Diretores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) defenderam na terça-feira (24 de junho), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, os projetos de lavra na Serra do Esmeril e de implantação da pilha de estéril Batateiro 4, em Congonhas. Segundo a empresa, as ações não visam expandir, mas sim manter a produção atual da Mina Casa de Pedra, considerada a mais antiga em operação no Brasil.
Durante a audiência pública da Comissão de Minas e Energia, a diretora de Sustentabilidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da CSN, Helena Brennand Guerra, esclareceu que o minério disponível na cava da Casa de Pedra está se tornando escasso.
“A frente de lavra na Serra do Esmeril é essencial para que a produção de 22 milhões de toneladas por ano seja mantida. Sem isso, a produção começa a cair já no ano que vem”, afirmou.
A representante da CSN destacou que os novos projetos envolvem áreas de propriedade da companhia desde 1940, sem necessidade de uso de áreas de terceiros. Sobre o impacto ambiental, Helena garantiu que não haverá interferência no lençol freático.
“A lavra será realizada na encosta da serra, sem rebaixamento de aquíferos. As nascentes que alimentam o Córrego do Xavier serão preservadas”, disse, respondendo às preocupações apresentadas pelo prefeito de Belo Vale, José Lapa dos Santos.
O modelo proposto, de lavra em tiras, foi apontado como inovador. A ideia é que, à medida que uma faixa é minerada, a anterior já esteja sendo revegetada e reconformada. “O processo será contínuo e simultâneo: lavra, recuperação e avanço”, explicou Helena.
Controle de poeira e mitigação de ruídos
Entre as medidas de mitigação que estão sendo aplicadas durante o licenciamento, estão o uso de sensores, painéis de controle ambiental, mapas de calor, drones e cortinas verdes.
“A comunidade mais próxima está a mais de dois quilômetros da área da cava. O impacto sonoro será mínimo. Já para o controle de poeira, teremos uma atuação intensiva com tecnologia e plantio de milhares de mudas”, destacou a diretora.
Apoio institucional e dados econômicos
O diretor de Investimentos da CSN, Otto Levy Reis, lembrou que a companhia emprega diretamente 10 mil pessoas em Congonhas e repassou cerca de R$ 7 bilhões em impostos e contribuições nos últimos quatro anos. “É uma atividade que gera desenvolvimento, emprego e receita para o Estado”, defendeu.
Pedro Oliveira de Sena Batista, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), reforçou que a mineração é considerada atividade de utilidade pública e que o Estado atua na busca por uma mineração sustentável. Já Miller Gazolla, do InvestMinas, destacou que Minas Gerais lidera projetos voltados à descarbonização e foi o primeiro Estado a assinar o Acordo de Paris sobre o clima.
Opinião de ambientalistas e parlamentares
Fernando de Oliveira Paula, presidente da ONG Zeladoria do Planeta e conselheiro do Copam, disse que os aspectos ambientais do projeto estão sendo avaliados com responsabilidade. “A pilha de estéreis não representa um fim. Pode haver reaproveitamento futuro do material”, pontuou.
O deputado Gil Pereira (PSD), presidente da comissão, avaliou positivamente a audiência. “As pessoas têm receio das pilhas de rejeito, e essa foi uma oportunidade de tirar dúvidas. Precisamos da mineração para a transição energética, mas com responsabilidade”, concluiu.
O deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) também se manifestou: “As mineradoras devem sempre mostrar o que será feito com o entulho. A transparência é essencial”.
A audiência está disponível no canal da ALMG no YouTube.
CSN Mineração em Congonhas
A CSN Mineração atua em Congonhas por meio da Mina Casa de Pedra, considerada a mais antiga em operação contínua no Brasil. Com mais de sete décadas de atividade, a unidade é uma das principais responsáveis pela produção de minério de ferro da Companhia, atingindo atualmente cerca de 22 milhões de toneladas por ano.
Atualmente, o empreendimento está em fase de expansão, com investimento de R$ 8 bilhões. Apesar dos avanços tecnológicos e da geração de emprego, esse projeto de expansão enfrenta críticas significativas de moradores, ambientalistas e entidades locais. A principal preocupação está nos impactos ambientais, sociais e culturais da expansão, além de questões relacionadas à segurança das operações mineradoras em uma zona urbana densamente habitada.
Por outro lado, a empresa defende a legalidade de seus projetos e afirma adotar medidas para minimizar impactos ambientais e sociais na região.