As irmãs belorizontinas Marina, Flávia e Lúcia Ferraz abrilhantarão a grande final do Festival Gastronômico de Itabirito no próximo domingo, 16. Com mais de 20 anos de carreira, o Trio Amaranto leva releituras de grandes compositores brasileiros para o palco do Complexo Turístico da Estação.
A disputa culinária elegerá os três melhores pratos produzidos por estabelecimentos da região. Também haverá o prêmio Toninho Didalva. O paladar que irá selecionar os campeões será o popular. As notas da comissão julgadora também serão consideradas.
As iguarias poderão ser apreciadas durante o evento. A noite terá boa música e comida afetiva e claro a expectativa dos restaurantes participantes e grande público em saber quem levará a melhor.
Trio Amaranto
O Trio Amaranto lançou recentemente o show comemorativo “Amaranto 25 Anos”, gravado em agosto de 2023, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Entre as canções revisitadas estão “Curumim”, de Djavan, “Canção da Partida”, de Dorival Caymmi, “Penny Lane”, de John Lennon e Paul McCartney.
As irmãs Ferraz são conhecidas pela harmonização das vozes e brasilidades no repertório. Um show com arranjos musicais de extremo bom gosto e sonoridade experimental, que dialoga com o jazz é o que o público itabiritense pode esperar para este domingo.
Confira a entrevista com Marina, do Trio Amaranto na íntegra
Mais Minas: Sabemos que vocês são irmãs, gostaria de saber em que momento vocês decidiram, “vamos cantar juntas, montar um projeto”?
Marina Ferraz – Trio Amaranto: “Nós cantamos juntas desde meninas, com as nossas invencionices. Teve um momento em que o projeto se tornou de fato formal, pois a gente sempre se envolveu com o canto de forma muito prazerosa, mas teve o momento sim da escolha profissional que veio de modo muito natural.
Flávia e Lúcia tinham uma banda, formada na adolescência, “Flor de Gal”. Essa banda terminou num período próximo em que a Flávia, a mais velha, tinha que delimitar melhor os passos profissionais, em função da idade dela mesmo. Ela estava quase concluindo o curso de comunicação social, já era professora de música, aliás as duas, Lúcia também é.
Então nesse momento mais decisório da vida da Flávia, a banda já tinha acabado e a gente montou um repertório, nós três, para podermos realizar em bares de Belo Horizonte. Foi nesse ponto em que eu (Marina), já estava com meus 16 anos. Aos 17 anos a gente formalizou para a gravação do nosso primeiro álbum que foi o “Retrato da Vida”, em homenagem às canções do Djavan”
Mais Minas: Como você enxerga a vida do artista brasileiro nos tempos atuais, com tanto conteúdo musical efêmero?
Marina Ferraz – Trio Amaranto: Não só a vida do artista brasileiro vem sendo comprometida com essa questão da efemeridade da vida. Acho que de modo geral o ser humano tem sofrido com isso, nas relações humanos, de tudo evaporar muito rápido, do sentido se perde muito facilmente. É uma questão que abala a todos nós e deve ser repensada.
E a arte está aí pra colocar essas questões no mundo também, pra trazer com mais responsabilidade essa questão, da gente puxar o ser humano, puxar as pessoas para tentarem voltar a si próprias, pra esse lado tão profundo do ser humano, que traz tanta satisfação e plenitude na vida, que é a gente fazer aquilo com entrega, com presença.
Através da nossa arte, a gente precisa trazer de algum modo mostrar esse caminho da importância do real, desse real encontro das pessoas. Tem um comprometimento grande para todas as pessoas. Penso que pra arte tem realmente essa dificuldade gigantesca, porque os conteúdos e aquilo que a gente coloca no mundo de forma mais complexa, mais refletida e mais pensada isso às vezes demanda um trabalho maior e rapidamente se perde, acaba que os trabalhos mais banalizados às vezes atingem de forma mais fácil também. O trabalho que demanda essa relação mais profunda com a arte ele tem sofrido mais com isso. A gente que tem essa consciência precisa fazer um esforço enorme pra alcançar as pessoas, pra fazer a gente existir por mais tempo. Então a demanda do aritsa está um trabalho gigantesco, com uma coisa que não é natural ao artista, demanda uma produção intensa, uma presença visual intensa e isso é muito desgastante.
Mais Minas: Quais são as influências do trio? Tem alguma (algum) artista inspiradora (or)?
