Artistas de Itabirito divulgam nota de repúdio ao decreto do prefeito que proibiu funk no carnaval

Por Redação Mais Minas

Um decreto de Orlando Amorim Caldeira (PPS), prefeito de Itabirito, trouxe muita polêmica durante o carnaval. Ele proibiu que “músicas definidas como funk e, de quaisquer estilos, que incitam a violência” fossem tocadas durante os dias de folia na cidade. Com isso, blocos, trios e palcos do município não puderam reproduzir músicas como o funk “proibidão”.

De acordo com a Secretaria de Patrimônio e Cultura da Prefeitura de Itabirito, a decisão do prefeito foi tomada a partir de uma orientação da Polícia Militar. E ainda, segundo a secretária Júnia Melillo, a intenção dele não era restringir um estilo, mas as músicas que tenham conteúdo que incentivem a violência.

Com isso, um grupo de artistas itabiritenses fizeram uma nota de repúdio ao decreto tomado pelo prefeito Orlando Amorim, alegando que a proibição do funk no carnaval é uma medida contra a liberdade de expressão.

“Repudiamos este artigo pois consideramos que censurar um estilo musical e consequentemente uma expressão artística não é uma forma eficaz e plausível para lidar com o problema da violência no carnaval da cidade. Além disso, o artigo fere diretamente o direito de liberdade de expressão presente no art.5°, inciso IV e à liberdade artística presente no art. 5º, inciso IX, ambos da Constituição Federal de 1988.”

E ainda, de acordo com a nota, a Polícia Militar, que havia orientado a prefeitura a realizar o decreto de proibir o funk, agiu de forma “truculenta” no sábado de carnaval (22), com a intenção de “dispersar os foliões ali presentes”. Segundo informado pelos artistas, o serviço de segurança utilizou de spray de pimenta, gás lacrimogêneo e da força assustando todos os cidadãos presentes.

Mais uma vez, nós pudemos ver mulheres, homens e principalmente a juventude sendo criminalizada e agredida no espaço tradicionalmente ocupado pelos jovens. Imagens mostram o cerco hostil formado pelo corpo policial e um jovem negro de 22 anos que foi espancado na presença de sua mãe por se recusar a entregar o celular usado para filmar os atos de violência.

Millena Muniz, atriz, palhaça e licencianda em teatro, membro do conselho da cultura no município de itabirito, conta que o grupo de artistas da cidade entrou em contato com a secretaria de cultura asssim que ficou sabendo do decreto.

“Quando soube da notícia, eu e alguns conselheiros procuramos por explicações com a secretaria de cultura. A secretaria marcou uma conversa para explicar, frisando que não foi uma reunião oficial e sim uma conversa. Nos foi explicado sobre os antigos decretos e sobre a situação atual. Queríamos entender e nos foi explicado. A Secretária Júnia se posicionou contra restrição de qualquer estilo. Então começamos a nos organizar para dar visibilidade ao assunto e como ele era inconsistente com o credenciamento feito com a prefeitura explicado na nota. A DJ Sara Boratti havia sido credenciada na modalidade funk e muito antes deste novo decreto foi contratada. Ela entre outros artistas se sentiram desrespeitados com o decreto”, conta Millena.

E ainda, representando o posicionamento dos artistas de Itabirito, Millena explica que é representante da sociedade civil no setor da diversidade dentro do conselho da cultura de Itabirito, e que o objetivo do movimento é evitar que novas proibições como essa se repitam.

“Nós artistas finalmente nos organizamos como sociedade civil para pressionar uma resposta a este artigo e evitar que novos decretos como esse venham a ser feitos não importa em qual governo. Arte é nosso trabalho. Compreendo que está é uma questão de todos os artistas. Não podemos permitir que algum artista sinta receio de se expressar”, alega a conselheira de cultura do município.

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