A singularidade da única palavra da língua portuguesa que tem o plural no meio

A singularidade da única palavra da língua portuguesa que tem o plural no meio

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A língua portuguesa é complexa, mas com uma história fascinante que a torna um dos idiomas mais ricos do mundo. Dentre essas singularidades, destaca-se a palavra “quaisquer”, que ocupa um lugar único no universo linguístico. Não apenas por ser o plural de “qualquer”, mas também por ser a única palavra da língua portuguesa que tem o plural formado no meio da palavra, e não no final, como é comum na maioria dos casos.

Isso mesmo, enquanto a maioria dos substantivos e pronomes em português forma o plural com a simples adição de um “S” ao final da palavra — como em “casa” e “casas” ou “carro” e “carros” —, “quaisquer” desafia essa regra. A transformação de “qualquer” para “quaisquer” ocorre por meio da inserção de um “is” no meio da palavra, resultando em uma mudança interna que a torna única. Essa peculiaridade é um fenômeno raro na língua, fruto de uma evolução histórica e fonética que consolidou essa forma ao longo do tempo.

Outro aspecto intrigante sobre “quaisquer” é a sua raridade no uso cotidiano. Embora seja gramaticalmente correta e indispensável em contextos formais, essa palavra é pouco utilizada na fala do dia a dia. Em situações informais, é comum que as pessoas simplifiquem o discurso, optando por “qualquer” mesmo quando o contexto exige o plural. Por exemplo, é frequente ouvirmos frases como “qualquer pessoas” em vez da forma correta “quaisquer pessoas”. Esse fenômeno reflete a tendência natural da linguagem oral de buscar praticidade, muitas vezes à custa da precisão gramatical.

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Para compreender melhor a singularidade de “quaisquer”, é útil contrastá-la com as regras gerais de formação do plural em português. A maioria dos substantivos segue padrões previsíveis:

1. Substantivos terminados em vogal: Basta acrescentar um “S” ao final da palavra. Exemplos: “rua” → “ruas”, “livro” → “livros”;

2. Substantivos terminados em “M”: O “M” é substituído por “NS”. Exemplos: “álbum” → “álbuns”, “jovem” → “jovens”;

3. Substantivos terminados em “R”, “S” ou “Z”: Geralmente, acrescenta-se “ES”. Exemplos: “mar” → “mares”, “lápis” → “lápis”, “rapaz” → “rapazes”.

Essas regras mostram que a formação do plural em português costuma ser uma modificação no final da palavra. “Quaisquer”, no entanto, rompe com essa lógica, apresentando uma alteração no meio da palavra, o que a torna um caso à parte.

No âmbito jurídico, o uso de “quaisquer” é bastante comum, especialmente em textos legais e documentos formais. A precisão linguística é essencial nesse contexto, e o uso incorreto de “qualquer” no lugar de “quaisquer” pode levar a ambiguidades ou interpretações equivocadas. Por exemplo, em uma sentença como “O réu não pode cometer quaisquer atos ilícitos”, a palavra “quaisquer” reforça a ideia de pluralidade e generalidade, algo que seria perdido com o uso inadequado de “qualquer”.

A alteração no meio da palavra para adaptá-la ao plural é uma peculiaridade que reflete a complexidade e a riqueza da evolução da língua portuguesa. “Quaisquer” é um exemplo de como o idioma pode surpreender, desafiando regras aparentemente fixas e consolidando formas únicas que resistem ao tempo.

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