Passados mais de três meses do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, um corpo em seu estado completo, ou seja, sem separação de nenhum membro e com materiais necessários para sua identificação, foi encontrado sob a lama pelo Corpo de Bombeiros.
O resgate deste corpo foi realizado em 21 de abril, domingo de Páscoa, e a identificação da vítima foi realizada pelo Instituto Médico-Legal (IML) no dia seguinte. A informação sobre a condição de do corpo foi confirmada apenas na última quinta-feira (02) pela Polícia Civil.
O fato causou surpresa aos legistas, uma vez que, prestes a completar cem dias da tragédia, os corpos tendem a ficar cada vez mais deteriorados.
Segundo Ricardo Moreira Araújo, chefe da seção de tanatologia forense do IML, cerca de 151 vítimas da tragédia apenas foi possível por meio dos fragmentos encontrados e não pelos corpos inteiros.
Condição úmida e argilosa do solo pode ter permitido o estado de conservação do corpo
Os métodos de identificação das vítimas incluem a análise de digitais, um dos mais difíceis devido ao tempo decorrido, mas que foi realizado na vítima em questão; o reconhecimento por arcada dentária, exames antropológicos e o exame de DNA.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas (ABMLPM) e professor de medicina legal da Universidade de São Paulo (USP), Ivan Dieb Miziara, o que pode ter permitido o estado de conservação do corpo foi o efeito do solo sob a matéria orgânica. “o corpo, provavelmente, sofreu um processo transformativo chamado saponificação. Acontece em solos úmidos e argilosos. É como se o corpo virasse um sabão. Fica conservado dentro do próprio solo”, afirmou.
Até o presente momento 233 corpos foram encontrados, sendo que apenas 82 deles se encontravam na mesma situação. O Corpo de Bombeiros ainda faz buscas por 37 pessoas consideradas desaparecidas após o rompimento da barragem.