Atlético: Sette Câmara fala sobre dívida, torcedor e planos para 2020

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O presidente Sérgio Sette Câmara concedeu entrevista coletiva surpresa no centro de treinamento do Atlético na manhã desta quinta-feira (24). Muitas dúvidas sobre o clube foram respondidas ao longo de mais de uma hora e 30 minutos de fala. Os jornalistas ouviram sobre o atual momento financeiro do clube, contratações, elenco, polêmica envolvendo a torcida e patrimônios.

Plano de Ação

O presidente do Atlético abordou a questão financeira do clube, que parece ser o principal motivo para entender a atual situação do time que ocupa a 12° posição no Campeonato Brasileiro e soma seu segundo ano consecutivo não disputando nenhum título durante a temporada.
“O que mata o Atlético é o endividamento de anos e anos que continua a crescer. Já foi de 500, 600, 700 (milhões). Se paga aí alguma coisa em torno de 66 milhões de reais de juros e encargos. Dinheiro que poderia ser aplicado no futebol”, disse Sérgio Sette Câmara sobre a dívida do clube.
A partir daí, o presidente do time alvinegro disse que conhece o tamanho do buraco em que as finanças do Atlético se encontram. E que, junto do Conselho Deliberativo e o Paulo Braz, funcionário da gestão financeira do clube, estão propondo um plano de ação para conseguir a estabilidade das despesas.
Dentro deste plano de ação, o presidente disse que iniciou um trabalho com a empresa Ernst & Young, que presta serviços de auditoria, elisão fiscal, consultoria e transações corporativas. Ela tem sede em Londres e também trabalha com Athletico-PR, São Paulo, Palmeiras, Santos, RB Brasil, Fluminense, Grêmio, Inter e Flamengo.
Ainda, Sette Câmara disse lamentar a fase do time na temporada. “Queria muito que a solução (financeira) acontecesse ao mesmo tempo dos resultados, que estivéssemos disputando títulos, mas infelizmente não dá pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Infelizmente, não dá pra ser assim”.

Elenco 2020

Sobre o planejamento para 2020, o presidente disse que irá rejuvenescer o elenco, consequentemente alguns jogadores devem ir embora. E que o diretor de futebol Rui Costa já montou o planejamento para o ano que vem, mesmo não sabendo quem irá assumir o cargo de treinador na próxima temporada. “O Rui Costa já apresentou o planejamento (do elenco) pro ano que vem. É um negócio que está em movimento. O treinador dá opinião (sobre contratação), mas a gente define naquilo que nós entendemos que é melhor pro clube. Treinador passa, o clube fica”, destacou Sette Câmara.
E ainda, sobre sondagens quanto ao jovem goleiro Cleiton, criado nas categorias de base do clube, o presidente disse que nenhum jogador é inegociável, mas que para tirar o jogador do Atlético custa caro. “A chance do Cleiton sair é o Bragantino vir aqui e pagar o preço que vamos pedir. E é bem caro. Ou seja, difícil. Mas nenhum jogador aqui é inegociável. Vamos pedir 20 milhões de euros. Se pagar, leva”.
Além disso, Sette Câmara afirmou que outros jogadores das categorias de base devem subir. “O trabalho na nossa base já começa a dar resultado. O trabalho vai surtir efeito com certeza absoluta. O jogador já é formado pra ser um jogador com princípio que todos os jogadores do Atlético tem que ter. A base é nosso tesouro”.
Sobre contratações, o presidente foi bem sincero em dizer que não há recursos para comprar jogadores, mas que irá usar a velha prática do escambo, trocando atletas do seu plantel que são valorizados no mercado.
Saiba os jogadores que estão em fim de contrato com o Atlético aqui.

Torcida x Presidente

A torcida do Atlético têm se manifestado cada vez mais, nas ruas e em redes sociais, a insatisfação com a gestão do atual presidente do clube. O que trouxe algumas polêmicas dentro dos estádios, em que torcedores foram parados por seguranças e obrigados a retirar placas, faixas e camisas que continham conteúdo de protesto contra Sérgio Sette Câmara. “Nunca mandei virar faixa de ninguém. Nunca. Não partiu de mim essa ordem. Tenho muitas coisas pra cuidar no Atlético. São coisas tão importantes que as pessoas não têm ideia”, disse Sérgio.
Apesar disso, também confessou já ter sido ameaçado por torcedores. “Eu acerto, erro, mas não tenho culpa de um pênalti perdido. A gente podia estar na final da Sul-Americana. Vejo um ódio muito grande. Eu tenho direito com cidadão (de processar) quando sou ameaçado. É meu direito de me defender”.
Mas também respondeu que nem tudo que há de errado no clube é sua culpa. “Não posso ser culpado pela pipoca fria do estádio, pela cerveja quente. Estou sendo culpado por tudo. Não é assim. Tem coisa boa também. Estamos tentando organizar o clube. Com gente competente. E acho que sou uma pessoa competente”, defendeu-se Sette Câmara.

A torcida "comemorou" o gol cobrando do presidente Sérgio Sette Câmara.
O portão 2 sempre citando Sette e Rui Costa nos protestos.
O portão 6 gritou contra Elias. pic.twitter.com/qZBVUABa0O

— Fael Lima (@faelslim) October 13, 2019

Como tirar o Atlético desta situação?

Ao decorrer da entrevista coletiva, o presidente do Atlético foi abordado quanto a questão da venda do Shopping Diamond Mall, no qual 50% do passe pertence ao clube mineiro, para ajudar a quitar as dívidas. “Vender patrimônio é, sim, um dos caminhos que o Galo tem pra quitar dívidas. Mas não o único. As ideias serão discutidas”, afirmou Sérgio Sette Câmara.
E, ao final da entrevista, o presidente disse que sua gestão de austeridade, que foi tão criticada e os planos de gestão econômica em geral, são parte de uma recuperação de um time que é um dos mais endividados do país. Além disso, também disse que é profissional em recuperação de empresas, já atuou no ramo, e que vai levar o Atlético ao patamar de cima do futebol brasileiro.
“Estamos construindo um Atlético que vai ser protagonista. O Atlético vai ser um grande protagonista. Eu garanto. Sou advogado, trabalho com recuperação de empresas. O Atlético não é um clube falido. Está passando por situação complicada, mas tem solução”, disse Sérgio Sette Câmara.