Marina Ferraz – Trio Amaranto: Por sermos um trio e as três integrantes da mesma família, nós bebemos muito da mesma fonte. Da mpb, dessa mpb consolidada, de peso: Chico Buarque, Tom Jobim, Milton Nascimento, Djavan, Gal Costa, Elis Regina, Caetano Veloso, essa galera toda aí que se eternizou.
Nós temos uma referência muito forte, da origem do nosso pai, do sertão do Pernambuco. Embora tenha vindo muito novo pra Minas Gerais, aos 8 anos. A gente recebeu influências fortíssimas do nordeste, da nossa família que vinham visitá-lo.
A gente teve influências muito fortes também, de Elvis Presley, já na adolescência com os amigos, os Beatles, The Platters, que também foi mais do nosso pai. Foram muitas as referências, é até difícil de citar. Pessoalmente cada uma se inspira em fontes próprias porque tem as particularidades de cada uma, fica até difícil de dizer.
A Flávia tem demais um vínculo com a bossa nova, João Gilberto. A Lúcia tem uma coisa muito forte com as músicas dos anos 80. Eu (Marina), tenho uma ligação muito forte com o Djavan, com o Guilherme Arantes. São muitas referências mesmo, prefiro parar por aí (risos).
Mais Minas: Qual é a expectativa de vocês para o show em Itabirito?
Marina Ferraz – Trio Amaranto: Nossa! A gente tá com uma excelente expectativa pro festival em Itabirito. É sempre muito bom quando tem essa conexão de música com gastronomia. A gente fica muito feliz é realmente apurar essa área da sensibilidade, dos sentidos e a gente acredita que os sentidos quanto mais apurados mais eles se abres pros outros sentidos. Então música e gastronomia pra nós é um encantamento.
É uma alegria contar com toda a banda que a gente fez o show de 25 anos de Amaranto, que é uma banda sensacional, então pra nós é muita emoção poder estar no palco com essa banda linda que nos acompanha: Tabajara Belos, Renato Saldanha, Quico Mitri, Elton Lima, vai ser lindo demais!
Mais Minas: Nós sabemos que vocês lançaram um show comemorativo no YouTube recentemente, o “Amaranto 25 Anos”, já temos outro projeto a vista?
Marina Ferraz – Trio Amaranto: Esse lançamento tem nos dado muita alegria, pois é uma forma da gente reviver as emoções daquele dia e também ter esse material pra quem não foi poder acessar. A gente tem tido um excelente retorno das pessoas. É muito interessante que o acesso possa ser feito dessa forma.
Foi um material lindíssimo gravado pelo Bendita Conteúdo e registrado, o áudio, pelo Cabelo. É um material pra nossa vida mesmo, pra memória do Amaranto e a gente deixar esse registro é também uma forma de eternizar nossa carreira, nossos arranjos.
A gente agora tem um projeto novo, que a gente fez um show agora: “Amaranto e Tabajara Belos”, com músicas de Vinicius de Moraes e seus parceiros, o “Show Vinicius”.
Estamos em um momento de muito agradecimento pelo tempo já vivido e pelos projeto que a gente tem a produzir.
Mais Minas: Por que Amaranto?
Amaranto vem aí da família amaranthaceae, das flores, têm diversas espécies de amaranthus e a sempre viva, inclusive é uma delas. Quando a gente foi registrar o nosso nome, na época era Rosa dos Ventos, ele tava com impedimento e a gente gostou muito desse nome dado pelo músico Carlos Ernest Calota. A gente gostou muito por esse símbolo do que é eterno, é uma flor que quando é arrancada da terra ela não perde o viço com facilidade e nem a cor e a gente acredita que a música tem esse poder também, de se eternizar nos momentos de cada um.
Mais Minas: Considerações finais.
Marina Ferraz – Trio Amaranto: A gente queria agradecer ao portal Mais Minas por essa entrevista. É sempre um momento gostoso de voltar às nossas histórias e resgatar essas lembranças, então muito obrigada pelas perguntas e a gente espera pelo próximo encontro!
Trio Amaranto em Itabirito
Dia: 16/06
Hora: 21h
Local: Complexo Turístico da Estação
Banda:
Vozes: Amaranto.
Violão de nylon e guitarra: Tabajara Belo.
Violão de nylon e aço: Renato Saldanha.
Baixo: Kiko Mitre.
Bateria: Helton Lima.
Vanessa da Mata
No sábado, a principal atração musical será Vanessa da Mata, que levara ao público muitos dos seus sucessos ,como “Amado”, “Boa Sorte”, “Não me Deixe Só” e muitos outros hits.