Qualquer amante da literatura colocaria as mãos no fogo para defender o poder das palavras, o enorme magnetismo que podemos transmitir se as dominarmos bem, se soubermos usá-las adequadamente. As palavras são uma faca de dois gumes, pode servir para construir um mundo melhor, mas também pode mover um povo à histeria em massa e causar uma revolta, uma guerra, um massacre…
Este é o jogo que enfrentamos quando lemos “A menina que roubava livros”, do jovem escritor australiano Markus Zusak. Ele nos leva a refletir sobre como o efeito das palavras move os personagens em seu romance.
A primeira peculiaridade desse romance é seu narrador, ou melhor, narradora: a morte. É ela quem nos conta em primeira pessoa a história de Liessel, uma alemã que descobre durante a Segunda Guerra Mundial o prazer da leitura e o horror da guerra. Eu sei o que você está pensando: mais um romance sobre o assunto do Holocausto. E parece que essa questão, pelo menos no nível literário, está novamente “na moda”, mas, embora ele lide com esse assunto habitual, ele o faz de uma perspectiva peculiar.
Neste romance, encontramos o amor pela leitura (e também pela escrita) que o autor sente e que nos transmite através de sua protagonista, aquela garota que recolhe todos os livros que encontra e os transforma em seus bens mais preciosos. A leitura desses livros terá um poder positivo sobre ela e aqueles que cruzam seu caminho.
Com uma narrativa simplificada, por vezes acentuada e seca, como era de esperar, no caso da morte, às vezes poética, Markus Zusak usa o flash-forward, que ao contrário do
flash-back (que nos mostra eventos passados no passado), nos mostra um futuro que ainda não aconteceu, baseado no conhecimento futuro que essa narradora excepcional tem.
Vale a pena a leitura!
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