A Mina Du Veloso, localizada em Ouro Preto (MG), passou a integrar o recém-lançado Guia do Afroturismo no Brasil – Roteiros e Experiências da Cultura Afro-Brasileira, elaborado pelo Ministério do Turismo em parceria com a UNESCO. O lançamento oficial ocorreu no dia 10 de julho, durante cerimônia em Belém (PA), com a presença do ministro Celso Sabino e da ministra interina da Igualdade Racial, Roberta Eugênio.

A publicação reúne 43 experiências turísticas protagonizadas por afroempreendedores e comunidades tradicionais em todas as regiões do país. Em Minas Gerais, apenas três iniciativas foram selecionadas, entre elas a Mina Du Veloso, que se destaca por sua preservação da memória do trabalho dos negros na mineração e pela resistência cultural de seus moradores.
A Mina Du Veloso é reconhecida por sua importância histórica e social. Formada por descendentes de trabalhadores escravizados que atuaram nas lavras coloniais, o local abriga patrimônios materiais e imateriais que compõem o circuito cultural da cidade de Ouro Preto. A comunidade resiste há décadas à invisibilização e à descaracterização de sua história, hoje cada vez mais reconhecida como parte vital do legado afro-brasileiro.
A inclusão no Guia Nacional do Afroturismo reforça esse reconhecimento e contribui para fortalecer o turismo de base comunitária na região. A publicação ressalta que o espaço oferece não apenas uma experiência cultural e educativa, mas também fomenta geração de renda local por meio de visitas guiadas, gastronomia típica e oficinas de saberes tradicionais.
De acordo com o Ministério do Turismo, o Guia representa uma etapa importante no avanço das políticas públicas voltadas à promoção da cultura afro-brasileira e ao enfrentamento das desigualdades estruturais. O documento foi elaborado por meio de chamada pública e curadoria criteriosa, priorizando iniciativas com atuação regular, presença no Mapa do Turismo Brasileiro e protagonismo negro.
“O afroturismo é uma ferramenta potente para ampliar oportunidades econômicas e celebrar a contribuição essencial da população negra para a nossa identidade nacional”, afirmou o ministro Celso Sabino durante o lançamento. A ministra em exercício da Igualdade Racial também destacou a iniciativa como forma concreta de combate ao racismo estrutural e promoção de justiça e memória.
Além da Mina Du Veloso, o Guia contempla roteiros como o Museu da Abolição em Recife (PE), a Rota dos Terreiros em Salvador (BA) e o Museu Afro Brasil em São Paulo (SP). O Sudeste é uma das regiões com maior número de roteiros incluídos: 16, ao lado do Nordeste, seguido do Norte (5), Centro-Oeste (4) e Sul (2).
Potencial turístico e combate à desigualdade
O documento alinha-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial aos ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico) e 10 (redução das desigualdades). O afroturismo, segundo os autores, é também uma forma de estimular o protagonismo das populações negras na construção de narrativas históricas, artísticas e econômicas.
No caso de Ouro Preto, a presença da Mina Du Veloso no Guia reforça a importância de inserir os roteiros negros no circuito turístico tradicional, muitas vezes limitado à estética colonial. Trata-se de ampliar a noção de patrimônio histórico para incluir as memórias da população negra que construiu a cidade e que até hoje permanece à margem da visibilidade cultural e econômica.
Acesse o guia completo no site oficial do Ministério do Turismo:
https://www.gov.br/turismo
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