Atlético procurar por Dudamel mostra coerência, mas nem tanta

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O Atlético segue na busca por seu novo treinador, que comandará o time no ano de 2020. Após frustradas negociações com Jorge Sampaoli, o Galo passou a ter outro nome como alvo principal: o do venezuelano Rafael Dudamel, ex-goleiro, de 46 anos, e atual treinador da seleção de seu país.
No Brasil, frequentemente os times contratam treinadores sem um critério e isso acaba sendo prejudicial aos times no decorrer das temporadas. Só que, apesar desse ser um erro claro, os cartolas brasileiros insistem em cometê-lo. Neste fim de ano, isso ficou claro no caso do Palmeiras.
O time paulista terminou ligações com Mano Menezes, técnico reconhecidamente “retranqueiro” e, como primeira opção, foi atrás do argentino Jorge Sampaoli, conhecido por praticar um futebol ofensivo e arrojado. Até aí tudo bem, pois em viradas de temporada é sim normal querer mudar. O problema é que com a recusa de Sampaoli, o Palmeiras partiu para seu próximo alvo, que acabou assinando com o clube: Vanderlei Luxemburgo. Os dois nomes procurados simplesmente não tem nada a ver um com o outro. Formas de trabalho, estilo de jogo, geração, auges, trabalhos recentes, formação de elenco, tudo é completamente diferente entre os treinadores. A única coisa que os aproximou é o clube que os procurou.

Sampaoli

Após deixar o Santos, Jorge Sampaoli vem sido procurado por times brasileiros mas suas exigências causam estranhamento e assustam – Crédito da foto: Ivan Storti/Santos/Divulgação


Isso acaba mostrando um amadorismo tremendo, pois é mais seguro que os clubes definam uma filosofia de trabalho e sigam-na. Isso auxilia no perfil de contratação de atletas, na relação expectativa/realidade do torcedor e tudo mais. Alguns times europeus, como Barcelona, Borussia Dortmund e Manchester City seguem esse padrão e colhem frutos. As contratações pensadas dentro do estilo de jogo do time revelam jogadores e criam elencos enxutos. Afinal, não há aquela de tais jogadores treinador x trouxe e ficam encostados pois treinador y não gosta.

Dudamel

Atualmente o Atlético luta contra a corrente do futebol brasileiro e contra si mesmo para modernizar seu trato com o futebol. E a busca por um novo técnico para 2020 passa por isso. O primeiro nome com qual o Galo negociou foi justamente com Sampaoli, mas as exigências intermináveis e extravagantes do treinador impossibilitaram o acordo.
Sem Sampaoli, o Galo teve que mudar de alvo, e aí morava o perigo. O time seguiria um perfil de treinadores para negociação ou mudaria por completo? Bom, o time fez um pouco de cada. Após o não do primeiro nome, o Atlético voltou seus esforços para Rafael Dudamel.

Atlético procurar por Dudamel mostra coerência, mas nem tanta

Treinador fez ótimo trabalho nas seleções venezuelanas – Crédito da foto: Rodolfo Buhrer/Reuters

Semelhanças

Já apresentado no início do texto, Dudamel carrega algumas semelhanças e outras diferenças com Sampaoli. Primeiramente, a busca pelos dois nomes mostra uma semelhança animadora: a recusa em buscar medalhões brasileiros. Ambos os treinadores tem carreiras relativamente curtas, principalmente Dudamel, além de não serem do Brasil.
Os estilos diferentes do convencional brasileiro na forma de trabalho e exigência mostra um perfil parecido, visto que Dudamel entrou, recentemente, em rota de colisão com a Federação Venezuela por amadorismo na gestão. Coisa que muito treinador brasileiro aceita apenas para ter quem pague seu salário, como é o caso de Abel Braga, que fechou com o Vasco já avisado que não receberia em dia. As personalidades fortes também são características parecidas. Os dois serem treinadores de alto custo, recebendo grandes salários, mostram que o Atlético pensa em investir forte na função de treinador.

Diferenças

Mas as semelhanças param por aí. Os estilos de jogo de Sampaoli e Dudamel são totalmente diferentes, o que simboliza uma falta de coerência talvez naquilo que seja a principal assinatura de um trabalho. A seleção venezuelana, comandada por Dudamel é considerada uma equipe defensiva. Mas isso também pode se dar pelo material humano disponível.
Ao contrário de Jorge Sampaoli, Dudamel não tem experiência no futebol brasileiro. Caso feche com o Atlético, esta seria sua primeira empreitada. O histórico de trabalho dos dois técnicos também é bem diferente. Sampaoli já treinou times grandes na América do Sul, já comandou a seleção argentina e já treinou o Sevilla, na Europa. Já o comandante venezuelano tem apenas ps modestos Estudiantes de Mérida e Deportivo Lara como clubes que comandou, além de seus trabalhos na seleção da Venezuela, primeiro no sub-17 e sub-20 e depois na principal.
As conversas entre o Galo e o treinador seguem sem definição e os altos vencimentos de Dudamel são o principal entrave. Resta esperar e saber se essa foi uma escolha pensada e planejada ou se foi apenas seguir a onda de contratar treinadores estrangeiros para o futebol nacional. Só o tempo, ou os próximos movimentos da diretoria atleticana, dirá.
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