Todo ano é a mesma coisa: quando chegamos ao meio do ano os reservatórios estão vazios e começa a acontecer racionamento hídrico. Tem bairros em que a água potável chega de madrugada, outros no meio da tarde e até mesmo alguns locais que só recebem este recurso vital de dois em dois dias em suas residências.
Obviamente que situações como esta que fazem com que o cidadão comum tenha que adaptar seu relógio biológico aos parcos momentos em que este bem natural está presente, mudando horários de lavagem de roupa, banho e até mesmo de fazer comida, causando enorme transtorno. Entretanto cabe a pergunta: Por que isto acontece em cidades com tanta riqueza hídrica como as de nossa região?
Culpar São Pedro pela falta de chuva obviamente não faz o menor sentido, mas muitas vezes é comum observar isso quando alguns “entendidos do assunto” colocam como fator principal deste problema crônico a mudança do regime pluviométrico em nossa terra, uma grande bobagem para ocultar os verdadeiros culpados.
Os motivos reais deste problema são basicamente dois: poucas ações efetivas de educação ambiental e políticas públicas eficientes de gestão hídrica. Sobre o primeiro tema falarei na coluna de hoje, já o segundo, que abordarei mais profundamente, ficará para a próxima.
Acerca da falta de educação ambiental, é simples de se observar sua falta ao rodar por qualquer das cidades aqui da região dos Inconfidentes, pois o desperdício de água é algo assustador! Gente lavando a rua, mangueira ligada a esmo, limpeza de automóveis sem o uso de baldes, enfim…
Temos um problema crônico sobre a falta de compreensão de parcela significativa da população acerca do uso responsável dos recursos hídricos, isso é fato! Projetos de sustentabilidade socioambiental como ações de conscientização no dia mundial da água acontecem anualmente nas escolas, mas ainda não apresentam efeitos significativos de mudanças reais de atitude na comunidade.
Obviamente que ações educativas não apresentam fruto em curto prazo, nem tampouco defendo o fim destas, entretanto penso que projetos e ideias sustentáveis como esta precisam acontecer em outras instâncias além das escolas. Diversas empresas de grande porte tem trazido este tema para fazer parte de suas políticas de sustentabilidade, será que não seria hora do comércio local fazer o mesmo?
Uma medida simples que poderia contribuir com isso, em Ouro Preto, por exemplo, onde existe uma tarifa básica fixa de água a ser paga mensalmente, seria a cobrança proporcional ao uso deste bem por parte das empresas e comércios, afinal as taxas de uso de água para ambos, quando não se leva em conta seu uso, pode ser extremamente barato para alguns ou caro para outros, resolver esta dicotomia é fundamental, pois o valor irrisório a ser pago pelo empresário contribui sobremaneira para falta de ações que coíbam o uso irresponsável do nosso mais precioso recurso hídrico!
Comerciante e empresário que usa mais, paga mais! Comerciante e empresário que usa menos, paga menos! Não é justo? Simples assim!
Até a próxima.