Após a estreia com “Preciso de um Abraço”, Marcus Yazbekb retorna com “Ferida Crua”, um álbum que aprofunda a jornada introspectiva e explora a mente humana e suas complexidades. Lançado recentemente, este trabalho apresenta Marcus como um artista múltiplo.
Produzido, mixado e masterizado por Victor Hugo Targino, “Ferida Crua” é composto por nove faixas que, juntas, formam um mosaico interessante. Dentre as faixas, destaca-se “Passa”, que conta com a participação de Felipe S, vocalista e guitarrista da lendária banda Mombojó. Esta música é um ponto alto do álbum, mostrando uma rica fusão de estilos. Outra colaboração interessante é a de Pagui em “Sozinho a te Esperar”, uma faixa que explora a solidão e a expectativa.
As letras de “Ferida Crua” são um elemento central, oferecendo um olhar sobre temas como resiliência e autodescoberta. “Irreparável” e “Sobreviver” são exemplos de como Marcus consegue transformar dor e reflexão em arte, criando um ambiente musical que é tanto curativo quanto desafiador.
A produção do álbum é impecável, equilibrando com habilidade os elementos de rock e MPB, uma marca registrada do jovem artista. A evolução musical e temática desde seu primeiro álbum é evidente, mostrando um artista que não apenas cresceu, mas também amadureceu em sua arte.
“Ferida Crua” é, sem dúvida, um álbum que não se contenta em simplesmente entreter; ele provoca, questiona e conforta. Para os fãs de música introspectiva e emocionalmente carregada, este trabalho merece ser explorado com atenção e sensibilidade.
Marcus Yazbek continua a se estabelecer como uma voz única no panorama musical brasileiro, e “Ferida Crua” é uma prova irrefutável de seu talento e visão artística. Este álbum não é apenas uma coleção de músicas, mas uma experiência transformadora.
Em uma entrevista exclusiva para o Mais Minas, o cantor deu detalhes sobre a carreira e o disco “Ferida Crua”, lançado recentemente. A entrevista pode ser vista na íntegra abaixo:
Marcus, “Ferida Crua” é um título bastante evocativo. Pode nos contar o que inspirou essa escolha e como ela reflete o tema central do álbum?
A verdadeira Ferida Crua foi a morte do meu pai em 2021 de Covid-19, a partir disso eu comecei a escrever músicas como “Sobreviver”, “Irreparável”, “Tragédia Mental”, que ao mesmo tempo que é uma homenagem, é um desabafo sobre perder alguém tão fundamental na minha vida. A Ferida Crua é aquela que está ali nos nossos pensamentos todos os dias, é uma ferida invisível, mas que a gente não deixa de sentir. Sobreviver aos nossos demônios dia a dia não é fácil, é complexo. Não tem um dia que eu não pense no meu pai, ele era um grande fã do meu trabalho, tenho certeza que iria amar esse álbum, embora eu ache que grande parte desse álbum não existiria se ele tivesse vivo, porque a maior motivação para lança-lo foi que eu quis transformar a minha dor em arte.
Comparando com seu álbum de estreia, “Preciso de um Abraço”, de que forma você percebe sua evolução musical em “Ferida Crua”?
Não sei se há evolução entre os dois álbuns, acho que cada um reflete uma fase da minha vida, é como em um álbum de fotos, cada foto desperta uma emoção, um momento, um gatilho e etc… mas se for para comparar os discos, acho que “Preciso de um Abraço” é um disco que tem mais camadas instrumentais e “Ferida Crua” são só 4 pessoas tocando de forma solta, ou seja, toda aquela camada que tinha no primeiro disco foi destruída com a simplicidade de “Ferida Crua”, esse lance de “menos é mais” me inspirou muito nessa atual fase, dito isso, queria dizer que amo ambos os discos e os tenho como filhos (risos).
A faixa “Passa”, que conta com a participação de Felipe S, é um dos destaques do álbum. Como surgiu a colaboração com ele e o que essa mistura de estilos trouxe para a música?
Sou um grande fã do Mombojó, especialmente de Felipe que é uma grande influência para mim, a energia dele nos shows é algo que sempre me identifico. Se não me falha a memória, ele conheceu o meu trabalho através do Instagram e me chamou para cantar “Duas Cores” no show do Mombojó em João Pessoa e eu fui, foi um momento mágico para mim, cantei a música que tanto amo no palco com eles, nossa amizade nasceu dali. Quando escrevi “Passa”, ele foi a primeira pessoa que pensei para cantar comigo porque achei parecido com o som que ele faz, ele topou de primeira, não foi só chegar e cantar, colocou a sua intepretação única e eu achei muito bonito a forma que ele cantou, bem diferente do que eu cantei, agregou demais na música, fizemos um trabalho em conjunto que deu certo, e é a música é a mais ouvida do “Ferida Crua”.
Você trabalhou novamente com Victor Hugo Targino na produção, mixagem e masterização deste álbum. Como essa parceria influencia o resultado final do seu trabalho?
VH trabalha comigo desde o meu primeiro registro fonográfico “Hollow Spirit” (2016) com o Conclave, minha primeira banda. Depois disso veio o meu projeto solo e eu lancei “Preciso de um Abraço” (2018) e agora “Ferida Crua”. Eu acho muito massa poder construir álbuns com o ele porque confio muito no trabalho dele, acredito que temos muita química nas ideias e ele é um cara que sempre agrega coisas interessantes em minhas músicas
Em “Sozinho a te Esperar”, você colabora com Pagui. Como vocês decidiram trabalhar juntos e qual foi o impacto dessa colaboração?
Em meados de 2021 eu gravei uma sessão de voz e violão no Clan Estúdio, que é um programa que vai muito artista massa, foi através dele que conheci Pagui que me encantou pela sua voz linda e doce, o “Ferida Crua” já estava completamente gravado, mas eu sentia que “Sozinho a Te Esperar” estava faltando algo, foi então que decidi chamar Pagui para participar e foi o encaixe perfeito. Ela foi a última música que gravamos para o disco, a gente se conheceu pessoalmente no dia da gravação e nos tornamos amigos. A junção de minha voz com a de Pagui no refrão foi inspirada nos duetos das duplas de música sertaneja, algo que eu nunca tinha feito e acho que o resultado final ficou muito interessante porque mostra uma faceta diferente do meu trabalho.
O álbum combina elementos de rock e MPB de forma bastante interessante e equilibrada. Como foi o processo de criação para manter essa harmonia entre gêneros tão distintos?
O meu processo de criação é sempre do mesmo jeitinho: pego o meu violão e vou tateando os acordes, depois começo a escrever e no final junto tudo e vou lapidando o que fiz, hora excluindo pedaços da letra, hora simplificando acordes, não tem um jeito certo, todo jeito é o certo. Acho que essa harmonia entre gêneros vem porque o trabalho é consistente e genuíno.
Outro destaque desse álbum incrível é “Aonde Quer Que Eu Vá”. Como surgiu a inspiração para compor a música e como ela se encaixa no contexto de “Ferida Crua”?
Essa música surgiu como uma declaração de amor para o meu até então “amor”, não ficamos juntos, mas a música ficou e eu acho lindo essa coisa de poder transformar amores/dores em arte. Essa é a música mais leve do disco e fala sobre um amor que é lindo e correspondido. O contexto para inserção de “Aonde Quer Que Eu Vá” no disco é que eu pensei que depois de tanta música com letras pesadas, por que não inserir uma mais leve? Eu acredito que essa música representa a válvula de escape da personagem, ou seja, mesmo que você esteja vivendo o caos, sempre terão coisas boas para acontecer.