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A cidade de Congonhas, localizada na Região Central de Minas Gerais, pode estar enfrentando um ponto de inflexão em sua história econômica. Segundo informações publicadas pelo Correio de Minas, o prefeito Anderson Cabido (PSB) afirmou, em reunião com vereadores realizada na manhã de segunda-feira (25), que a mineração, base econômica histórica do município, tornou-se insustentável nos moldes atuais.
A declaração ocorre em um momento em que a cidade ultrapassa 7 mil empregos formais no setor extrativista e vivencia os reflexos sociais e ambientais de uma atividade que, embora fundamental para o crescimento de Congonhas, também apresenta desafios estruturais.
Transformar o modelo econômico
Durante o encontro com os parlamentares, o chefe do Executivo destacou que, apesar da importância econômica da atividade mineral, os “impactos ambientais, sociais e econômicos chegaram a um nível insuportável”. Para Cabido, o futuro de Congonhas exige uma transformação qualitativa da mineração, com práticas mais sustentáveis e menor ênfase na produção em larga escala. O prefeito ainda relatou visitas recentes às escolas da cidade, onde constatou que muitas crianças aspiram seguir carreira no setor mineral.
“Nada contra a atividade, mas seria muito mais desejável ouvir essas crianças sonhando com carreiras como a medicina, enfermagem ou educação”, observou.
O discurso do prefeito reflete uma inquietação que se estende a outras lideranças municipais e especialistas, que apontam a urgência de um modelo econômico mais diversificado. A atual estrutura econômica da cidade, centrada na extração mineral, não apenas aumenta a vulnerabilidade do município a oscilações de mercado, como também dificulta a implantação de políticas sustentáveis de longo prazo.
Dependência e impactos da mineração
Dados do mercado formal de trabalho revelam que, em 2017, cerca de 6.500 trabalhadores estavam empregados diretamente na mineração em Congonhas. Esse número vem aumentando gradualmente, superando a marca dos 7 mil postos em anos subsequentes. Ainda que esses dados indiquem o peso do setor na geração de renda e ocupação, também escancaram uma dependência crítica: a economia de Congonhas está profundamente ligada a um único setor produtivo.
Essa dependência tem consequências múltiplas. Entre elas estão os impactos ambientais causados pela exploração intensiva, como a degradação do solo e dos recursos hídricos. Há ainda reflexos sociais, como o aumento de problemas de saúde pública e pressão sobre os serviços urbanos. O modelo de desenvolvimento, fortemente calcado na mineração, compromete a busca por alternativas sustentáveis e diversificadas.
Para o prefeito Anderson Cabido, esse cenário exige a reformulação do papel da mineração no futuro do município. Ele defende um modelo que não apenas reduza os impactos negativos, mas que também promova formas de desenvolvimento que priorizem a qualidade de vida da população, a proteção ambiental e a segurança econômica.
O discurso também representa um convite para que o setor empresarial, gestores e a sociedade civil reflitam sobre os rumos de Congonhas. A urgência dessa discussão se torna mais evidente diante da afirmação do prefeito de que a mineração “não é mais suportável” nos moldes atuais. A transformação defendida por ele passa por investimentos em educação, formação profissional em áreas diversas e políticas de incentivo a novos setores produtivos.
Dados da CFEM em Congonhas em 2024
No primeiro bimestre de 2025, o município arrecadou R$ 52.487.446,31 com a CFEM, o que representa R$ 17 milhões a menos se comparado com o mesmo período em 2024, quando foram arrecadados R$ 69.838.443,60.
A CFEM é uma Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais . É uma espécie de tributo específico pago pelas empresas mineradoras ao Estado como forma de compensação pelo uso de recursos minerais não renováveis, que pertencem à União. Foi instituída pela Lei nº 7.990/1989 e regulamentada pelo Decreto nº 1.985/2001 , sendo hoje gerida pela Agência Nacional de Mineração (ANM) .
Para onde vai o dinheiro da CFEM?
A arrecadação é distribuída da seguinte forma:
- 10% para a União (via ANM)
- 60% para o município produtor (onde ocorre a destruição)
- 15% para o estado onde se localiza o município produtor
- 15% para municípios afetados pela atividade mineradora