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CAPA Arte, Cultura e Patrimônio

“O Ronco da Cuíca” de João Bosco e Aldir Blanc deveria ser o hit do momento no Brasil

Elis Bohrer Por Elis Bohrer
3 de agosto de 2025
em Arte, Cultura e Patrimônio
A A
Cantor e compositor brasileiro João Bosco. Foto: Facebook/João Bosco

Cantor e compositor brasileiro João Bosco. Foto: Facebook/João Bosco

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“O Ronco da Cuíca” é o nome de um dos álbuns de música mais criticados de João Bosco.

Lançados em 1989, o CD e a música são verdadeiros legados para a música popular brasileira e remetem a uma triste realidade que nunca se afastou do Brasil, embora seja divulgado o contrário: a fome.

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Esta música foi composta em parceria com Aldir Blanc.

Ela deveria ser o hit do momento no Brasil. 

O samba com um andamento mais acelerado, podemos dizer tocado mais rápido até do que os enredos, característica marcante, comuns nas composições de João Bosco, “O Ronco da Cuíca” é uma canção que faz uma profunda crítica à miséria no maior país da América Latina. 

O compositor usou um objeto musical de grande relevância para a cultura nacional , o que o desobriga a usar o nome do país que gostaria de indicar.

A cuíca, é um dos mais importantes instrumentos no que se refere ao samba, música nascida no Brasil.

Embora seja simbólica para a história do país, ela não surgiu aqui, mas foi trazida por pessoas negras naturais do Sul da África, mais especificamente dos povos Bantos, que no período do Brasil Colônia represetavam 75% dos negros escravizados no país. 

Ainda sobre a cuíca, devemos destacar o seu valor musical.

Ela é produzida em madeira, se assemelha a um tambor, contudo possui uma espécie de vareta ou bastão na parte inferior que fica acoplada no centro inferior.

Para conseguir tirar um som, que é mais popularmente conhecido como ronco, o músico precisa pressionar, com o dedo, o lado externo da cuíca. 

Em suas genialidades, os compositores conseguiram linkar, colocando uma problemática social que ocorre em dois lugares do mundo, o continente africano e o Brasil , em apenas uma frase. 

“Roncou, roncou, roncou de raiva a cuíca, roncou de fome”, aqui o artista cria um paralelo entre o ronco da cuíca, um instrumento importante para Brasil e África e o ronco do estômago, som que comumente ocorre quando uma pessoa sente fome. 

Antes de iniciar a música  o mestre recita um texto muito curioso chamado “Genesi”,  que alude a religiões de matriz africana, criando um diálogo entre um mestre espiritual e um devoto, que faz parte de contos brasileiros, um desses, inclusive, pode ser conferido no filme “O Homem que Desafiou o Diabo”.

Assim como o som instrumental da introdução que se aproxima ou tenta expressar o momento de transe espiritual que acontece durante as sessões destas religiões. 

Outra versão para a introdução “Gênesis” é de que os compositores Aldir Blanc e João Bosco tenham trazido à tona a questão do sincretismo religioso, pois em alguns momentos parecem estar se referindo a Jesus Cristo.

Na versão do DVD ao vivo “Obrigado Gente”, ocasião em que definitivamente João Bosco “chama a África”, essas características ficam bem explícitas.

Confira o trecho de “Gênesis”:Quando ele nasceu

Foi no sufoco

Tinha uma vaca, um burro e um louco

Que recebeu Seu Sete

Quando ele nasceu

Foi de teimoso

Com a manhã e a baba do tinhoso

Chovia canivete

Quando ele nasceu

Nasceu de birra

Barro ao invés de incenso e mirra

Cordão cortado com gilete

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Quando ele nasceu

Sacaram o berro

Meteram faca, ergueram ferro

Aí Exu falou: Ninguém se mete!

Quando ele nasceu

Tomaram cana

Um partideiro puxou samba

Aí Oxum falou: Esse promete!

Retornando para “O Ronco da Cuíca”, além de uma crítica em relação a fome, ele também critica o sistema que tenta calar os agitadores no país, ou seja, aqueles que reclamam da má administração do dinheiro público e má gestão da economia, “ alguém mandou, mandou parar a cuíca, é coisa dos home”. 

Para o trecho da música descrito acima também há uma segunda (e outras tantas) interpretação, ele pode ter se referido ao período pós abolição da escravatura, no final do século XIX e início do século XX, em que era proibido tocar samba no Brasil, pois os lugares em que a música era executada eram vistos como verdadeiros “centros de perdição”, além de sujos e perigosos.

Por isso “mandou parar a cuíca”. 

Hoje sabemos que tais antigas leis nada mais eram do que o preconceito com a cultura negra.

Semelhante ao que ocorre com o funk carioca atualmente, entretanto este último não é proibido, embora seja mal visto ou ouvido. 

João Bosco e Aldir Blanc continuam a crítica, desta vez falando sobre a involução humana, com tantas coisas maravilhosas que podemos criar, criamos sentimentos como a raiva que é possível de ser domada e situações como a desigualdade social, que já fugiu do controle das autoridades, ou talvez sequer estes tiveram a preocupação em cessá-la. “A raiva dá pra parar, pra interromper, a fome não dá pra interromper,  raiva e a fome é coisas dos home.”

A ainda nesse “diálogo” em looping entre raiva e fome, os autores chegam à conclusão de que no caso da miséria, pensando na quantidade de pessoas vulneráveis como crianças, mulheres grávidas, idosos, enfim todos que estão às margens da sociedade precisam sentir revolta para que essa triste realidade possa um dia mudar.

E repete que a fúria e a pobreza são criação dos homens “A fome tem que ter raiva pra interromper.

A raiva é a fome de interromper.

A fome e a raiva é coisas dos home”.

Por que a música deveria hitar hoje no Brasil?

Um estudo realizado pelo “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil” revelou em outubro deste ano (2021)  que pelo menos 20 milhões de pessoas estão passando mais de 24 horas sem se alimentar no Brasil.

O estudo contou com a visita de agentes públicos em 1.662 domicílios urbanos e 518 rurais.

As entrevistas foram realizadas entre 5 e 24 de dezembro de 2020. 

Com o advento da pandemia do coronavírus, cresceu o número de pessoas presas por roubar alimentos em supermercados.

Estamos assistindo frequentemente a cenas como de pessoas procurando ossos de animais para se alimentarem ou revirando lixo para encontrar sobras de comida. 

Nos tempos atuais os pensadores ou agentes culturais, ou seja, as pessoas que trazem um pouco de reflexão e revolta através de suas artes parecem estarem cegos ante a tamanha tristeza, ou quando se manifestam, parece ser em nome de um partido político, para agradar “fulano” ou provocar “cicrano”. 

Assim como na política, estamos culturalmente corrompidos.

E quando as artes se calam o povo padece por falta de expressão.

Enquanto isso memes, dancinhas e vídeos engraçados viralizam, afinal “o brasileiro precisa de um pouco de alegria para esquecer as tristezas”, se esquecendo que em terras tupis “tristeza não tem fim, felicidade sim”. 

“O Ronco da Cuíca” com João Bosco

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Elis Bohrer

Elis Bohrer

Amante da música, compositora e formanda em Jornalismo. No Mais Minas é redatora nas editorias de entretenimento, cidades e moda. Também atua como repórter do portal O Noroeste. [email protected]

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