O médico cirurgião Tuian Cerqueira denunciou a Prefeitura de Ouro Preto, nas redes sociais, pela falta de insumos, material usado para a realização de testes que identificam o coronavírus. Tuian atua na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e no Hospital de Campanha, instalado no bairro Caminho da Fábrica.
De acordo com o médico, “é indispensável monitorar preventivamente com exames para o novo coronavírus aquelas pessoas institucionalizadas (entre elas idosos em asilos), trabalhadores da saúde, da segurança e da limpeza urbana, além de motoboys e demais servidores que estão em trabalho presencial”.
Nesta quinta-feira (5), a informação de que 32 pessoas, entre idosos e funcionários do Lar São Vicente de Paula, em Ouro Preto, testaram positivo para a Covid-19 foi confirmada. Há ainda a suspeita de que outras 19 pessoas que atuam ou moram no asilo também tenham contraído a doença. Segundo a prefeitura, essas pessoas já passaram por exame e o resultado é aguardado.
Desde a última sexta-feira (31), o profissional da saúde sinalizava preocupação quanto a questão da Covid-19 no município. Tuian também se manifestou por meio de vídeo. “Muita gente contaminada com o novo coronavírus, vários casos de Covid-19, pacientes graves, pacientes sendo contaminados, começando a ter sintomas, nosso hospital em Ouro Preto com dificuldade de leito, terapia intensiva, cada vez com as enfermarias mais cheias”, disse o médico durante vídeo.
Em entrevista ao portal Mais Minas, Tuian Cerqueira explicou, em termos técnicos, como são realizados os exames para checar o coronavírus nos laboratórios da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). “Esse RTPCR, é um exame que é feito em laboratórios com um nível de complexidade mais avançado, ele é feito a partir de análise do material genético do vírus, nas amostras que são coletadas dos pacientes, é coletado do swab do nariz e pode ser coletado de outras formas, mas a principal é da swab do nariz, no laboratório esse material reage junto com alguns insumos que tem que ser comprados na medida em que você vai utilizando as amostras, além de outros materiais que são necessários para a realização desses teste”, explicou o médico.
Você também pode ouvir essa entrevista em podcast:
O médico também revelou o que vem acontecendo nos bastidores da saúde de Ouro Preto. “Conversando na Ufop com os pesquisadores que estão contribuindo fazendo os teste, tive a informação de que tem o teste, se você for comprar individual, tem um custo de aproximadamente R$ 160, lembrando que no setor privado, esse exame custa muito mais caro, em torno de R$ 300. Como na UFOP a mão de obra, ou seja, as pessoas que fazem os teste são pós-graduandos, professores, esse valor da mão de obra o pessoal tem doado pra sociedade. É um esforço que a Universidade tem feito”.
Tuian complementa dizendo dizendo que “se você comprar em uma escala maior esses reagentes pra conseguir fazer os testes, você diminui o custo, então, por exemplo, se você comprar 120 mil reais de exame, você consegue fazer mil análises, mil testes, então mil testes sairia por aproximadamente R$ 120 mil, saindo por 120 reais, cada teste. A situação que gente tem reclamado é que na sociedade existem setores mais vulneráveis ao coronavírus, como os idosos, as pessoas que têm doenças e como àquelas pessoas que, como é o meu caso, são profissionais de saúde que estão na ponta trabalhando, então eu trabalho no hospital de campanha com pacientes com coronavírus, examinando, entubando, fazendo todos os procedimentos, da mesma forma os técnicos, enfermeiros, as pessoas que trabalham na segurança pública na rua, temos uma probabilidade de contágio maior”
Segundo o médico, “o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado e que o Ouro Preto não tem cumprido é que você pegue essas populações específicas e faça testagens por amostra, pra conseguir identificar os níveis de infecção, dessa forma a gente faz o que seria chamado de “testagem em massa”. Identificando, por exemplo, que um profissional da saúde testou positivo, você vai testar todos os outros e consegue afastar aqueles que estão com o vírus pra evitar a contaminação, inclusive dos pacientes que não estão infectados ainda. A mesma coisa com os motoboys, com os servidores públicos e assim por diante”.
Contradizendo às críticas do médico, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura disse que “já existe um termo entre a Prefeitura e a UFOP para a realização dos testes. O município já está comprando os insumos além do que é fornecido pelo estado para fazer os testes complementares.”
Na tarde da última terça-feira (4), a prefeitura divulgou um relatório contendo dados mais específicos quanto a contaminação pelo coronavírus. No documento é possível identificar, além da idade, o sexo dos contaminados, entre outras informações, veja:
Casos confirmados por sexo
Feminino – 29%
Masculino – 71%
Casos confirmados por raça
Parda – 47%
Branca – 23%
Amarela – 19%
Preta – 11%
Bairros onde houve mais casos positivos em Ouro Preto
- Centro,
- Antônio Dias
- Morro Santana
- Morro São João
- Bairro da Lagoa
- Alto da Cruz
- Saramenha
- Morro do Cruzeiro
- Vila Itacolomi
Distrito onde houve mais casos positivos em Ouro Preto
- Cachoeira do Campo
- Antônio Pereira