O cineasta belo-horizontino Ben-Hur Nogueira, 23, morador do terceiro maior aglomerado da capital mineira, Morro das Pedras, vem ganhando forças na nova cena do cinema mineiro, principalmente na nova geração do cinema periférico nacional.
Com apenas 23 anos, Ben vem cada vez mais consolidando seu nome dentro do cinema nacional ganhando destaque em exibições internacionais dentro de universidades prestigiosas e dentro de festivais de cinema conceituados.

Recentemente, a plataforma Meer, uma revista internacional digital, destacou o trabalho de Ben dizendo:
”Ben Hur está remodelando o que o cinema pode significar — não nos coliseus da Roma Antiga, mas nas vielas empoeiradas e nas realidades vívidas do Morro das Pedras, uma das maiores favelas de Belo Horizonte (Brasil). Com apenas 23 anos, Ben Hur Nogueira faz parte de uma nova onda de cineastas brasileiros negros e periféricos que não estão apenas fazendo filmes; eles estão resgatando a própria tela.”
Seu primeiro trabalho “PANDEMINAS”, curta-metragem produzido de maneira independente com sua primeira câmera relatando a luta coletiva de sua periferia dentro da pandemia foi exibido em mais de sete festivais nacionais e internacionais recebendo uma honraria do festival internacional Varsity Film Expo em 2023 no Zimbabwe, além disso, PANDEMINAS teve uma exibição especial para a Universidade de Long Island com a presença virtual de Ben e de mais de 90 alunos.
Seu segundo trabalho, “Arrabalde corsário”, curta que narra as vivências dos moradores da sua favela em BH no último dia do ano fazendo referências ao grande cineasta Carlos Reichenbach, foi exibido na Universidade de Chicago, integrou a seleção oficial da Mostra Muito com Pouco em Ouro Preto produzida pelo prestigiado artista Ítalo Almeida e recentemente foi selecionado para a Mostra RMBH que será exibida em Contagem, na região metropolitana de BH.
Ben recentemente terminou as gravações de seu terceiro curta já intitulado “Andança”, curta que narra a jornada de um jovem periférico de se tornar jogador de futebol e já tem o roteiro da próxima trilogia que será gravada no próximo ano que irá lidar com temas como masculinidade, sexualidade, redenção, erudição, amor e jornada de trabalho.
No início deste ano Ben teve destaque nacional ao ter sido convidado pela maior
instituição pública de Nova Iorque, a Binghamton University para ministrar uma palestra sobre o cinema brasileiro de maneira remota demonstrando a força do cinema periférico nacional e das favelas brasileiras.
Recentemente Ben divulgou para a Folha de São Paulo que está nos estágios iniciais de escrita de seu primeiro livro que se passará em Belo Horizonte, mais especificamente nas favelas de BH durante a ditadura e será baseado na infância de seus pais em meio à tortura, bailes black, rodas de samba, memória coletiva e homenagens à grandes nomes da literatura como James Baldwin e Guimarães Rosa.
Ben já teve seus trabalhos exibidos nos últimos dois anos em seis países e recentemente se encontra na reta final da sua graduação na Universidade Federal de Ouro Preto-MG (UFOP), onde cursa Ciência da Computação.
Suas principais referências cinematográficas incluem: Kurosawa, Reichenbach, Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Héctor Babenco, Helvécio Ratton, Eduardo Coutinho e Alejandro Jodorowsky.