Apesar da exportação bilionária das mineradoras, Itabirito recebeu apenas R$ 190 milhões da mineração em 2024

Por Rodolpho Bohrer
Publicado: última atualização em
Apesar da exportação bilionária da mineradores, Itabirito recebeu apenas R$ 190 milhões da mineração em 2024

Itabirito figura entre os maiores exportadores de Minas Gerais em 2024, com um volume de exportação que ultrapassa 1,28 bilhão de dólares, de acordo com a Fundação João Pinheiro. No entanto, apesar da expressiva arrecadação das empresas mineradoras, o cofre público do município recebeu apenas R$ 190 milhões referentes à Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), tributo essencial que deveria garantir maior retorno à cidade.

O que é a CFEM?

A CFEM é uma compensação financeira paga pelas mineradoras aos estados e municípios onde ocorre a extração de minérios. Instituída pela Constituição Federal de 1988, essa arrecadação busca minimizar os impactos socioeconômicos e ambientais da atividade mineral, revertendo parte dos lucros da exploração para investimentos em infraestrutura, saúde, educação e desenvolvimento local.

Contudo, o modelo de distribuição da CFEM nem sempre reflete a produção real dos municípios mineradores. Isso ocorre porque os repasses não são feitos integralmente para a cidade onde a extração acontece, mas seguem critérios que beneficiam também estados, municípios afetados pelo transporte de minérios e áreas portuárias por onde as exportações escoam.

Discrepância entre arrecadação e retorno financeiro

Mesmo com uma economia fortemente sustentada pela mineração, Itabirito vê um descompasso entre o montante gerado pela atividade às mineradores e o valor efetivamente recebido pelo município.

Essa disparidade levanta questionamentos sobre a distribuição da CFEM e sua real eficiência em garantir benefícios diretos às cidades mineradoras. Enquanto a extração de minérios impulsiona a balança comercial, a infraestrutura local enfrenta desafios, e a população lida com os impactos ambientais e sociais da mineração.

Impacto nos investimentos locais e desafios para o futuro

Os R$ 190 milhões recebidos por Itabirito são destinados a obras e serviços públicos, mas o montante é considerado insuficiente frente às necessidades da cidade. O crescimento da mineração exige maior investimento em mobilidade urbana, saneamento, preservação ambiental e capacitação profissional.

Especialistas apontam que a revisão dos critérios de distribuição da CFEM poderia permitir um retorno mais justo para os municípios mineradores, reduzindo a dependência exclusiva da atividade e ampliando as possibilidades de diversificação econômica.

Diante desse cenário, a arrecadação bilionária de Itabirito evidencia uma contradição: enquanto a cidade figura entre os maiores exportadores do estado, o retorno financeiro via CFEM segue limitado, acendendo o debate sobre a necessidade de mudanças na legislação para garantir um desenvolvimento mais equilibrado.

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