PUBLICIDADE
Ad 11

Igreja de Santa Efigênia preserva legado do barroco afro-brasileiro em Ouro Preto

A Igreja de Santa Efigênia, anteriormente conhecida como Capela de Nossa Senhora do Rosário, é um dos principais marcos históricos de Ouro Preto (MG). Sua construção teve início em 1733 por iniciativa da Irmandade do Rosário, composta majoritariamente por africanos escravizados, e foi finalizada apenas em 1785. A decisão de erguer um novo templo surgiu após desentendimentos com membros brancos na antiga Capela do Padre Faria, o que levou a irmandade a buscar um espaço próprio para seus cultos e celebrações.

O projeto inicial pode ter contado com a colaboração de Manoel Francisco Lisboa, mas a autoria da inovadora fachada é atribuída ao mestre português Manoel Francisco de Araújo. A edificação segue o estilo característico do barroco mineiro, evidente especialmente na fachada, que apresenta um nicho central com a imagem de Santa Efigênia, encimado por um óculo trilobado, elementos que revelam o requinte estético da época. O dinamismo arquitetônico se estende ao interior da igreja, onde as linhas estruturais se harmonizam com a ornamentação.

Quer conhecer uma das igrejas mais impressionantes do Brasil, com 400 kg de ouro folheado? Leia sobre a Basílica do Pilar em Ouro Preto! Clique aqui

O interior do templo, restaurado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reúne elementos criados entre 1747 e 1791. A capela-mor exibe talha minuciosa e pinturas decorativas, além de dois púlpitos e quatro retábulos que enriquecem o espaço litúrgico. O teto da nave impressiona pelo uso da perspectiva pictórica, trabalho atribuído ao artista Manoel Rabelo e Souza, que conferiu profundidade e dinamismo à cena representada. Os primeiros retábulos, decorados com colunas torsas e figuras angelicais, são atribuídos a Francisco de Barros Barriga.

PUBLICIDADE
Ad 14

No cruzeiro, encontram-se retábulos mais recentes dedicados aos santos negros São Benedito e Santo Antônio de Catagerona, cujos traços e temática refletem influências franciscanas. Já a capela-mor é resultado do trabalho conjunto de diversos artistas, com entalhes produzidos por Felipe Vieira e Jerônimo Félix Teixeira, enquanto as esculturas de anjos são obras de Francisco Xavier de Brito e, possivelmente, de José Coelho de Noronha.

Enriquecendo ainda mais o conjunto artístico, o forro da capela-mor apresenta pinturas em estilo rococó realizadas por João Batista de Figueiredo, que representam os quatro doutores da Igreja Católica. No camarim principal estão expostas as imagens de Santa Efigênia, Nossa Senhora do Rosário e os santos negros São Camilo de Lélis e Santo Elesbão, todos simbolizando a forte ligação da igreja com a cultura e espiritualidade afro-brasileira.

Texto elaborado com base nas informações da obra:

OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de; CAMPOS, Adalgisa Arantes. Barroco e Rococó nas igrejas de Ouro Preto e Mariana. Brasília, DF: Iphan / Programa Monumenta, 2010.