Ana Castela é um salto grande do feminejo para o agrofeminejo

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A nova voz e rosto da cultura da agroindústria já tem nome: Ana Castela. A jovem mato-grossense de 18 anos se autodenomina “Boiadeira”, nome que também deu a uma de suas músicas que aborda a significância da mulher que cuida de gados. 

Mas quem achou que o “agronejo” era somente para os “agroboys” e que nele não caberia o empoderamento feminino se enganou! Castela, a “agrogirl” que já “meteu” mais quase 5 milhões de visualizações no audiovisual de “Pipoco” no Youtube, ocupando a segunda posição no Spotify Brasil, coloca a mulher pecuária em voga em um hit dançante, com letra ousada e com ninguém menos que a Melody, completamente diferente de tudo o que as mulheres do “feminejo” vem construindo até hoje.

Ana Catela é um salto grande do feminejo para o agrofeminejo
Ana Catela é um salto grande do feminejo para o agrofeminejo. Foto: Instagram/Ana Castela

A música começa com o toque de um berrante e tem uma coreografia envolvente. Com sua potente voz logo nos primeiros versos Ana Castela mostra para o que veio, “nem oito segundos o peão não aguenta com essa sentada”, ela canta. 

O sotaque que mistura o plural com o singular tem seu charme na voz da cantora, o que já virou sua marca, super perceptível em “As Menina da Pecuária“. Outra identificação da artista é sua comunicação visual. Ela não nega seu “mood” western”, na proposta texana, de chapelão, cinto com fivela e bota de couro, vem conquistando o público que antes era sertanejo e está migrando para o “agronejo”. 

Castela começou a ser notada depois de lançar a música “Boiadeira”, como ela mesma se identifica. A letra narra a história de uma jovem que deixa as vaidades da vida da cidade, como unha de gel, tipo de bebida e se rendeu à vida agro. “A maquiagem dela agora é poeira, a patricinha virou ‘boiadeira’”, canta.

Em suas propostas artísticas, Ana Castela faz questão de enfatizar seu apreço pela cultura interiorana, por isso nos videoclipes muitos gados, estradas de terra, caminhonetes grandes, ela cavalgando em cima do cavalo e bebendo cerveja são cenas recorrentes. Como ela mesma canta em um de seus sucesso: “aqui nós é da roça bebê, o sistema eu vou falar ‘procê’, ‘nois’ gosta de som ‘tripdando’, cerveja e churrasco…pra chegar no meu coração pega estrada de barro e ele é cercado de arame farpado”

A autenticidade e vontade de reafirmar as potências naturais de seu estado de origem, que não se sabe bem ao certo se coincidentemente ou propositalmente, estão de alguma forma se conectando com gigante sucesso da novela  Pantanal, que traz também essa narrativa, colocando a vida das pessoas que vivem na lida do gado em destaque. 

Era para ser somente a tranquilidade o romantismo da vida na fazenda, mas Ana Castela revolucionou o estilo quando o mescla com a música eletrônica, o pisêro e até mesmo batidas de funk. Em “Neon”, arrastando a terra do chão, a menina da pecuária traz também essa lado festivo e livre das mulheres do interior que também seguem algumas tendências. Por isso ela aparece com o rosto pintado com cores em neon e dentro de uma boate,  “aumenta o som, acende a luz neon, que mulher bruta pode rebolar e ser bagaceira…essa cidade tem que respeitar, as boiadeira”, reivindica na música. Cada um com sua militância, não é mesmo!?

As diferenças entre o sertanejo universitário e o agronejo (estilo de Ana Castela)

Embora o termo ainda cause estranheza em quem ainda não se acostumou, o agronejo já está presente no Brasil há mais de quatro anos, ele se popularizou com Mano Walter, Zé Vaqueiro e João Gomes. E o que os três têm em comum? A voz grave, no estilo bruto e sistemático e o enaltecimento do trabalho no campo, “sabe que o vaqueiro é quem te deixa louca”. 

Enquanto esses e outros nomes “abriram as porteiras” e escancaram essa cultura ainda discreta no país, Ana Castela bebia desta fonte e se preparava para ser a nova aposta do agronegócio fonográfico. 

Diferentemente do sertanejo  universitário, que em síntese é mais romântico e recebe atualmente até mesmo  influência da música urbana, como o rap, como ocorreu no último DVD da saudosa Marília Mendonça com as gêmeas Maiara e Maraisa, no início de “Presepada”.

Embora os estilos sejam diferentes, o investimento para lançar uma carreira artística em ambos os segmentos é altíssimo e como o “Agro é tudo”, dinheiro é o que não falta para essa galera, além de talento, é claro!

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