Na última quarta-feira (15), a CBF anunciou que o Brasil disputará um amistoso contra o Marrocos no próximo mês. A Copa do Mundo marcou o fim da Era Tite, que ainda não tinha um sucessor definido. Por conta disso, Ramon Menezes, técnico da categoria sub-20 da Seleção Brasileira, foi definido como treinador interino e estará no comando no amistoso contra os africanos no dia 25 de março.
Meio-campista teve carreira de destaque
Nascido em Contagem, o mineiro Ramon Menezes foi formado nas categorias de base do Cruzeiro. Foi no time mineiro onde iniciou sua carreira profissional e contribuiu para a histórica década de 90 celeste. Lá, venceu o estadual, a Copa do Brasil e duas edições da Supercopa Libertadores. Em sua longa carreira, ainda passou por diversos outros clubes, como Bahia, Vitória, Bayer Leverkusen, Vasco, Atlético Mineiro, entre outros.
Foi no Cruzmaltino onde mais fez sucesso. Ele esteve no elenco que marcou época no futebol brasileiro entre 1997 e 2000. Entre suas principais conquistas, estão o Brasileirão 1997 e a Libertadores 1998. Ramon se destacava por ser um meia incisivo, que tinha boa finalização, ótimo passe e chegava bastante à área, por isso sempre teve um alto número de participações diretas (gol e assistências).
Jornada como treinador conta com demissões recentes
Em 2013, aos 41 anos, Ramon terminou sua carreira como jogador profissional atuando pela Cabofriense. A partir dali, iniciou sua caminhada rumo à carreira de treinador. Ainda em 2013, fez estágio com Oswaldo de Oliveira, que treinava o Botafogo na época. Depois disso, rumou para o Joinville, onde foi auxiliar na comissão técnica de Hemerson Maria e fez parte da campanha do histórico título da Série B de 2014. Seu primeiro trabalho como treinador foi no modesto goiano ASEEV, onde conquistou o título da terceira divisão estadual em 2015.
Passou por Anapólis (duas vezes, por sinal), Guarani de Divinópolis, Joinville e Tombense. Nesse período, recebeu como missão salvar alguns desses clubes de rebaixamentos a nível estadual e nacional, mas falhou. Começou a receber projeção quando foi contratado pelo Vasco no final de 2018 como auxiliar técnico permanente. Quando Abel Braga foi demitido em março de 2020, Ramon foi efetivado ao ser considerado uma solução caseira e de baixo custo. O futebol ficou paralisado por alguns meses por conta da pandemia do coronavírus e quando voltou, o Vasco de Ramon surpreendeu a todos ao jogar um bom futebol e emplacar cinco vitórias seguidas. O time era pragmático e jogava em um 4-2-3-1.
O clube chegou até mesmo a liderar o Brasileirão e os torcedores se diziam ‘ramonizados’. Porém, o conto de fadas durou pouco e ele foi demitido em outubro daquele ano. Na sequência, passagens também curtas por CRB e Vitória, até chegar na Seleção Brasileira Sub-20 em março de 2022. O sucessor de André Jardine tem 15 jogos no cargo, com dez vitórias, três empates e duas derrotas. Os ótimos números foram coroados com o título do torneio sul-americano da categoria na semana passada. Aliás, vale a pena ficar de olho para ver se nomes como Andrey Santos, Robert Renan e Vitor Roque, que se destacaram no torneio, não pintam na convocação dele na seleção principal.
Rival pode servir como inspiração
É verdade que as chances de uma efetivação são baixíssimas, mas Ramon Menezes pode se espelhar no atual campeão mundial Lionel Scaloni. O argentino assumiu o comando da Albiceleste em 2018 após o fracasso retumbante de Jorge Sampaoli na Copa da Rússia, mas até então era tido como um ‘tampão’. Foi ficando, ficando, ganhou uma Copa América em pleno Maracanã, a ‘Finalíssima’ em Wembley e se imortalizou em dezembro ao conquistar a terceira Copa do Mundo dos ‘hermanos’. Não tem como não traçar essa comparação, apesar de, mais uma vez, ser altamente improvável que Ramon tenha vida longa no cargo pela seleção principal.