Na coluna desta quinzena, minha vontade pessoal era poder abordar o risco que toda a democracia brasileira está correndo nestas eleições para a presidência ou ainda destacar a importância do professor num cenário de sucateamento do ensino público em detrimento do privado, entretanto, a situação local, mais uma vez nos faz ter que tomar posição, deixando, infelizmente, temas gerais para serem abordados numa próxima coluna.
Na última quinta-feira dia 11 de outubro, véspera de feriado e da famosa “festa do 12”, curiosamente no mesmo dia do lançamento da Frente em Defesa da Democracia da Região dos Inconfidentes (liderada pela Frente Brasil Popular), o prefeito Júlio Pimenta, de maneira totalmente autocrática e arbitrária, assinou o decreto que aumenta as passagens de ônibus da área urbana de Ouro Preto em 50 centavos.
Causa surpresa uma ação dessas da maneira como se deu, afinal de contas estamos no meio do processo de licitação para o transporte viário municipal. Além disso, é preciso levar em conta outras manifestações populares contrárias a essa medida, com destaque para a rejeição dessa mesma proposta no Conselho Municipal de Trânsito, onde poder público, empresariado e sociedade civil organizada debatem mensalmente essa e outras pautas de interesse da população.
A medida tomou de surpresa também diversos vereadores, da oposição e da situação. Entre os que se posicionaram publicamente, destacam-se Chiquinho de Assis (PV), que apareceu nas redes sociais no mesmo dia questionando a medida e Geraldo Mendes (PCdoB), que entregou a liderança do governo em protesto, tanto ao absurdo aumento, como também pela falta de diálogo do prefeito com os edis.
O clamor popular de rejeição a esse decreto foi tamanho que, como forma de minimizar o estrago feito, a prefeitura se pronunciou na terça feira dia 16 de outubro anunciando o corte de três secretarias para minimizar os gastos com folha, em especial pela falta de repasses dos governos federal e estadual. Entretanto, apesar da medida ser interessante, não encobre a inexplicável ação de aumento das passagens.
Em meio a uma crise política e econômica nacional nunca antes vista (refletindo inclusive nos rumos das eleições deste ano) e uma cidade com níveis de desemprego altíssimos, qual a justificativa para colocar, mais uma vez, nas costas do trabalhador o ônus por um caos que ele não é o responsável?
É lamentável imaginar que cerca de dois anos atrás elegeu-se uma gestão municipal para combater exatamente mandos e desmandos similares aos que se observa agora. Qual a lógica disso? Trocou-se as peças mas manteve-se o mesmo jogo? Não é possível!
Como forma de protesto, mais uma vez os movimentos populares saem as ruas cobrando a revogação desse decreto, lotando a reunião da câmara de vereadores no dia 16 de outubro e debatendo com os vereadores soluções para esta medida descabida.
Sempre é tempo de se repensar as ações, jogar para o povo uma conta que não é dele, não é só injusto, como é absurdo. Portanto, me somo aos que são contrários a esta medida pedindo publicamente: Revoga prefeito! Não ao aumento do busão!
Até a próxima.
Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe) é Biólogo e Professor, Especialista em Gestão Ambiental e Mestre em Sustentabilidade. Atualmente é Doutorando em Evolução Crustal e Recursos Naturais pela UFOP/MG e Membro da Direção Eixo Sudeste da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (EcoEco).