O futebol é talvez o mais imprevisível dos esportes. Não há fórmula 100% certa de vitória e nem a certeza da derrota. Mas por outro lado existem caminhos que encurtam a distância para o sucesso e disso que tratarei hoje. Até porque após a dolorosa eliminação para o Boca Juniors, na Copa Libertadores da América, o cruzeirense está ciente que alguns fatores precisam ser considerados para que o time feche 2018 com mais uma taça em sua extensa galeria.
Vou listar aqui três fatores que considero mais importantes que o Cruzeiro leve em conta para as finais contra o Corinthians. Confira:
Jogar sem a vantagem
O Cruzeiro de Mano Menezes é um time acostumado a não ter que correr atrás do prejuízo em seus embates. Frequentemente decidindo em casa, a equipe celeste espera o adversário vir para cima no jogo de ida, liquida os jogos com seus mortais contra-ataques e em casa apenas segura o ímpeto do adversário.
Mas agora a situação é diferente. Jogando a primeira partida em casa e tendo um adversário tão reativo quanto, se não ainda mais, a postura terá que ser outra. O Cruzeiro sofrerá na pele o estilo de futebol a que impõe seus adversários. Para se ter noção, no jogo de ida contra o Flamengo, pelas semifinais da Copa do Brasil, disputado na casa do rubro-negro, o Corinthians teve duas finalizações durante toda a partida, sendo que nenhuma delas foi em direção ao gol. O time paulista não levantou uma bola na área. Tratou de fechar a casinha e levar a decisão para Itaquera, onde saiu vitorioso.
Na eliminação para o Boca, o Cruzeiro veio para segundo jogo no Mineirão precisando reverter um 2 a 0, e apesar de jogar melhor que os argentinos, faltou muito futebol para o time mineiro. A dificuldade de construir um jogo ofensivo acabou custando caro à equipe celeste que incomodou o goleiro adversário muito menos do que deveria.
Com isso, o Cruzeiro precisará ser mais que um time reativo e atacar melhor do que ataca sob o comando de Mano Menezes. Mas isso é questão para o próximo tópico.
Produção ofensiva
Já foram levantadas diversas hipóteses para explicar o mau desempenho ofensivo do Cruzeiro. Problemas de finalização, histórico do treinador, falta de qualidade no ataque…
Mas hoje parece claro que o problema ofensivo celeste é a baixa produção nessa fase do jogo. O time contra-ataca muito bem, quando o adversário dá espaços. Mas quando o rival não dá campo ao Cruzeiro, os jogadores celestes não conseguem criar essas brechas.
Não sei se é falta de treinamento, foco excessivo na defesa, responsabilidades defensivas em demasia aos atletas. Mas o que se vê é um time que finaliza pouco, principalmente de média distância, que ataca em blocos com poucos jogadores e que lateraliza demais suas jogadas ofensivas, mesmo não tendo um centroavante enfiado, que seja bom cabeceador.
O Cruzeiro parece um time extremamente coeso na transição defesa/meio de campo, mas que não consegue ter a mesma competência no ataque. Quando a bola chega no último terço do campo, o que se vê são aberturas para os laterais e seja o que Deus quiser nos cruzamentos. Um jogo assim no Mineirão é tudo que o Corinthians quer.
Função dos atacantes
Outro ponto que tem que ser discutido é o papel dos centroavantes celestes no time. Talvez os problemas da posição mais criticada no Cruzeiro, onde todos os que jogaram passaram por altos e baixos, não venha por simples deficiências dos atletas e sim do estilo de jogo da equipe.
Juntos, Fred, Raniel, Sassá e Barcos somam 20 gols. Ricardo Oliveira, atacante do rival Atlético-MG sozinho tem os mesmos 20 gols, com seu time sendo eliminado muito mais cedo que a equipe celeste das competições disputadas e tendo um elenco menos qualificado
Analisando somente os dados, é plausível acreditar que os quatro camisas 9 do elenco celeste sejam inferiores ao artilheiro rival, mas quem acompanha futebol o dia-a-dia sabe que as coisas não são bem assim. E qual é a explicação para esses números? Bom, não é fato raro ver Barcos desarmando na entrada da área, Raniel dando combate na intermediária defensiva e Sassá brigando feito um louco em qualquer saída de bola adversária. Fred, por sua vez, ainda não atuou com frequência suficiente para ser avaliado. Os centroavantes celestes parecem ter mais obrigações defensivas que ofensivas e isso certamente influencia nos números. Esperar que o atacante, após roubar uma bola em sua linha de fundo defensiva, chegue para finalizar o contra-ataque é no mínimo super otimista.
Lembrando que esse é um texto de opinião e que o futebol é totalmente imprevisível. O Cruzeiro pode mudar em nada sua forma de atuar e sair vencedor, do mesmo modo que pode se lançar ao ataque e levar uma goleada. Mas também temos de concordar que, atuando em casa primeiro, uma vantagem no placar e imprescindível e para construir essa vantagem sobre um time ultradefensivo, o Cruzeiro precisará de muita criatividade e precisão.