Belo Horizonte será mais uma das cidades a homenagear a cicloativista e pesquisadora de mobilidade, Marina Harkot, morta após ser atropelada enquanto pedalava em uma avenida de São Paulo, no domingo (8). O motorista fugiu sem prestar socorro. O episódio trouxe de volta a reflexão sobre o lugar que ciclistas ocupam no trânsito. O ato em memória à Marina e ao seu ativismo terá, ainda, o objetivo de reivindicar mais respeito a quem pedala. A concentração da bicicletada será às 18h, na Praça da Estação, e seguirá por vias centrais a partir das 19h.
A cicloativista Amanda Corradi, integrante da Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo), conheceu Marina e reconhece a importância da pesquisadora para o movimento. “Queremos manifestar a dor pela perda de uma pessoa brilhante que nos ensinou muito, contribuiu muito com a luta por cidades mais humanas, e também manter viva sua memória e seus trabalhos para que não seja em vão tudo isso que aconteceu”.
Em cima da bike tem uma vida
Na última década, mais de 13 mil ciclistas morreram no país, sendo 60% por atropelamento, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). O levantamento aponta que a falta de estrutura para a bicicleta nos centros urbanos é um dos principais motivos para esses números, além do desrespeito de motoristas que é ainda maior quando se trata de ciclistas mulheres.
“O ato mostra a importância de humanizar, reforçar que em cima de cada bicicleta tem uma pessoa com planos, família, laços, sonhos e que é inaceitável que uma vida seja interrompida bruscamente. Para mudar a estrutura, precisamos continuar lutando pela implementação de políticas de mobilidade que garantam mais segurança para nós. É um processo contínuo, e a contribuição da Marina sem dúvidas está e estará conosco”, conta Amanda.
O ato terá a performance ‘Ghost Bike’, da artista e cicloativista Bruna Caldeira, que pintará sua bicicleta de branco e pedalará como um fantasma, representando as e os ciclistas assassinados no trânsito. Além disso, será distribuído material educativo para motoristas e pedestres e instalada uma “ghost bike” (em português “bicicleta fantasma”), no cruzamento das Av. do Contorno e Cristóvão Colombo, onde, em 2016, o ciclista Rodrigo Barbosa morreu ao ser atropelado por um ônibus.