
A Academia Brasileira de Letras (ABL) oficializou recentemente a inclusão da palavra “misocinesia” no vocabulário da língua portuguesa. O termo, de origem grega — “mísos” (ódio) e “kínesis” (movimento) —, refere-se à intensa reação emocional negativa desencadeada pela observação de movimentos corporais repetitivos realizados por terceiros, como balançar as pernas ou tamborilar os dedos.
Fenômeno psicológico comum
Embora ainda pouco estudada, a “misocinesia” é considerada um fenômeno relativamente comum. Um estudo publicado na revista Scientific Reports em 2021 revelou que aproximadamente um terço dos participantes relatou sensibilidade a esse tipo de estímulo visual . A condição é frequentemente comparada à “misofonia”, que envolve aversão a sons específicos, mas, no caso da “misocinesia”, o desconforto é provocado por estímulos visuais.

Impacto social e emocional
Indivíduos que apresentam “misocinesia” podem experimentar sentimentos de irritação, ansiedade ou raiva ao observar movimentos repetitivos em ambientes sociais, como escritórios ou salas de aula. Essa sensibilidade pode afetar a concentração e o bem-estar, levando, em alguns casos, ao isolamento social .
Reconhecimento linguístico
A inclusão de “misocinesia” pela ABL reflete a constante evolução da língua portuguesa, que nós aqui do Mais Minas sempre ressaltamos, incorporando termos que descrevem fenômenos contemporâneos e ampliando o vocabulário para expressar experiências humanas diversas. A palavra já consta em dicionários on-line, como o “Dicio”, que a define como “intolerância ou aversão a movimentos repetitivos, padronizados e rítmicos, observados no corpo de outra pessoa”.
Com esse reconhecimento, “misocinesia” passa a integrar oficialmente o léxico da língua portuguesa, proporcionando uma denominação precisa para um comportamento que, embora comum, ainda é pouco discutido.

João Paulo Silva, nascido em Barueri/SP e bacharel em Letras pela Universidade Estácio de Sá, pós-graduado em Revisão de Texto e em Linguística e Análise do Discurso. Contato: joaopaulobarueri@outlook.com