O primeiro anticoncepcional masculino está cada vez mais perto de ser uma realidade. O contraceptivo para homens teve 99% de eficácia em testes feitos em camundongos, não causando efeitos colaterais relevantes.
A informação foi divulgada por uma equipe de pesquisadores, em reunião virtual da American Chemical Society (ACS), na quarta-feira, 23 de março. De acordo com os cientistas, os testes em humanos devem começar até o final do ano.
O estudo está sendo realizado pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Se trata de um grande avanço no desenvolvimento de um método contraceptivo masculino seguro e efetivo, pois a maioria das pílulas testadas clinicamente possuem o hormônio sexual masculino testosterona, que pode gerar ganho de peso, depressão e aumento dos níveis de LDL (colesterol ruim), potencializando o risco de doenças cardíacas.
Os pesquisadores, então, utilizaram um composto não-hormonal, de nome YCT529, que inibe a ação da proteína receptora RAR-alfa. Essa substância age no crescimento celular, na formação de espermatozoides e no desenvolvimento de embriões.
Reduzindo o gene relacionado a proteína, a quantidade de espermatozoides dos animais caiu drasticamente, obtendo 99% de eficácia na prevenção da gravidez sem efeitos adversos. Além disso, os camundongos recuperaram a fertilidade entre quatro e seis semanas depois da interrupção do uso do medicamento.
A expectativa é que o medicamento possa ser comercializado em um prazo de cinco anos. Para que isso seja possível, é preciso realizar os testes em humanos, o que deve ser feito a partir do terceiro ou quarto trimestre de 2022.
Outras alternativas
Além do estudo da Universidade de Minnesota, há ainda outros métodos contraceptivos para os homens sendo testados. Em 2021, a designer industrial Rebecca Weiss criou um dispositivo que interrompe temporariamente a regeneração do esperma por meio de ondas de ultrassom, protegendo o homem de uma possível concepção por até duas semanas após seu uso. No entanto, o método ainda precisa passar por testes clínicos.
Em 2019, uma pílula anticoncepcional para homens, chamada 11-beta-MNTC, obteve bons resultados na primeira fase de testes em humanos. O medicamento é composto por progesterona e funciona como bloqueador dos hormônios LH e FSH, que são essenciais para a formação do esperma. Mas ainda é preciso realizar pesquisas mais profundas para saber se essa pílula impedirá a produção de espermatozoides nos testículos sem causae infertilidade ou disfunções sexuais.
Atualmente, os únicos contraceptivos masculinos efetivos disponíveis são o preservativo e a vasectomia. Em contraponto a eles, os anticoncepcionais femininos, que são amplamente utilizados, mas oferecem uma série de efeitos colaterais para as mulheres, principalmente os que possuem hormônios em sua composição. A pílula, por exemplo, possui uma série de efeitos, como alteração do ciclo menstrual, redução da libido, dores de cabeça e náuseas, além de aumentar os riscos de trombose.
Com uma pílula masculina sem hormônios, os homens passariam a ter maior responsabilidade no controle de natalidade. Além disso, o método também garante uma alternativa contraceptiva que não é invasiva e é reversível, garantindo um maior conforto conforto e liberdade para quem a utiliza.