Com quase seis décadas na rádio, o narrador Alberto Rodrigues, da Itatiaia, é uma personalidade querida pelo torcedor cruzeirense. Conhecido pelo grito de “gol, gol, gol, gol, Cruzeiro!”, o locutor, de 82 anos, é um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro. No entanto, na noite dessa quinta-feira, 28 de outubro, mais uma vez, o time celeste fez o “Vibrante” soltar o verbo, após perder para o Remo por 3 a 1 em plena Arena Independência.
Com a derrota, o Cruzeiro continua com um tabu de 42 anos sem vencer o Remo, viu a equipe de Belém ultrapassá-lo, e hoje ocupa a 13ª posição da Série B do Campeonato Brasileiro, com 39 pontos.
Ao final do jogo de ontem, Alberto Rodrigues participou do quadro “Seu nome, seu bairro”, comandado pelo repórter Thiago Reis, e desabafou toda a sua decepção com o atual time do Cruzeiro. Ele ainda criticou a gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues e lamentou ter ver a pior fase da história do clube.
O narrador, ainda, lembrou uma vitória do Remo sobre o Cruzeiro por 5 a 1, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, em 1994.
” É uma vergonha, uma vergonha, vergonhosa derrota do Cruzeiro. E essa vergonha está voltando, porque, em 1994, eu tive essa mesma vergonha do Cruzeiro. O Cruzeiro perdeu de 5 a 1 do Remo, no Mineirão. Eu imaginava que alguns jogadores poderiam ter lembrado disso aí e jogassem mais nesse jogo. Foi terrível a atuação do Cruzeiro, principalmente no segundo tempo “, iniciou Alberto.
Em seguida, o narrador criticou o time e o trabalho do técnico Vanderlei Luxemburgo. ” Parecia um time cansado, mal treinado, essa é a verdade, seja Vanderlei Luxemburgo ou outra pessoa dirigindo esse time. Mas pessimamente treinado para esse jogo, principalmente para esse jogo. Não sei se a greve dos jogadores atrapalhou um pouco, talvez tenha até atrapalhado, mas a condição física do Cruzeiro no segundo tempo foi terrível. E o Remo, que é um time pior do que o Cruzeiro, conseguiu vencer tranquilamente de 3 a 1 aqui no Independência. Vergonhosa a derrota do Cruzeiro. Agora tem que lutar para não cair, agora é lutar para não cair, o que é vergonhoso para esse time do Cruzeiro “.
Por fim, Alberto Rodrigues criticou a gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues, do departamento de futebol e afirmou que, em 2020, uma pessoa do clube deixou de pagar a dívida na Fifa propositalmente. Tal débito fez com que o Cruzeiro iniciasse a Série B com seis pontos a menos.
“O torcedor está sofrendo. Eu sei porque eu converso com os torcedores, eu saio muito, eu ando a pé pela cidade, ando de ônibus, eu converso com os torcedores do Cruzeiro. A paixão é muito grande do torcedor do Cruzeiro, que é uma grande torcida, a torcida do Cruzeiro é a maior de Minas Gerais. É uma vergonha ter um time como esse nesse momento. Pode até se classificar, vencer os sete últimos jogos do Cruzeiro nesse Campeonato Brasileiro, mas eu não retiro minhas palavras. Má gestão, terrível, terrivelmente a gestão do Cruzeiro. A gestão do futebol está muito ruim. O clube está partindo aí para essa S/A (SAF), para ter dinheiro, pagar as suas dívidas, mas o Cruzeiro merecia era um time de futebol para disputar a Série B e conseguir voltar à Série A. Está pior do que o ano passado (2020), está pior do que a primeira participação do Cruzeiro na Série B, com aqueles seis pontos perdidos. O Cruzeiro não conseguiu pagar à Fifa, porque alguém não deixou pagar a dívida, poderia ter voltado (os pontos) naquela época. E não voltou porque não se pagou a dívida à Fifa. Porque alguém falou ‘não, não vamos pagar essa dívida não’. Alguém falou isso dentro do Cruzeiro, eu tenho provas, eu tenho provas, eu tenho provas. O sobrinho do presidente Felicio Brandi me falou que teve alguém que falou que não era para pagar essa dívida. Então, o Cruzeiro começou o Brasileiro (Série B de 2020) vencendo, ano passado, e perdeu seis pontos (pena punição da dívida relativa à dívida pela contratação do volante Denilson, em 2016). Acharam que iam subir, não sei por que que não pagou (a dívida). Tinha gente pra pagar, tinha um empréstimo para pagar, o BMG que ia emprestar o dinheiro e não pagou. Então, dali começou a má gestão do Cruzeiro. Terrível essa gestão. Pode levar o time para a S/A, pode fazer o time melhorar, mas essa função da diretoria teria que ser agora, agora. Não foi em 2020, não está sendo em 2021, e nós vamos para 2022 com esse time, com esse time que até o Vanderlei erra. É um treinador que quase não erra e hoje errou rotundamente na formação do Cruzeiro, principalmente na etapa complementar “, concluiu Alberto Rodrigues.
Pequetito
Com 32 anos de carreira, Osvaldo Reis, o “Pequetito”, narrador da Rádio Super, também é muito querido pela torcida cruzeirense. Após a derrota no jogo de ontem, o locutor também não poupou palavras para criticar o time do Cruzeiro.
“Vexame! Vexame! Vexame! Vergonha! Vergonha! Vergonha! Desrespeito! Desrespeito! Desrespeito com o Cruzeiro! Vergonhoso, melancólico, vexatório, pífio. Eu dizia isso no início do campeonato, diretores fizeram cara feia para mim. O presidente fez cara feia para quem ama o Cruzeiro. Alguns torcedores diziam que eu era contra o Cruzeiro, e agora, o que vão me dizer? Quando eu disse na oitava rodada do campeonato que era um remendo de time e que tinha que fortalecer a administração, a comissão técnica, a direção de futebol, técnico, jogadores. Eu dizia há cinco meses atrás que a luta seria contra o rebaixamento para a Série C. Disseram que eu era um louco desvairado, e agora? Parece um time amador, um time de Série C ou Série D jogando a Série B. Um time que vai só se afundando, a cada rodada, a cada momento e a cada dia, o sofrimento só aumenta, não há mais palavras para passarmos para o torcedor. Eu peço desculpas a você, torcedor, que gosta do Cruzeiro, pelo que esse time está fazendo com vocês, com todos nós. Eu peço perdão por esse time, hoje, estar vestindo essa camisa de glórias e conquistas. Isso não é um desabafo, é um sentimento que sai do meu coração e da minha alma, que extrapola qualquer sentimento, eu sou um ser humano e não posso deixar de expressar todo o meu sentimento para aqueles que acompanham o meu trabalho.“