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Outro dia, assistindo ao programa “Mais Você”, da TV Globo, a apresentadora Ana Maria Braga leu uma frase que, à primeira vista, pode parecer apenas uma brincadeira, mas que carrega um forte tom reflexivo: “O homem achou o caminho da Lua, mas até hoje não consegue achar o cesto de lixo!” A mensagem, que aparentemente estava estampada em uma placa numa praia, escancara uma contradição interessante.
Se fomos capazes de enviar astronautas ao espaço, desenvolver tecnologia de ponta e desvendar os mistérios do universo, por que ainda temos dificuldades em algo tão básico como descartar corretamente o lixo? A questão vai além da falta de lixeiras – envolve comportamento, cultura e, acima de tudo, educação.
Essa mesma inquietação parece ter motivado a Prefeitura de Prata, no Triângulo Mineiro, a adotar uma abordagem pouco convencional na tentativa de conscientizar a população sobre o descarte correto do lixo. O prefeito Marcel Vieira Rodrigues da Cunha, conhecido como Xexéu, publicou vídeos em suas redes sociais exibindo placas com mensagens inusitadas: “Aqui só joga lixo quem é corno assumido!” e “Aqui não é chiqueiro, não jogue essa porcaria!”.
A estratégia pode causar estranhamento e até gerar polêmica. Afinal, por que não simplesmente instalar lixeiras? Mas a resposta pode estar na ineficácia de abordagens tradicionais. Se havia necessidade de uma comunicação mais agressiva, é porque avisos convencionais, possivelmente, não surtiram o efeito desejado. O vídeo do prefeito, portanto, não é um ponto de partida, mas uma consequência de algo que já vinha acontecendo: o descarte irregular persistente.
Quando falamos em comunicação, a escolha da linguagem faz toda a diferença. A depender do contexto, uma abordagem mais formal e educativa pode ser eficaz. No entanto, em determinadas situações, quando o diálogo educado já se mostrou ineficaz, pode ser necessário recorrer a um tom mais direto – e até provocativo. No caso das placas em Prata, o uso de uma linguagem popular e irreverente tem um objetivo claro: chamar a atenção e, quem sabe, gerar um incômodo suficiente para que as pessoas reflitam sobre suas atitudes. Sabe aquela história de que o óbvio também precisa ser dito?
Esse tipo de abordagem pode ser enquadrado dentro da comunicação persuasiva, que busca influenciar o comportamento do público-alvo. O uso do humor, da ironia e até da vergonha social são estratégias conhecidas e amplamente utilizadas, especialmente quando se quer impactar pessoas que ignoram discursos convencionais. Ainda assim, resta a dúvida: será que funciona?
Independentemente da resposta, a iniciativa do prefeito levanta um debate importante sobre a responsabilidade compartilhada entre poder público e população. Além das placas provocativas, Prata, segundo o prefeito, conta com EcoPontos, locais criados especificamente para receber entulhos e resíduos de forma adequada. Isso demonstra que alternativas existem, mas sua efetividade depende da adesão dos cidadãos.