT de Ouro Preto infelizmente, apesar de sua veia nacional trabalhista, não seguem essa lógica, estando localmente no campo bolsonarista (apesar da resistência de alguns poucos militantes).

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Bom, abordaremos então essas três legendas.

A primeira que vamos falar é o PSOL, com presença entre professores da UFOP e IFMG, ainda é ínfimo por aqui, tendo pouca participação social e militância.

Se pensarmos na política sectária que o partido adota nacionalmente, o caminho mais provável será de uma candidatura para marcar terreno, tanto para prefeito como para vereador.

Esperamos que, ao contrário das outras eleições, dessa vez o partido não morra após o pleito de outubro (se não mudar), o que, sinceramente é bastante difícil.

Após falarmos do menor das agremiações de esquerda registradas, vamos para a maior, que é o PT.

Com mais de vinte cargos, dois vereadores recém filiados e três secretarias, o partido que até pouco tempo atrás era oposição, hoje é uma das principais legendas de sustentação do governo Júlio Pimenta, indicando o caminho que parece indicar ser o mais provável que seja tomado pela direção petista.

Falamos direção petista, pois existe um grupo dentro do partido que defende candidatura própria, entretanto, são minoria.

Mesmo que não pareça, a verdade é que na hora da convenção não terão como pleitear outro caminho, dando a opção (mais provável) de não seguirem o direcionamento da cúpula partidária, optando pelo caminho de apoiar o nome psolista ou, seguir a estratégia do PCdoB.

Os comunistas, uma das mais antigas legendas da cidade, datando de 1988, optaram por uma nova tática dessa vez.

Sob o argumento de estarem cansados das eleições binárias, optaram por um caminho próprio ou, segundo os próprios, de terceira via, abrindo diálogo com quem pense diferente da já citada lógica binária e apresentando uma pré-candidatura a prefeito, a do médico da UFOP, Dr.

Tuian Cerqueira.

Seguindo a orientação nacional de Frente Ampla, onde se exclui apenas o partido de Bolsonaro, Novo e PSL, o PCdoB propõe com seu pré-candidato realizar um amplo debate sobre o caminho da cidade, publicizando inclusive o que chamam de “Carta de Ouro Preto”, a proposta do partido para governar o município.

Bom, analisando friamente, constatamos com tristeza que a esquerda ouro-pretana tende a sair separada, o que aumenta seriamente a chance do próximo governo vencedor não empunhar pautas progressistas, o que é preocupante.

Pelo andar da carruagem, podemos assistir novamente cada partido em uma candidatura, o que nos deixa apenas a opção de torcermos para que o vencedor das eleições de 2020 seja alguém que tenha apoio ou seja desses partidos, do contrário veremos a cidade, mais uma vez, sem se preocupar com o mais importante dos atores de Ouro Preto: sua gente.

Até a próxima.

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Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe) é Biólogo e Professor, Dr. em Ciências Naturais e Docente do IFMG.