Os moradores de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo tiveram pouco tempo para saírem de suas casas em segurança após o primeiro alerta. Uma escola foi rapidamente evacuada e dezenas de vidas foram salvas. Mas, infelizmente, não houve tempo suficiente para outros moradores.
No dia 5 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da estrutura de contenção de rejeitos na barragem de Fundão, e uma enxurrada de lama destruiu Bento Rodrigues, subdistrito de Santa Rita Durão, e Paracatu de Baixo, subdistrito de Monsenhor Horta, ambos localizados no município mineiro de Mariana.
Bento Rodrigues possuía cerca de 600 habitantes; Paracatu de Baixo, cerca de 300. O deslizamento de lama veio de um rompimento na mina da Samarco, que foi destruído pela quebra da barragem. A onda de lama destruiu quase toda a vila, arrancou telhados das casas e levou casas inteiras.
Foi o maior desastre ambiental da história do Brasil até então. Numerosas famílias perderam seus meios de subsistência e populações inteiras de peixes foram erradicados quando as montanhas de lama cobriram a área e contaminaram o Rio Doce ao longo de várias centenas de quilômetros.
Entre perdas e danos inestimáveis, restam perguntas sem respostas, luto, lembranças, saudades e, acima de tudo, esperança de dias melhores e de que isso não volte a acontecer, nem em Minas Gerais e nem em outras partes do Brasil.
Quatro anos após o desastre ambiental, um bombeiro que esteve na linha de frente da tragédia, um dos primeiros que chegaram para resgatar as vítimas, lançou um livro relatando as cenas que ele viu à sua frente. Aliás, ele também esteve no rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019, que passou a ser o maior desastre ambiental do Brasil, com dezenas de mortos.
Leonard Farah, capitão do Corpo de Bombeiros, atuou nas primeiras horas da tragédia de Mariana. No final de 2019, ele lançou o livro “Além da Lama: o emocionante relato do capitão dos Bombeiros que atuou nas primeiras horas da tragédia de Mariana”. A obra, intensa e realista, mostra o pós-tragédia sob a perspectiva de quem esteve com pés e mãos na lama para ajudar, os Bombeiros. São quase duzentas páginas de emoção, força e determinação.
Mas, embora a tragédia de Mariana seja a espinha dorsal do livro, o capitão também conta ao leitor sobre o seu dia a dia, mostrando que não é à toa que o Corpo de Bombeiros é a corporação mais admirada do Brasil, estando sempre alerta aos chamados de emergência e se colocando à prova diariamente.
A obra é uma ode aos bombeiros, justa, com relatos interessantes de como os salvamentos são feitos: antes, durante e depois. A cada gole de café, uma prece e um agradecimento; a cada suspiro, renovação.
Eles trabalham por nós dia após dia e noite após noite. Apagam incêndios, salvam pessoas, animais, sacrificam férias e folgas e experimentam histórias dramáticas e tristes repetidas vezes. Os Bombeiros, sem dúvida, estão entre os heróis da cidade grande.
O livro foi lançado pela Editora Vestígio e está disponível em livrarias físicas espalhadas pelo Brasil e também nas livrarias virtuais. Boa leitura!