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Você já teve a sensação de ouvir uma música e achar que ela foi escrita para você? Como se, de alguma forma, o compositor conhecesse suas dores e traduzisse em melodia aquilo que você não consegue colocar em palavras? “Meu Mundo e Nada Mais”, composta e interpretada por Guilherme Arantes em 1976, é exatamente esse tipo de canção. Ela chega como um sussurro íntimo em toques de piano com uma força capaz de tocar os mais diversos corações.
Lançada como tema da novela “Anjo Mau” — primeiro em 1976 e, anos depois, no remake de 1997 —, a música rapidamente conquistou o público ao explorar alguns sentimentos como a perda em um desabafo que soa como um abraço para quem já sentiu o peso de uma aflição que carrega em seu íntimo.
O cantor e compositor Ed Motta afirmou que Guilherme Arantes é o “Chopin” da música contemporânea brasileira, e não poderia haver uma comparação mais justa. A habilidade de Arantes em combinar harmonia e melodia, com uma sensibilidade única, realmente o coloca entre os grandes mestres da nossa música.
Prova disso é que em 2009, a música foi incluída na lista das 100 Maiores Músicas Brasileiras pela Rolling Stone Brasil, consolidando seu lugar na história da MPB. Mas o que talvez torne “Meu Mundo e Nada Mais” ainda mais especial é sua capacidade de se reinventar em outras vozes. Regravada por artistas tão diversos quanto Jay Vaquer, Alaíde Costa, Zizi Possi, Nenhum de Nós e Daniel, a música se adapta, sem perder sua essência.
Cada versão traz algo único. Jay Vaquer adiciona intensidade dramática; Alaíde Costa empresta sua suavidade; Zizi Possi explora a emoção; Nenhum de Nós oferece um toque contemporâneo. E Daniel, em uma releitura sertaneja delicada, gravada em 2014 ao lado de Guilherme Arantes no piano, prova que a força da composição ultrapassa barreiras de gênero musical.
E como surgem canções assim? Talvez seja um mistério impossível de desvendar. Em algum momento, ainda que nos pareça invisível, o universo alinha os planetas e conspira para que uma inspiração desça sobre alguém e transforme sentimentos humanos em obras-primas como “Meu Mundo e Nada Mais”.
Essa música emociona porque fala de algo profundamente humano: o momento em que aceitamos o que não podemos mudar e, paradoxalmente, encontramos força nessa aceitação. Ao ouvi-la, é impossível não sentir um nó na garganta — não de tristeza, mas de identificação. Guilherme Arantes criou um refúgio, um espaço seguro para sermos vulneráveis, imperfeitos e, ainda assim, inteiros. Porque, no fim, quando tudo parece ruir, há sempre algo que permanece.
E, como a música nos lembra, por mais que o mundo ao nosso redor mude e se desfaça, por mais que as certezas se percam e a paz se esvaia, ainda assim, é no nosso pequeno mundo interior que buscamos refúgio.