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Conheça a maior fazenda da América Latina, do Séc XVIII, em Santa Rita de Jacutinga

 

No último post te contamos sobre a cidade mineira de Santa Rita de Jacutinga, conhecida como a “cidade das cachoeiras”.

Hoje vamos falar de um dos atrativos mais incríveis desta pequena cidade mineira: A histórica Fazenda Santa Clara.

Datada de 1856, por sua importância e conservação já foi até cenário de produções Globais, como o seriado “Abolição”, de 1988 e a novela “Terra Nostra”, de 1999.

A fachada Logo na chegada a gente já se impressiona com a imponência da edificação: trata-se da maior fazenda da América Latina, do Séc XVIII, e possui 52 quartos, 12 salões e 365 janelas, “uma para cada dia do ano”, segundo dizem.

Sua área totaliza 6mil m².

São 03 andares em estrutura de pau-a-pique.

Na entrada a gente já observa um curioso detalhe que ao longe não se nota: algumas das janelas são pintadas e parecem verdadeiras para quem vê ao longe.

Ouvimos dizer que, após a abolição da escravidão, os escravos não poderiam mais ficar confinados e precisariam de um local mais adequado e salubre, então as janelas teriam sido pintadas na área da senzala para “fingir” que eles tinham janelas também.

Pode um trem destes? Do lado esquerdo as janelas verdadeiras; do direito, as pintadas – Crédito da foto: Vanessa Barreto / O Queijo vai na Mala Fomos recepcionados e guiados por João Bosco, neto do atual dono da Fazenda.

Ele e outros familiares residem no local, então alguns cômodos não são acessados na visita, por se tratarem de residência privativa.

Pagamos a taxa de visitação no valor de R$ 20,00 por pessoa e entramos.

Masmorra A visita começa pela masmorra, a área mais temida do local.

Lá estão alguns instrumentos de tortura e aprisionamento originais e é pra lá que eram levados os escravos que por algum motivo deveriam ser punidos.

Chama atenção a pesada porta com um sistema de tranca super reforçado, parece mesmo impossível arrombar aquilo. Masmorra – Crédito da foto: Vanessa Barreto/ O Queijo vai na Mala João conta que na fazenda passaram muitos escravos, provavelmente algo em torno de 3 mil.

Embora esta informação careça de comprovação é bem possível que seja isto mesmo, considerando que na maior parte de sua existência produtiva a fazenda produziu café, atividade que requer grande mão de obra.

Ele conta também que na fazenda ocorria a prática de reprodução humana forçada – quando proibiu-se a importação de mão de obra escrava, passou-se então a forçar a reprodução entre os escravos como modo de garantir a manutenção da mão de obra.

João conta esta história e mostra-se muito sensibilizado com o horror que outrora ocorreu ali. Para prender mãos, pernas e cabeça – Crédito da foto: Vanessa Barreto/ O Queijo vai na Mala Detalhe da tranca da masmorra – Crédito da foto: Vanessa Barreto/ O Queijo vai na Mala Logo em frente à masmorra, uma sala onde ficavam os capatazes.

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Hoje no espaço tem uma série de quadros com imagens de orixás, trabalho de uma pesquisadora – a ideia é transformar a sala num pequeno museu de cultura africana.

Área externa Passamos por uma área externa, onde vemos o pátio para a secagem do café e uma construção que originalmente funcionava como depósito – o atual dono as reformou e transformou-as em pequenas residências para os filhos.

No alto destas casinhas fica a torre (mirante, também com função de vigilância) e lá tem um relógio alemão de 1840 que, pasmem, funciona até hoje. Área externa: à direita, o pátio para secagem do café – Crédito da foto: Vanessa Barreto/ O Queijo vai na Mala Área interna Voltamos ao interior da casa.

Visitamos a cozinha, amplos salões com muita mobília original e a capela – sim, a Fazenda tinha até uma capela em seu interior! Um dos vários salões – Crédito da foto: Vanessa Barreto/ O Queijo vai na Mala

Senzala Terminamos a visita novamente na área externa, para conhecer a senzala.

É lá que dormiam os escravos, num local pouco arejado e frio, com chão de terra batida.

Volte na foto da fachada e note que estas aberturas à direita estão logo acima das janelas falsas (pintadas). A temida senzala – Crédito da foto: Vanessa Barreto/ O Queijo vai na Mala Preservação do Patrimônio A fachada da Fazenda é tombada pelo IPHAN , que em breve deve assumir os cuidados com o imóvel – segundo João, aguardam apenas uma negociação com Portugal.

O país teria interesse em restaurar e preservar o local, considerando os laços históricos entre os países.

A partir deste momento, a família teria de deixar a fazenda e ela passaria a ser somente museu – algo que João vê com bons olhos.

Não tem mesmo como deixar de preservar patrimônio tão rico! Crédito da foto: Vanessa Barreto/ O Queijo vai na Mala A visita à Fazenda Santa Clara é uma viagem ao tempo e além de toda a riqueza histórica, arquitetônica e cultural, nos leva também à uma experiência profundamente reflexiva.

Ver de perto a masmorra, a senzala e ouvir a narrativa de João sobre o que ali um dia aconteceu (e em tantas outras fazendas históricas) nos permite relembrar tudo aquilo que a gente quer que nunca mais aconteça.

Uma experiência rica e marcante!

Detalhe: fica a 500m da Cachoeira de Santa Clara, então dá para conjugar os passeios. (Veja no post anterior contatos de guias da região) Fazenda Santa Clara Estrada Santa Rita – Rio Preto Povoado João Honório, Santa Rita de Jacutinga – MG.

Diariamente de 08 as 17 hs, mas em dia de semana convém ligar antes. (24) 2453 -2385 ou (24) 992904609.

R$ 20,00 por pessoa.

Duração: Em média 01h30.

A Central de Passeios da Pousada O Meu Canto tem um roteiro para a Fazenda que inclui parada para almoço e visita à Cachoeira Santa Clara, para saber mais, clique aqui.